O Flamengo aumentou para R$ 50 o preço do ingresso (inteira, sem o desconto do sócio torcedor) menos caro para seu próximo jogo no Rio de Janeiro. O adversário será o Corinthians, que pratica os valores mais elevados da Série A do Campeonato Brasileiro. O tíquete para os cotejos do clube mais popular de São Paulo são 80% mais caros do que os comercializados pelo de maior torcida do país (veja abaixo).
Os torcedores do Flamengo têm motivos para reclamar.
Apesar das gratuidades que caracterizam os jogos de futebol no Rio de Janeiro (lei estadual garante entrada franca a menores de 12 anos e maiores de 60), não são poucos os que compram ingressos “cheios”. Em Flamengo 0 x 1 Grêmio, dos 51.858 pagantes que decretaram novo recorde de público do campeonato, 41% desembolsaram as quantias máximas estipuladas nos setores onde ficaram. Ou seja, não tinham carteira de estudante, tampouco eram sócios-torcedores, o que lhes asseguraria meia-entrada.
Quem tem os dois descontos paga “meia-da-meia”. No caso dessa partida, foram R$ 10 nos setores atrás dos gols. Os sócios-torcedores eram 11.766 (23% dos pagantes) contra 21.108 que desembolsaram 100% do valor do ingresso. Fica claro que o programa criado pelos dirigentes da Gávea ainda tem muito a crescer. Mas para isso é preciso melhorá-lo, pois os benefícios são escassos e as vantagens tão pequenas que uma parcela insignificante dos milhões de rubro-negros a ele aderiu.
Preço médio dos ingressos (em R$)
Corinthians 63,96
Atlético-PR 62,34
Botafogo 42,29
Cruzeiro 42,21
Internacional 39,98
Palmeiras 35,69
Flamengo 35,40
Grêmio 33,50
Goiás 31,51
Bahia 28,54
Santos 24,52
Atlético-MG 23,51
São Paulo 22,21
Coritiba 21,81
Sport 19,99
Chapecoense 19,73
Figueirense 19,62
Fluminense 18,71
Criciúma 18,23
Vitória 14,83
Reajustar de R$ 40 para R$ 50 o ingresso das arquibancadas norte e sul (atrás dos gols) do Maracanã para a peleja diante dos corintianos foi uma traição da diretoria do Flamengo. Com os valores praticados até o jogo diante do Grêmio, desde a chegada de Vanderlei Luxemburgo, que marcou a reação do time, foram 168.579 pagantes em quatro compromissos pelo Brasileirão. Média de 42.144.
E nos dois primeiros jogos com a volta do treinador, que marcou a reação do time no campeonato, o Flamengo era último colocado na tabela de classificação. O apoio da torcida no Maracanã valeu nove pontos em 12 possíveis na série A. Houve ainda os 3 a 0 sobre o Coritiba, que permitiram ao time avançar na Copa do Brasil, com apoio de 20.450 presentes, mesmo após perder pelo mesmo placar no Paraná.
Públicos do Flamengo no RJ*
1 x 0 Botafogo 43.412 (20º)
1 x 0 Sport 35.583 (20º)
2 x 1 Atlético-MG 37.726 (14º)
0 x 1 Grêmio 51.858 (9º)
*No Brasileiro, apenas pagantes, desde que Luxemburgo voltou
*Entre parênteses, a posição no campeonato antes de cada partida
Os torcedores do Flamengo têm motivos para reclamar. Claro que o clube precisa arrecadar, mas a relação com o torcedor não é como a que se estabelece com um cliente. É preciso confiança, até para que ele possa organizar seu orçamento e estabelecer metas, como acompanhar determinado número de partidas no estádio, apoiando o time. Principalmente quando a equipe tanto precisa da galera, caso específico do elenco rubro-negro.
Ao final do jogo contra o Grêmio, mesmo com a derrota por 1 a 0 com gol nos acréscimos, os quase 60 mil flamenguistas não vaiaram. Eles cantaram, apoiaram o time, entenderam que houve esforço intenso e que as limitações existem. A resposta a tal demonstração de fidelidade veio dois dias depois com o reajuste dos preços dos ingressos. O público de domingo vai depender ainda mais do resultado da peleja contra o Goiás, em Cuiabá. Boa exibição e vitória podem compensar os 25% de aumento.
Pior é a situação dos corintianos, que ainda têm que ler declarações como a de Izael Sinem, diretor de marketing do clube, dada ao portal Uol: “Quem vai na arena são aqueles que podem pagar, porque vão ver o show ao vivo. Pagar ingresso para qualquer esporte no mundo é caro”. Para ele, o Corinthians é o time do povo, não o time do povão. Haja paixão, senhoras e senhores. Haja paixão…
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira
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