Um dos maiores desgostos que tem tido o torcedor rubro-negro nos últimos anos é olhar para escalação do time titular e ver não mais do que um ou dois jogadores formados em casa. A história de sucesso do clube se confunde com o triunfo oriundo da base e é até difícil, para os mais tradicionalistas, imaginar que o Flamengo possa voltar aos seus dias mais gloriosos sem atletas formados em casa.
Nos últimos anos, tornou-se impossível não lembrar da geração que conquistou a Copa São Paulo de Juniores em 2011. Quatro anos depois daquele título, nenhum dos meninos que integrava o onze ideal daquele time emplacou no time profissional – embora todos tenham tido oportunidades. Mas talvez seja injusto delegar à essa geração tanta responsabilidade. Um time que triunfa na base não é necessariamente melhor que outro que é derrotado inapelavelmente; os atletas estão um processo de transformação, de evolução física e técnica e formação de caráter, sendo comum que a derrota os amadureça mais do que as vitórias.
Nesse século, contamos nos dedos os jogadores que superaram a desconfiança para brilhar no time principal – Ibson, em sua primeira passagem, Renato Augusto, Samir e Paulo Victor. Outros tantos vieram a confirmar as expectativas que neles residiam, mas longe da Gávea, como Andrezinho, Fellype Gabriel e Felipe Melo.
Depois de quase duas décadas vendo uma sucessão de fracassos na transição base-time principal, a desconfiança da Nação já é praxe. Todo ano anunciam um “novo Zico” e os garotos não conseguem sequer emplacar cinco boas atuações. No ano que passou, Luxemburgo mostrou acreditar que dá pra tirar dessa molecada muito mais. Usou Nixon com frequência, testou Recife e deu novas oportunidades à Muralha e Luiz Antônio. Nem todos aproveitaram devidamente.
Mas Luxa, como bom rubro-negro que é, sabe que as histórias de sucesso na Gávea, se escrevem com os craques lá formados. Por isso, não se assuste se o time que começar jogando em 2015 for recheado de garotos formados no clube.
Fonte: 90min