Conforme visto na primeira parte desta série, o Flamengo estimou um crescimento das receitas em R$ 62 milhões sobre o orçamento reajustado de 2014. Nesta segunda parte, pretendemos detalhar a composição das receitas que projetam um faturamento recorde para o clube.
Em um clube de futebol, as receitas realmente relevantes são as Cotas de TV, a Bilheteria, as Mensalidades (Sócio-Torcedores), o Marketing (patrocínio + licenciamento) e a Venda de Atletas. A distribuição do Flamengo para 2015 tem a seguinte previsão:
Como pode ser observado, para 2015, a projeção é de uma liderança quase compartilhada entre Televisão e Publicidade/Patrocínio. Em terceiro, temos a bilheteria e, em quarto, uma receita nova: a do programa Nação Rubro-Negra. Vejamos o cenário para cada uma delas.
COTAS DE TV
O Flamengo pretende arrecadar quase 125 milhões com as cotas de TV em 2015. Chama atenção, no entanto, o papel preponderante do pay per view (“PPV”) na composição dessa receita. Do total previsto para o Campeonato Brasileiro, 37% virão da TV aberta e 58% do PPV.
Ora, o PPV é, a grosso modo, um ingresso que o torcedor paga para assistir em casa o seu clube predileto. Portanto, há uma relação direta entre a quantidade de torcedores de um time e a verba que o PPV destina a ele por essas vendas.
Há uma crescente insatisfação de clubes com cotas menores a receber da televisão sob o argumento de que a Globo “protege” Flamengo e Corinthians pelo fato de ambos terem mais torcida. Porém, esse componente da relação direta dos assinantes dos canais de TV com seus clubes raramente é lembrado. Faz mesmo sentido que quanto maior o número de torcedores na base de assinantes, maior a verba que o PPV destina aos clubes de maior apelo.
Logo, é absolutamente justo que o Flamengo tenha recebido mais na Série A ou o Vasco muito mais do que seus rivais na Série B. Qualquer regra que despreze essa lógica equivale a dizer que o Cruzeiro tem que repartir a renda do Mineirão em partes iguais com a Chapecoense em nome da “justiça”.
Outro componente ainda importante nas receitas vindas da TV é o criticado Campeonato Carioca. Ele representa um ingresso de R$ 8 milhões nas receitas do clube – bem mais, por exemplo, do que o orçamento da TV em 2014 pela participação na Copa Libertadores (R$ 1,6MM) ou da Copa do Brasil para 2015 (R$ 2,5MM). É importante lembrar que o clube não pode simplesmente virar as costas para um campeonato que tem relevância nas finanças. Naturalmente, a Libertadores tem vantagens não mensuradas no orçamento (como a internacionalização da imagem), porém a expressão de que o “carioqueta não vale nada” não condiz com os números.
Fonte: Magia Rubro-Negra