Globo Esporte – A Concessionária que administra o Maracanã divulgou um comunicado para se posicionar diante da polêmica em torno do valor dos ingressos do Campeonato Carioca. A nota toca, em especial, em três tópicos: a relação da empresa com o público que frequenta o estádio, com o Estadual e com Flamengo e Fluminense, clubes que mandam seus jogos no local – ambos do mesmo lado da concessionária na polêmica.
– Acreditamos que é hora de encarar a nova realidade de responsabilidade no futebol na qual alguém paga as contas. Quem pagará a conta do prejuízo líquido e certo com o Campeonato Carioca? A Concessionária? Os Clubes? A Federação? O Governo Estadual e/ou Municipal? – se defende a concessionária, na nota.
A empresa tratou de deixar claro que não teve relação com a nota divulgada pelo Fluminense nesta terça que ironizava a federação e se defendeu das críticas, já que se posicionou contra o baixo valor dos ingressos.
Na sexta-feira, haverá uma reunião com os quatro presidentes dos grandes clubes. O tema, inicialmente, é o campeonato de 2016, mas é provável que continue a argumentação, principalmente por parte do Flamengo, que estima R$ 3 milhões de prejuízo no Estadual com os atuais termos, para que seja adotados critérios menos prejudiciais ao planejamento do clube para arcar com os custos da principal arena carioca depois da sua reforma para a Copa do Mundo.
Confira abaixo o comunicado na íntegra:
“I) Papel da Concessionária Maracanã
Operamos de acordo com o contrato de concessão firmado com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que determina que o Maracanã mantenha contratos com os clubes cariocas, atendendo às legislações que regem as atribuições de uma operadora de estádio. Além disso, como concessionária, temos o direito e o dever de gerir, operar e manter tanto o Estádio como o Maracanãzinho, além de explorar e zelar pela imagem e pelos espaços de todo o Complexo Maracanã. Temos, portanto, a responsabilidade perante o poder concedente de atuar de forma profissional, garantindo sua sustentabilidade técnica, econômica e financeira.
Desde junho de 2013, já realizamos 136 jogos, com 59 times do Rio de Janeiro, de outros Estados e Países, como campeonatos Carioca e Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, além de ter participado da operação da Copa do Mundo 2014. Neste período, tivemos excelente relação com torcedores, jogadores, clubes e entidades organizadoras das competições, atuando sempre em parceria em prol do desenvolvimento do futebol nacional. O Maracanã foi eleito em pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, no início de 2014, o preferido dos jogadores do Campeonato Brasileiro da Série A, com a nota 9,4.
Investimos e temos responsabilidade sobre os serviços prestados, em especial o conforto e a segurança dos torcedores, bem como com os resultados financeiros de nossas operações e dos clubes parceiros. Não alugamos simplesmente o espaço para a realização de jogos, como fazemos com shows e eventos em geral. No caso do futebol, temos participação nos lucros e nos prejuízos das partidas, sendo um dos mais interessados em mudar o quadro histórico de pouca presença de público nas competições do nosso futebol nos últimos anos.
Assim não somos entes estranhos ao futebol, nos interessamos diretamente e temos o direito de nos pronunciar, assim como nos mobilizar acerca de questões estratégicas na atração de público, como formas de competição, horários, preços e garantias de nossos direitos de exploração comercial do Estádio.
- II) Relação com Fluminense Football Club e Clube de Regatas do Flamengo
Trabalhamos em conjunto com os clubes em prol do fortalecimento do binômio clube mandante e estádio. Com orgulho temos como principais parceiros os detentores de metade dos títulos brasileiros dos últimos seis anos. Com eles tratamos em alto nível questões diversas, sempre no espírito de tornarmos o conjunto mais forte e próspero.
Apoiamos os respectivos planos de sócios-torcedores, fundamentais no fortalecimento dos clubes, suportamos as agremiações que mandam seus jogos no Maracanã com campanhas publicitárias, ações em redes sociais e em nossos telões no intuito de atrairmos e fidelizarmos mais público. Somos fiéis parceiros no cumprimento de seus direitos estabelecidos em contrato e não temos nenhuma outra motivação nesta parceria senão o espírito de ganha-ganha.
III) Campeonato Carioca
É de conhecimento geral a crise de atratividade dos campeonatos estaduais em todo o país. E não é a adoção de preços irrisórios que vai levar o torcedor de volta aos estádios. Considerando que cerca de 20% de todo o público tem acesso de forma gratuita ao estádio, 40% pagam meia-entrada e que 20% de toda a renda é destinada ao pagamento de INSS, federações e custos de arbitragem, caso fosse adotada uma precificação de R$ 20 para a inteira no Norte/Sul e R$ 40 a inteira no Leste/Oeste, todos os jogos já seriam deficitários, tanto para os clubes como para a concessionária. Implantando-se o conceito de “meia-entrada universal”, estes prejuízos seriam, portanto, ainda mais acentuados, independentemente da quantidade de público que se conseguisse atrair.
Considerando jogos do Fluminense e Flamengo na Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana, temos já um grande desafio de obtermos equilíbrio financeiro. A realidade é que não cabe num estádio de padrão internacional e com capacidade de 78 mil lugares jogos pequenos com baixíssimo potencial de atratividade de público como a grande maioria das partidas do atual Carioca.
Acreditamos que é hora de encarar a nova realidade de responsabilidade no futebol na qual alguém paga as contas. Quem pagará a conta do prejuízo líquido e certo com o Campeonato Carioca? A Concessionária? Os Clubes? A Federação? O Governo Estadual e/ou Municipal?
Esclarecemos que não participamos da nota emitida em 27/01 pelo Fluminense, mas respeitamos e apoiamos o direito do clube de se pronunciar. Também reafirmamos nosso compromisso firmado em manifesto com o Clube de Regatas do Flamengo e com Fluminense Football Club na luta por um futebol de fato profissional no Rio de Janeiro.”