BILHETERIA
Como já adiantamos no primeiro artigo dessa série, o clube foi bastante generoso na estimativa de seus ganhos de bilheteria para o ano que vem. Conforme quadro acima, a previsão é de arrecadar R$ 40 milhões, sendo R$ 33 milhões apenas nos 19 jogos do Brasileirão (ou R$ 1,75MM por jogo). Ou seja, há uma previsão de um incremento superior a 50% em receita de bilheteria, sendo que apenas para o campeonato brasileiro, estima-se uma receita de quase 120% a mais do que o prognóstico feito para 2014.
É impossível chegar lá? De jeito nenhum! Basta repetir a performance global de 2013, quando o clube conseguiu R$ 48 milhões vendendo ingressos. Porém, em 2014, ficamos bem abaixo disso. Até o 3o trimestre o clube havia arrecadado R$ 27 milhões.
Não é fácil tomar decisão à frente de um clube, com tantos trade-offs que o futebol lida: é possível levar mais jogos para outras praças, em busca de maior rentabilidade e ainda assim não afetar o desempenho esportivo? É possível praticar uma política de ingressos mais caros e ainda assim manter o estádio cheio mesmo se o time andar tropeçando? É possível resistir à pressão pela contratação de reforços mais caros e não transigir em relação à verba orçada.
Ressalta-se que acima demonstramos apenas o comportamento da receita bruta, que, na realidade, é oriunda de uma “conta de chegada”. O valor realmente trabalhado pela diretoria é a receita líquida, que é efetivamente o que sobra nos cofres do clube. Vale o destaque de que essa é maior em jogos fora do Rio, onde costumamos ficar com 2/3, ao invés do 1/3 dos jogos do Maracanã. Assim, para atingir a meta, há uma previsão de realização de jogos fora do Rio.
Uma coisa é fato: se quiser ser fiel ao orçamento aprovado, no qual a arrecadação de bilheteria é uma das estrelas, o clube precisará de tudo isso ao mesmo tempo, ou seja, jogar de vez em quando em estádios onde receba mais, cobrar preços elevados no Maracanã contando que o torcedor não o abandonará quando nem tudo sair como o esperado e ainda por cima ser muito criterioso nos gastos do futebol, contratando com parcimônia, mas com qualidade.
Pode ser diferente? Pode, mas se fraquejar um desses elementos do tripé (jogos rentáveis fora do Rio, Maracanã cheio com preços elevados, gastos com rédea curta) simplesmente faltará dinheiro. E se faltar dinheiro, a solução será a mesma empregada em 2014: tomar empréstimos no mercado para poder fechar as contas e evitar o pior, que seria atrasar pagamentos inadiáveis capazes de afetar a rotina do clube, como salários e refinanciamento da dívida tributária.
VENDA DE JOGADORES
O clube vem desafiando o senso comum. Os rivais brasileiros há anos se utilizam da venda de direitos econômicos de atletas para poderem equilibrar suas contas. O Flamengo, porém, segue muito tímido nesse quesito e as previsões para 2015 confirmam sua baixa relevância para as finanças.
CONCLUSÃO
Não vai ser fácil atingir a meta de receitas traçada para 2015. Ela depende, bastante, da disposição do torcedor ampliar seus aportes ao clube, na forma de ingressos e mensalidades do programa de Sócio Torcedor.
Quanto mais essa dificuldade for compreendida, menores serão as pressões por ingressos mais baratos, planos mais em conta de ST e gastos maiores na montagem do elenco. E se as pressões vierem, fica a nossa torcida para que a direção consiga resistir a elas.
Porque em 2016, com o aumento das receitas da TV e um impacto menor das dívidas pretéritas, a tendência é que as finanças do clube o reposicionem como o player mais relevante do mercado.
Fonte: Magia Rubro-Negra