5 ideias defendidas por Juca Kfouri que são pura bobagem.

Brasil Post – O apresentador, blogueiro e colunista Juca Kfouri inspirou gerações de jornalistas esportivos. Com sua defesa apaixonada pela ética, a crítica permanente contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e contra os desmandos da Fifa, cativou milhares de estudantes preocupados com a situação do futebol brasileiro, uma vítima constante do amadorismo e despreparo dos cartolas.

Eu mesmo fui influenciado na época em que fazia faculdade, quando lia na Folha de S. Paulo – e depois no Lance!, e depois na Folha de S. Paulo novamente – suas colunas com assiduidade. Quando fiz o curso de jornalismo do jornal O Estado de S. Paulo, em 2002, tive palestra com Kfouri, que, entre outras coisas, jactou-se de ganhar, entre salários e cachês para dar palestras, mais de 100 mil reais por mês. Pregar a ética paga bem em alguns círculos.

Mas o problema é que fomos todos enganados. Muitas das ideias que aprendemos a defender por causa de Juca Kfouri simplesmente são bobagens, não se sustentam, ou, na melhor das hipóteses, não trariam nenhuma melhoria se fossem adotadas no lugar dos modelos atuais. São mais bandeiras que o ajudam a manter a fama de bom moço do que realmente propostas que mudariam algo na atual conjuntura das coisas. Vamos a elas:

Pontos corridos

Kfouri é um entusiasta do Campeonato Brasileiro disputado por pontos corridos. Segundo ele, é o mais justo sistema de disputa, e não perde em emoção para o sistema mata-mata, no qual uma série de jogos eliminatórios define os times finalistas. Justo? Pergunte aos espanhóis, franceses, ingleses e portugueses qual a expectativa dos torcedores ao começar um campeonato nacional. Serão sempre, com raras exceções, os mesmos times disputando o título: os mais ricos. São os que recebem mais dinheiro da televisão, ganham mais títulos, ficam mais populares, e assim ganham ainda mais dinheiro, num ciclo infinito que alimenta um sistema, na realidade, pra lá de injusto. No Brasil, Flamengo e Corinthians – os times que recebem mais de 100 milhões de reais por ano da TV, enquanto os outros ganham bem menos – só não dominaram o cenário nacional ainda por inaptidão de seus dirigentes.

Mesmo assim, o dinheiro já se fez presente nestes anos de pontos corridos. Em 2005, com a injeção dos milhões do iraniano Kia Joorabchian, o Corinthians passou por cima de times mais estruturados, como o Internacional, com jogadores contratados a peso de ouro, como Tevez, Mascherano e Nilmar. E o Fluminense, com patrocínio milionário da Unimed, pagou salários exorbitantes a jogadores como Conca, Emerson Sheik e Fred, o que lhe garantiu dois títulos nacionais, em 2010 e 2012, sem muita concorrência. A longo prazo, temos tudo para assistir, no entanto, uma espanholização do Campeonato Brasileiro. Da mesma forma que no Espanholão, no qual apenas Real Madri e Barcelona realmente entram todo ano com chances de título, teremos aqui uma disputa entre os maiores orçamentos do campeonato. E lembrando que a NBA, um dos torneios mais citados por Juca quando ele fala de profissionalização do esporte, é famosa pelos seus playoffs.

Calendário europeu

Uma das bandeiras defendidas pelo jornalista é a adaptação do calendário brasileiro ao europeu. Uma panaceia capaz de livrar os clubes brasileiros da ação predatória dos times europeus, que no meio da temporada levam nossos maiores craques. Além disso, isso representaria menos jogos na extensa maratona que é a temporada brasileira. O primeiro ponto é ridículo. Os clubes europeus não ficam com nossos melhores jogadores por causa do calendário, e sim porque têm mais dinheiro. Continuariam levando os craques made in Brasil com ou sem calendário adaptado. Reduzir a maratona dos jogos também depende mais dos clubes que do calendário. Poucos times têm coragem de colocar desprezar os ultrapassados campeonatos estaduais. O Atlético-PR fez isso em 2013, quando disputou o estadual com seu time sub-23, poupando os titulares para disputas mais importantes e, mesmo com um elenco sem estrelas, chegou em terceiro lugar no campeonato brasileiro e foi finalista da Copa do Brasil. Outras melhorias, como evitar jogos do Brasileiro em datas que a Seleção joga, não têm nada a ver com a adaptação ao calendário europeu.

