Pra quem não conhece as Tartarugas Ninjas, este do lado é Rafael. Não é o mais inteligente, o mais engraçado, o mais bonito, sequer o melhor lutador, mas é uma figura importante no grupo (na dúvida, vejam o filme mais recente). Mas a esta altura vocês devem estar se perguntando: O que uma Tartaruga Ninja tem a ver com o Flamengo?
Primeiramente, o Flamengo não tem o melhor ou pior time, o melhor ou pior ataque, o melhor ou pior defesa, nenhum jogador de destaque na competição, na verdade, é basicamente um time que não chama atenção por nada em campo, o destaque do Flamengo é apenas sua imensa, vibrante, intimidadora e única torcida, ou seja, seu espírito.
O segundo ponto é que, assim como a Tartaruga que correu contra a Lebre, o Flamengo vem avançando um passo por vez, traçando metas de curto prazo e conseguindo alcança-las e, por vezes, superá-las. Com isto Luxemburgo evita traçar metas que fragilizem a confiança do torcedor e, ao mesmo tempo, não deixa os jogadores relaxarem ou serem ambiciosos demais, mantém o foco em suas mãos.
Mas o que de fato me fez pensar na tartaruga é não só o que Luxemburgo tem feito, mas o que tem dito. A entrevista que deu ao “Bem, Amigos!” foi muito clara sobre como ele pensa que o Flamengo deve jogar para fazer boas campanhas no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil:
“O time duplicava, triplicava a marcação, marcava muito forte, o adversário sofria para chegar ao meu gol. Ganhava em uma bola parada, em uma escapada de um jogador. O time começou a crescer. Isso é inerente.”
Ou seja, a receita do sucesso é, como uma tartaruga, se fechar em seu casco, usar mobilidade lateral e, quando o inimigo der bobeira, pôr a cabeça pra fora e morder rapidamente (Antes de rirem, saibam que uma espécie de tartaruga tem uma mordida de 600 kg, um leão tem uma mordida de apenas 400kg). E essa foi a receita para voltar a vencer, especialmente contra o estável time do Cruzeiro.
O jogo estava lento, os times se estudaram por um bom tempo, nenhum queria ousar e deixar a defesa exposta, o Cruzeiro inclusive começou com 3 volantes e não 2 com 1 meia como de costume. Foram vários minutos com as defesas levando a melhor sobre os ataques, nenhuma chance de perigo, até que Alecsandro escapou pela direita e cruzou para a área, onde Dedé ao tentar cortar mandou no ângulo superior direito, sem chance de defesa.
Com a vantagem no placar o Flamengo se fechou ainda mais, o Cruzeiro passou a fazer algumas tentativas de ataque, mas só no final do 1° tempo realmente pareceu querer o empate. No 2° tempo Nilton saiu pra entrada de William e o Cruzeiro voltou a formação normal, mostrando que queria a vitória, já o Flamengo além da troca por lesão de Wallace por Chicão, trocou Eduardo por Gabriel, praticamente um anuncio em neon de que ia jogar fechado procurando o contra-ataque veloz pelas pontas.
Houve muita transpiração e aplicação tática defensiva e pouca inspiração, o que fez os times terem poucas chances de real perigo, o jogo chegou a ser um tanto chato, e ganhou o time que errou menos e esteve atento ao erro adversário. Canteros não desistiu do lance, foi pressionar o zagueiro e, num lance de visão, conseguiu passar entre o zagueiro e o goleiro roubando a bola junto a linha de fundo, dentro da área, tornando fácil a ampliação do placar; já o terceiro veio de novo cruzamento de Alecsandro, desta vez para Gabriel que vinha rápido de trás e chutou de primeira da entrada na área, méritos do atacante e deméritos de Fábio que deu uma vacilada.
A novidade do Flamengo ficou nas laterais, Léo saiu do departamento médico e foi relacionado pro jogo, já na lateral esquerda João Paulo com dores na coxa direita deu lugar para o estreante Anderson Pico. A desconfiança em cima do jogador era grande pela forma física, que faz Alecsandro parecer magro, mas havia esperança em um bom futebol pelo que havia demonstrado na base do Grêmio. Pra mim, pode ser que ele tenha talento, até arriscou uns lances de efeito, mas errou demais o jogo todo e muito em parte pelo peso que não o permitia acompanhar o lateral celeste, tão pouco conseguiu apoiar o ataque, se limitando a ir até o meio campo e raramente ao campo de ataque, pra piorar quando tentava um efeito tendia ao erro, seja nos passes longos ou na jogadinha que tentou no fim –e que encheu os olhos de muitos, vários comentários nas redes sociais sobre os dribles que deu no marcador -, mas de que adianta dar um drible, fazer uma pose, se quando faz o passe dá a bola pro adversário de graça num erro de passe?
Espero que no planejamento de 2015 esteja a contratação de um lateral esquerdo para disputar a posição com João Paulo, de preferência de nível inquestionável, chega de soluções baratinhas e de 2ª linha para as laterais porque é mais importante investir em 357 atacantes. Na base temos o promissor Jorge, mas tem ainda mais 2 anos de juniores pela frente, então não tem como aproveitar a base nesse momento e espero não ver qualquer pressão pra isso, chega de estragar jogadores por subi-los antes do tempo e sem uma adequada transição.
O próximo jogo é pela Copa do Brasil e, com a folga de 7 pontos para o Bahia – 1° time do Z4 – e faltando apenas 8 pontos em 27 possíveis para alcançar o número mágico de 45 pontos, não há qualquer problema em se dedicar a defender o título na competição que pode levar o Flamengo novamente a Libertadores.
Saudações Rubro-Negras
Em tempo: Para quem não entendeu, elogiei a formação tartaruga, não foi uma acusação de covardia.
Em tempo 2:Amanhã (14/10) tem jogo do sub-20 pela Copa do Brasil da categoria com transmissão ao vivo na TV fechada.
Fonte: Flamengo em Foco