A fome que não deixa o Botafogo morrer.

No campeonato mais equilibrado do mundo, que vive uma de suas edições mais equilibradas da história, fome costuma ser fator decisivo. Há jogos, e não são poucos, em que o vencedor é aquele que mais deseja, aquele que entra em campo convencido de que precisa mais da vitória do que o rival. Porque as diferenças, quase sempre, são pequenas.

Sempre que a dedicação, a decisão de disputar cada bola como se fosse a última tornarem-se vitais para ditar o rumo de um jogo, será difícil bater este Botafogo. Manaus que o diga. Primeiro, a vitória arrancada a fórceps contra o Corinthians. Ontem, os 2 a 1 sobre o Flamengo, resultado justo. Este Botafogo pode cair, mas não se dará por batido facilmente.

A diferença no clássico era clara. Neste Brasileiro, os dez pontos que separavam alvinegros e rubro-negros antes da partida podem se transformar em nada. É da natureza da competição. Para tanto, basta que um time enxergue o jogo e a vigem como estorvos, como o cumprimento de uma aborrecida obrigação. Não que os reservas do Flamengo tenham deixado de tentar. Mas a vitória em Manaus estava longe do topo da lista de prioridades.

Já para o Botafogo, era a vida em jogo. De novo. Então, por que este Botafogo ganha tão poucos jogos? Porque luta contra carências que impõem limites duros de superar. Em especial depois que sua reserva de qualidade técnica, não tão rica assim, foi estabanadamente eliminada com quatro dispensas extravagantes.

O grupo que restou tenta operar o milagre. No limite das forças. Vejam Rogério, o autor do primeiro gol. Tem só 23 anos e, por enquanto, um currículo modesto. Errava seguidamente, em especial ao finalizar as jogadas. Mas não parava de correr. Acabou abrindo o placar. Vejam Wallyson, responsável pelo bonito segundo gol. Foi avassalador no início do ano, mas o restante da temporada revelou muito mais limitações do que virtudes. Ontem, não foi brilhante. Talvez não lhe seja possível. Mas tentou atacar, marcar. A imagem dos jogadores caídos, reclamando de cãibra, pareceu muito mais efeito colateral do esforço do que vontade de retardar o jogo.

O fato é que, para não cair, além da luta, o Botafogo precisará de todos os recursos técnicos de que ainda dispõe. Precisará do excelente Jéfferson, do bom André Bahia, do bom volante Gabriel, de um Bolatti mais presente. Foi este último um dos criadores do lance do primeiro gol. Não há espaço para desperdícios.

E será bom se puder contar, é claro, com Carlos Alberto. Porque a esta altura, chega a criar certa angústia perceber, em poucos lances, que Carlos Alberto era o homem de mais talento que o clássico de Manaus tinha no campo. E por que falar em angústia? Justamente porque sua participação no jogo se resume a lances esparsos, porque sua presença em campo é sempre incerta, tantas são as lesões e suspensões. A carreira de Carlos Alberto ensinou a desconfiar. Não de seu talento, mas da possibilidade de contar com ele. Se disser presente na reta final, tem futebol para ser fator de desequilíbrio e de alívio para um Botafogo em que trabalho é palavra de ordem.

Já o Flamengo, poupou pernas e fôlego para as semifinais da Copa do Brasil. Fez uma opção esportiva e física. Um direito, é inegável. Mas não deixou em Manaus apenas três pontos. Estes, aliás, aparentemente não eram urgentes e não serão lamentados num campeonato em que o time encontrou o conforto. Ao levar reservas e, de forma previsível, um futebol pobre, foi como se faltasse a um encontro. Um encontro com 40 mil apaixonados, saudosos, gente que não via o time havia oito anos. Gente que comprou os ingressos achando que veria o time na plenitude. Não viu.

Verdade, também, que não foi o Flamengo quem levou o jogo para Manaus. Não foi o rubro-negro quem marcou o encontro. Mas eis a vida real, o mundo real. Toda aquela gente estava lá para ver um Flamengo melhor do que este que se apresentou. O que vale mais: o meramente esportivo ou o institucional? Este blogueiro não tem uma resposta definitiva. Não enxerga um certo ou um errado. A opção foi respeitável, compreensível, justificável. Talvez, pudesse ter ido a campo um time um pouquinho mais encorpado.

Fossem reservas ou titulares do outro lado, a única certeza é que o Botafogo correria até esgotar o que lhe restasse de fôlego. Foi o que fez. Venceu e está vivo. 

Fonte: Blog do Mansur

Coluna do Flamengo

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