Sua autenticidade vem de uma fina e encantadora mistura entre a arte, a regra e o riso. Entre a obediência angelical e aquela inevitável “molecagem inocente”, sua energia é substantiva e substancial, fonte inesgotável de felicidade, é o brinquedo da infinita infância.
Esse jogo no Maracanã, entre Flamengo e Cruzeiro, no Dia das Crianças, me fez acreditar mais nesses “porquês”. O campo estava igualzinho a rua do bairro onde a garotada corre sem deixar espaço pro carro, e a bola, que nunca foi boba, merecidamente queria aproveitar o seu dia. Boa data pra exibir os seus divinos dotes.
O gol contra do zagueiro cruzeirense Dedé, aos 13 do primeiro tempo, foi a “roletada” pra trás na mesa de totó. O arqueiro Fábio foi surpreendido por aquele grito da grife infanto-juvenil: “estátua”, disse “a criança”, já atravessando a meta numa suave travessura.
Na etapa final, o segundo gol rubro-negro, aos 11, foi uma engraçada combinação entre o “telefone sem fio” e a “batata quente”. Manoel e Fábio não falaram a mesma língua, foi um disse me disse, foi um “deixa-deixa”. O flamenguista Canteros veio no “pique pega” e fez “a criança” gargalhar no balanço das redes.
No terceiro gol do Flamengo, aos 16, Alecsandro deu passe do “passa anel”, por entre os dedos da zaga Celeste, a “joia bacana” chegou a Gabriel com aquele recado do “Mestre Mandou”. ”Vai garoto, me manda pro gol que lá tem corrida do saco…”
Quanta estripulia! Foi dado o recado pras duas torcidas: na derrota ou na vitória, essa “criançona” nos lembra que o importante é brincar e viver sorrindo.
Fonte: Torcedores