Técnico revigorado e time transformado.

A trajetória sinuosa de Gabriel, correndo por 72m e deixando para trás, um após outro, quantos marcadores lhe cruzassem o caminho, será lembrada como o grande momento da noite de quarta-feira. É daqueles lances raros, obra da capacidade individual que se impõe sobre esquemas táticos, ou simplesmente se encarrega de destroçá-los. É a essência do jogo: planejado no vestiário e executado, ou por vezes inventado, no campo.

Mas até para falar deste Gabriel investido de uma coragem e de uma personalidade que não compunham sua personalidade até há alguns meses, é justo falar de Vanderlei Luxemburgo. Talvez seja cruel com Gabriel dever seu crescimento somente ao treinador. Nem há como provar que o atacante não estaria jogando tão bem caso fosse comandado por outro treinador. O fato é que Gabriel ressurgiu em um time transformado por um treinador renovado. Falar em técnico renascido não parece correto. Porque decretar o fim de Vanderlei era uma precipitação.

Fazia tempo que Vanderlei Luxemburgo não tinha impacto tão sensível num time de futebol. Talvez contribua para tal percepção o fato de que este Flamengo não tem estrelas, não tem sobras de talento. Precisava e carecia de organização. E passou a tê-la. Acontece que o desempenho do time em campo não é o único sintoma do grande momento que Luxemburgo voltou a viver. É o pós-jogo.

As entrevistas coletivas deixaram de ter um ar de reunião de condomínio, com a diferença de que sempre se começava pelo último item da ordem do dia: assuntos gerais. Falava-se de calendário, estrutura de poder da CBF, contratos de jogadores, questões pessoais de atletas. E até de futebol. O foco parecia se perder e, por vezes, a infinidade de temas criava turbulências. Hoje, como acontecia lá atrás, o discurso de Vanderlei voltou a ajudar a entender o jogo. Retrata mudanças que, de fato, ele operou numa partida.

Não que se deseje um técnico bitolado, de visão curta. É saudável refletir sobre futebol. E Vanderlei acrescenta ao debate. O caso é que transmitia a sensação de ter ampliado o leque de preocupações em tal medida que se desconcentrou do jogo. Não chegou a fazer trabalhos desprezíveis, justiça seja feita. Não foi bem no Atlético-MG, em 2010, mas teve bons anos em 2011 e 2012, levando Flamengo e Grêmio à Libertadores. Não terminou bem a passagem no clube gaúcho, assim como não acertou no Fluminense. Até que impôs um inédito recesso de oito meses na carreira. Hoje, parece extremamente concentrado no campo. E mostra que ainda pertence à elite nacional.

Na passagem atual pelo rubro-negro, Vanderlei tem 55% de aproveitamento em 20 jogos do Brasileiro. Um percentual que colocaria o time em sexto lugar no torneio. Juntando com a Copa do Brasil, chega a 60% dos pontos conquistados.

No Flamengo, boa parte dos méritos derivam do conhecimento do clube, das peculiaridades que cada um dos gigantes do país possui. Primeiro, tratou de se comunicar com a torcida e expor as limitações do time. Depois, conteve a euforia após as primeiras vitórias, estabelecendo objetivos modestos. Mas o principal acerto foi resolver uma dura equação: adaptar as características do elenco que tinha em mãos ao perfil do clube e da torcida.

Está no DNA rubro-negro, em especial no Maracanã, agredir os rivais. Aborrece a torcida ver um time recuado, marcando perto de sua área. Contraria tradições e, em geral, dá errado. Acontece que Vanderlei tem nas mãos um time que prefere a velocidade ao passe, um elenco que parecia moldado para o contra-ataque. Pois o Flamengo de hoje, bem próximo de jogar novamente uma final de Copa do Brasil e salvar um ano que parecia condenado ao fracasso completo, marca na frente. Cansa de roubar bolas na intermediária rival. Se o discurso continha a euforia e pregava a cautela, em campo o Flamengo é corajoso. Faz pressão no rival na hora de marcar. E cria as condições para seus corredores arrancarem.

Quando se vê acuado, dominado, é pela imposição do jogo de adversários com mais técnica. Afinal, o Flamengo de hoje está longe de ser espetacular. Tem defeitos, como indica a campanha no Brasileiro. Não será favorito numa eventual final de Copa do Brasil. Mas tem virtudes que podem levá-lo ao tetracampeonato. Tornou-se seguro. Contra o Atlético-MG, foi consciente o tempo todo. E com a organização, individualidades cresceram. Como Gabriel.

Fonte: Blog do Mansur

Coluna do Flamengo

Notícias recentes

Flamengo ‘muda nome’ de Gabigol e confirma jogador contra o Peñarol

Gabigol, que já foi Gabi, virou Gabriel Barbosa nos canais oficiais do Flamengo Fora dos…

24/09/2024

Árbitro explica motivo da expulsão de Carlinhos em jogo do Flamengo no Brasileirão, contra o Grêmio

Carlinhos foi expulso aos 12 minutos do segundo tempo em duelo entre Flamengo e Grêmio…

24/09/2024

MELHOR DO MUNDO! Vini Jr é comunicado que será o Bola de Ouro em 2024, diz jornal

Jornal ‘Marca’ trouxe a informação de que Vini Jr ganhará o melhor do mundo Vinicius…

24/09/2024

Flamengo vira manchete no Uruguai antes de jogo com Peñarol

Imprensa comentou sobre o Flamengo ter poupado 12 jogadores contra o Grêmio O Flamengo deixa…

24/09/2024

Tite quebra silêncio sobre Gabigol e revela motivo de não usar o atacante do Flamengo

Gabigol voltou a ficar de fora da lista de relacionados do Flamengo em jogo contra…

24/09/2024

Flamengo tem campanha de rebaixado no 2º turno do Brasileirão

Após derrota para o Grêmio, o Flamengo estacionou nos 45 pontos O Flamengo voltou a…

24/09/2024