Em entrevista exclusiva, Luiz Eduardo Baptista falou dos quase dois anos do marketing rubro-negro.
Bap assumiu o cargo buscando tudo que poderia ser feito para impulsionar a arrecadação do Mais Querido. O vice-presidente defendeu também as políticas de austeridade para colher frutos no futuro dignos da grandeza do Flamengo, assim como declarou o vice-presidente de finanças Rodrigo Tostes.
Confira a primeira parte da entrevista:
Qual a decisão mais difícil que você teve de tomar até agora?
Bap: A mais difícil é colocar o Flamengo acima das amizades. Você tem algumas encruzilhadas onde você entende que não pode fazer certas coisas porque aquilo não será bom para o Flamengo. O clube só não está acima dos meus filhos e da minha família e isso no dia a dia é um exercício difícil. O que é preferível fazer para o seu filho, aquilo que ele quer ou o que é melhor para ele? É por isso que no clube o maior desafio é conviver com amigos que não pensam como você. Aqueles que acreditam que por você ser vice-presidente, ele poderá ganhar um presente de mim. Ou, porque apresentou o presidente de uma empresa que rendeu algo ao Flamengo, ele poderá ganhar ingresso pro resto da vida. Digo pra eles que não ganho um ingresso, não pego uma camisa. Alguns não acreditam quando digo isso, e simplesmente respondo: problema é seu. Se não fizer pra mim, é porque não vou fazer. Pra mim, o mais complicado é equilibrar essa relação de razão e paixão nessa loucura que é o futebol.
Qual sua maior surpresa até agora?
Bap: Minha maior surpresa foi causada por um motorista de táxi botafoguense. Quando eu entro em um táxi, sempre entro no banco de trás do taxista, e aquele momento em que estava voltando para o Rio, era o momento das resenhas de futebol nas rádios. Passaram alguns minutos, recebi uma ligação do Wallim, vice-presidente de futebol na época, e tentei não citar nenhum nome. No programa que escutávamos, o locutor falava sobre um suposto jogador que seria contratado pelo Flamengo.
Quando desliguei minha ligação e o rapaz na rádio parou de falar, o motorista me olhou pelo retrovisor e perguntou “Com licença, mas você é o Seu Bap, não é!?” Eu confirmei e, em seguida, outra pergunta. “Isso que falaram é verdade?”, respondi que não. Expliquei para ele que sequer estávamos negociando com o jogador e que esse tipo de matéria inverídica acontece todos os dias. Se tudo que sai na mídia fosse verdade, você veria que o dia do Flamengo ia ter 240 horas, e não apenas 24. Começamos, a conversar sobre política. Ele era um cara esclarecido.
Foi quando perguntei se era rubro-negro, e ele me respondeu que não, era Botafoguense. Perguntei o que estava achando do time dele, e ele me contou o quão desanimado estava com o nosso rival. Chegamos na porta do clube, peguei o dinheiro e fui pagar a corrida, mas ele recusou receber meu dinheiro, dizendo ter sido um prazer me receber. E respondi que ele deveria aceitar meu dinheiro porque eu trabalhava dia sim e outro também para fazer o Botafogo menor. Acredito que ele tenha ficado meio ofendido, mas ainda assim me disse o seguinte: “Pois é, mas eu, conhecendo o futebol carioca em geral, tenho certeza que se tivéssemos gente no meu time como o Flamengo tem vocês, o Botafogo não estaria onde está. Então, seja porque é certo, seja porque eles vão ter inveja do Flamengo, os senhores vão acabar indiretamente ajudando o Botafogo, então eu não vou lhe cobrar.” Então, foi uma visão que fiquei bastante impressionado.
Essa foi a maior surpresa. Mas, já tive outras surpresas positivas de torcedores rubro-negros, em um voo, por exemplo. Eu não como peixe, não como nada do tipo, e já havia falado isso em outras oportunidades. Entrei no avião, e o lanche era um sanduíche de atum, ou algo do tipo, mas antes da aeromoça me oferecer, o comissário veio até mim e disse “Seu Bap, sei que você não come peixe, pode deixar que vou preparar um de queijo pro senhor” (risos). Ver isso vindo de um torcedor do Flamengo, ou uma atitude como a desse botafoguense, faz a gente sentir que isso tudo vale a pena. A gente passa a perceber a importância que temos.
Muito se fala do preço dos ingressos. O que podemos falar a respeito?
Bap: Existe muita espuma, muito ‘achismo’, nessa história do preço dos ingressos. Você prefere pagar mais caro ou mais barato em qualquer coisa na vida? Mais barato, claro. Mas, as vezes, mesmo achando caro, você paga aquilo que lhe é conveniente. Um homem acha um absurdo o que uma mulher gasta com uma bolsa. Uma mulher acha um absurdo o que o homem gasta em um carro. Quem está certo? Os dois. É uma questão de percepção de valor. É o que move tudo. Final da Copa do Brasil deste ano entre Cruzeiro e Atlético-MG tinha ingresso de seiscentos reais à venda no Mineirão. Fomos acusados de elitistas ano passado porque colocamos ingressos à venda por duzentos. Ninguém em Minas chamou os caras de elitistas e eles, ainda assim, tiveram um faturamento absurdo.
Fonte: Site Oficial do Flamengo