Clube empresa

Dois grande clubes se tornaram efetivamente empresas no Brasil: Vitória e Bahia, ainda nos anos 1990. O resultado foi que ambos foram parar na Série C do Campeonato Brasileiro em pouco tempo e demoraram anos para se recuperar e voltar à Série A. Hoje, os dois estão novamente na Série B, após serem rebaixados juntos ano passado. Juca é do time que acha que o futebol é um grande negócio. Não é. A empresa listada como 500ª colocada no ranking da Fortune fatura mais que qualquer clube de futebol, mesmo em se tratando de gigantes como Real Madri, Chelsea ou Manchester United. No Brasil, o 497º colocado no ranking das Melhores e Maiores empresas do Brasil publicado em 2012 pela revista Exame, os Supermercados Carvalho, do Piauí, faturaram mais que o dobro que Flamengo e Corinthians. Os dois times mais populares do Brasil não são páreo para a 17ª maior rede de supermercados do país.

E clubes de futebol dificilmente vão à falência. E mesmo que vão, não são fechados. Empresas, não interessam o quão tradicional sejam, podem acabar de uma hora para outra. Nada disso justifica a má gestão que produz dívidas absurdas nos clubes brasileiros. Que o governo, que sempre passa a mão na cabeça dos clubes endividados, tome as devidas providências. Mas transformar clubes em empresas não é a solução para nada.

Eurico Miranda é o “câncer do futebol”

O nome do dirigente que acaba de voltar à presidência do Vasco provoca ojeriza nas pessoas “de bem” do futebol. Para elas, ele representa o atraso, a volta das práticas arcaicas que atrapalham o progresso do futebol brasileiro. Para afastá-lo do futebol, vale a pena até fazer campanha explícita e elogiar seu adversário nas eleições vascaínas. Kfouri usou seus textos para proclamar uma nova era quando Roberto Dinamite desbancou Eurico da presidência do Vasco. O ex-jogador seria o exemplo da aurora de um novo tempo no futebol brasileiro, no qual ex-ídolos tomariam o controle dos clubes onde brilharam, como Franz Beckenbauer fez no Bayern de Munique. A imparcialidade neste caso foi para o espaço, mas a causa era boa, não é mesmo? Não. Roberto Dinamite se mostrou afeito a práticas tão nefastas como o velho Eurico. Desvio de verbas, nepotismo e outros malfeitos foram a tônica da administração Dinamite, que conseguiu a proeza de rebaixar duas vezes o Vasco durante sua gestão. Eurico Miranda não é o câncer do futebol. Pelo menos não mais que os outros dirigentes.

Democracia Corintiana

Na época em que ainda vigorava a ditadura militar, a democracia corintiana deveria representar um bem-vindo sopro de liberdade e renovação em um meio tomado por técnicos sargentões e no qual os jogadores tinham pouca voz ativa. Um dos defensores de primeira hora foi Juca Kfouri, então chefe da revista Placar. O problema é que a democracia corintiana, na qual TODOS os jogadores deveriam tomar as decisões sobre se haveria concentração, horário das viagens, a permissão de tomar cerveja em público e até sobre quem deveria ser contratado ou dispensado do time, aos poucos se tornou uma aristocracia comandada pelo diretor de futebol Adilson Monteiro Alves, Sócrates e o lateral Wladimir. Quando os procedimentos não eram democráticos, Juca usava a Placar para defender o movimento. Isto aconteceu quando o goleiro Leão foi contratado. A decisão deveria passar pelo crivo de todo o elenco, mas Adilson Monteiro Alves consultou apenas Sócrates, Wladimir, Zé Maria e a comissão técnica dirigida pelo técnico Mário Travaglini. Casagrande foi um dos que ficaram de fora e chiou com a atitude. A Placar tratou de chamar, pasmem, de antidemocrática a crítica dos jogadores excluídos do processo decisório. Depois de fazer um Campeonato Paulista brilhante, no qual o time sagrou-se campeão, em 1983, Leão deixou o clube do mesmo jeito que entrou: pela decisão de alguns, e não de todos.

Coluna do Flamengo

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