Muitos questionam o exagerado peso que está se dando a essa extemporânea eleição no Flamengo. Comenta-se que trata-se de um desperdício de tempo e energia, e que o clube deveria estar concentrado nas soluções dos seus problemas e no seu planejamento de 2015. Essas considerações, aparentemente, são válidas, porém é exatamente no que não está muito visível que os aspectos positivos tornam esse processo eleitoral extremamente saudável. Vejamos:
– O Flamengo precisa aumentar o seu colégio eleitoral, quer seja ampliando o número de torcedores com direitos políticos (novas associações) ou, então, tendo um maior engajamento dos associados nos temas políticos do clube. O Flamengo, definitivamente, não pode ter o seu futuro decido por pequenos currais eleitorais. O poder desses grupos precisa ser diluído e, para tal, é imperativo que se aumente a base de eleitores. E esse processo de eleição para recompor o quadro transitório do Conselho Deliberativo, com a contribuição das redes sociais, tem contribuído para essa necessária consciência política, pois nitidamente percebe-se um maior interesse de torcedores e associados.
– Um outro efeito positivo desse processo eleitoral, que torço para que não seja pontual ou temporário, é o processo de comunicação do Flamengo, até então falho e omisso. Forçado pela necessidade e expor os seus feitos e, também, combater as acusações, assistimos os membros da diretoria, assim como os representantes das bases políticas que as apoia, virem a público e falar com a Nação Rubro-Negra. Se isso tivesse ocorrido anteriormente tenho a certeza de que muitas das crises (plantadas e fomentadas pela imprensa) não teriam ocorrido ou teriam uma repercussão muito menor. As informações do clube, guardadas, obviamente, as necessárias confidencialidades, não podem ficar restritas a um pequeno número de pessoas. Os torcedores não podem se submeter apenas ao que é veiculado pela mídia, que, invariavelmente, é tendencioso, sensacionalista e mercantilista.
– Esta extemporânea eleição também está servindo para que os associados e torcedores façam os seus juízos de valores sobre os elementos que fazem política no clube. Que propostas apresentam? Que conceitos defendem? Quais as consistências de suas argumentações? Enfim, quem merece os votos de confiança da Nação? Na minha modesta opinião, mais do que nunca, essas questões ficaram aparentes como “céu de brigadeiro”.
Silvio Macedo.