A eternidade rubro-negra.

Quando a década de 70 começou eu tinha 13 anos. Em meio à Guerra Fria o homem chegou à Lua, os anos de chumbo pesavam sobre o Brasil, e eu mudava de escola e de vida, radicalmente. A imaginação de um menino nessa faixa etária fervilha de criatividade. Nem mesmo essa fonte inesgotável de sonhos poderia projetar uma coleção tão maravilhosa de sucessos como torcedor de futebol. Felicidade que o samba famoso de Wilson Batista e Jorge de Castro explicava melhor: Flamengo joga amanhã e eu vou pra lá, vai haver mais um baile no Maracanã.

A fantasia do meu universo de criança se confundia com a Magia de um time que vi ser construído, peça a peça, até culminar com o ápice do ano dourado de 1981, quando vencemos o Estadual, a Libertadores e o Mundial. Até chegar a esse clímax, o Flamengo foi um verdadeiro tsunami na minha vida, me estimulando a crescer junto ele, a vencer como ele vencia, a derrotar adversários fossem quem fossem. Ecoam em meus ouvidos e estão em minha memória os lances geniais narrados pelo Jorge Curi no rádio e pelo José Cunha na TV. O primeiro gritava “golaço, aço, aço” e o segundo prolongava o seu “tá lá” nas transmissões dos VTs. A minha alegria era incontida, o espírito de vencedor me enchia de autoestima, eram raras as segundas-feiras ruins.

Mas, a madrugada de um sábado para domingo foi muito especial. Quando eu fui ao Japão, saí da minha casa em Jacarepaguá num sábado às 20:00 rumo ao aeroporto, fiz uma escala curta em Los Angeles e só entrei no hotel Yokohama Prince às 23:00 do domingo. Não, não foi em 1981. Foi em 1998. Tive a dimensão precisa do que ocorrera naquele ano fabuloso, no início da década de 1980. Escrevo nesse 14/12/2014, trinta e três anos depois, por dois motivos. Primeiro, porque as datas coincidiram, sábado e domingo. Segundo, porque comemorei o domingo inteiro, desde a madrugada. Só cheguei em casa na segunda-feira, aquele dia feliz para os rubro-negros. Dia de voltar ao trabalho ou à escola e olhar para a minoria com um ar de superioridade inconteste.

Os adversários de Liverpool naquela final em Tóquio foram campeões europeus três vezes em cinco anos e vinham de vencer o Real Madri na final da Europa daquele ano. Subestimaram o timaço do Flamengo e, quando abriram os olhos, ao fim do primeiro tempo, o placar estampava 3 x 0 para o Mengão. Repetir a história só ilustraria os mais jovens. O registro a fazer é do orgulho de ter vivido cada momento daquele ano dourado para quem vestia o Manto Sagrado. Num intervalo de poucos dias fomos campeões da Libertadores, do Carioca e do Mundial de Clubes. Foi avassalador, incomparável, inenarrável, sublime, inesquecível.

Serei um velho feliz por torcer pelo Flamengo. Acalentarei minhas memórias rubro-negras como um sonho que se tem repetidas vezes. Nada poderia ser melhor para um garoto que foi a um Fla x Flu decisivo em 1963 cumprir o desejo do pai tricolor de que ele abraçasse a mesma paixão. Que nada. Os desígnios do destino me arrebataram dos braços do meu pai e me presentearam com uma vida de glórias infindáveis, a começar daquele domingo de dezembro de 63 até hoje. Todas as décadas foram gratas, embora as décadas de 70 e, em especial, a de 80 tenham sido magníficas. Ainda que desconheça o porvir, estou convicto de que no quesito futebol tive uma vida prazerosa. Enquanto eu crescia, o Rio foi ficando pequeno para o meu grito, depois o Brasil, a América e o Mundo.

Ó MEU MENGÃO, EU GOSTO DE VOCÊ, QUERO CANTAR AO MUNDO INTEIRO A ALEGRIA DE SER RUBRO-NEGRO!

Tóquio, 13 de dezembro de 1981. Um dia, uma noite, uma madrugada para a eternidade.

alexandrecpf@magiarubronegra.com.br

TWITTER: @alexandrecpf

Fonte: Magia Rubro-Negra

Coluna do Flamengo

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