O Conselho de Administração do Flamengo se reuniu na noite desta terça-feira, na Gávea, para apreciar mais um pedido de empréstimo feito pela diretoria rubro-negra junto ao Banco BCV, desta vez no valor de R$ 7,27 milhões, dando como garantia o contrato dos direitos de transmissão com a Rede Globo referente ao ano de 2017. Poucos membros compareceram, mas o quórum foi cumprido e o empréstimo aprovado, já que estava dentro do limite pré-aprovado de R$ 63,5 milhões colocado na readequação do orçamento, no fim de julho. Entretanto, durante a reunião, a diretoria já avisou que este não será o último empréstimo deste ano, fazendo com que o orçamento não seja cumprido, visando fechar as contas financeiras sem maiores problemas mesmo que, para isso, as finanças fora do período desta gestão sejam prejudicadas.
Na primeira versão do orçamento de 2014, elaborada no início deste ano, o montante pré-aprovado para empréstimos era o de R$ 35,5 milhões. Porém, a diretoria rubro-negra acabou readequando o documento no fim de julho, aumentando o limite pré-aprovado em empréstimos para R$ 63,5 milhões. Com a aprovação do valor junto ao Banco BCV nesta terça-feira, o Flamengo já pegou cerca de R$ 60 milhões emprestados e os dirigentes estimam precisar mais R$ 20 milhões para fechar o caixa de forma tranquila neste ano – ultrapassando o limite, assim, em aproximadamente R$ 17 milhões. Além destes valores em empréstimos, a diretoria rubro-negra também pegou ao longo do ano R$ 18 milhões em adiantamento com a Rede Globo pelos contratos de transmissão referentes aos anos de 2017 e 2018.
Os números não são considerados animadores nos corredores da Gávea. O LANCE!Net apurou que existe uma insatisfação com o trabalho realizado pelos departamentos de marketing e finanças, que fazem projeções orçamentárias que não estão sendo cumpridas em dois anos de gestão (veja abaixo exemplos dos números do orçamento deste ano). Membros da cúpula do presidente Eduardo Bandeira de Mello acreditam que casos como este desgastam a imagem da diretoria junto aos sócios justamente em um momento que já se começa a articular um trabalho político dos diversos grupos da Gávea para 2015, ano eleitoral, quando será definido o presidente para o triênio 2016-2018. Aliado a isto está o fraco desempenho dentro das quatro linhas e o baixo investimento no time, com o discurso do último período de eleição não sendo cumprido.
Vale lembrar que no início deste ano, o Flamengo pegou R$ 18 milhões com o Complexo Maracanã Entretenimento S.A.. Em abril, outros R$ 9 milhões tinham sido pegos com a concessionária. Em junho, R$ 5 milhões foram emprestados pelo Banco BMG. Já com o Banco Modal, o clube solicitou R$ 10 milhões, dando de garantia os passes do volante Canteros e do atacante Paulinho. Com a Caixa Econômica Federal, foram pegos R$ 4 milhões. E um outro empréstimo junto ao Banco BCV já tinha sido solicitado pela diretoria rubro-negra, no valor de R$ 7 milhões. A maior parte dos empréstimos com os bancos foi utilizada para o pagamento dos salários dos jogadores do futebol profissional em alguns períodos do ano, principalmente quando a verba do patrocínio com a Caixa foi bloqueada.
AS VERSÕES DO ORÇAMENTO
Início de 2014
A diretoria do Flamengo acreditava que teria de receita R$ 342.042.251,00 nesta temporada – sendo, por exemplo, R$ 45.863.200,00 de bilheteria, R$ 45 milhões por meio do programa de sócio-torcedor e R$ 10 milhões com o time chegando nas quartas de final da Libertadores. Já de despesa, a previsão rubro-negra era de R$ 200.080.441,00, sendo, por exemplo, o montante de R$ 156.601.887,00 gasto com todo o departamento de futebol e R$ 16.485.525,00 com o remo e as modalidades de esporte olímpico da Gávea.
Agora
Após a readequação do orçamento promovida pela diretoria do Flamengo, a previsão de receita do Rubro-Negro para esta temporada está em R$ 302 milhões, sendo, por exemplo, R$ 32 milhões de arrecadação com bilheteria e o mesmo valor através do programa de sócio-torcedor. Já a previsão da despesa do clube para este ano diminuiu para R$ 196 milhões, já que o repasse à Golden Goal, administradora do projeto de sócios-torcedores, foi reduzido por conta da queda do número de associados ao longo do ano e a consequente redução da receita.
Fonte: Lancenet