Em meio a debates acerca da aprovação de uma Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, ontem a presidente Dilma vetou o artigo 141 da Medida Provisória 656 que propunha, sem qualquer contrapartida, o refinanciamento em 240 meses da dívida dos clubes de futebol. O Bom Senso FC celebrou a iniciativa, pois a inclusão do procedimento numa MP sem qualquer relação com o futebol foi enxergada como manipulação, visando o claro benefício dos integrantes da “Bancada da Bola” no Congresso Federal.
Hoje, a Folha de S.Paulo divulgou relatório da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) que mensura o tamanho da dívida dos 12 maiores clubes brasileiros perante a União. O levantamento – que exclui dívidas bancárias e com fornecedores, impostos estaduais e municipais – pode ser enxergado como uma fotografia dos maiores devedores do Brasil no mês de janeiro de 2015.
Porém no ano passado, o portal UOL (do grupo da Folha) divulgou o mesmo levantamento, à época se referindo ao período dezembro-2013/julho-2014. Com base nestas informações, o Blog Teoria dos Jogos compilou os números e elaborou uma tabela que traz à tona quais clubes vem melhor administrando suas dívidas. E quem são aqueles que se deixam conduzir por dirigentes pouco afeitos à responsabilidade no trato das finanças.
O líder da estatística é o Atlético-MG, com nada menos que R$ 282,6 milhões em dívidas federais. Trata-se de um número assombroso em se tratando de um clube cujo teto de receitas se encontra na casa dos R$ 230 milhões – o que o Galo faturou em 2013, melhor ano de sua história. Mais assustador é o fato de a dívida do Atlético ter subido 126,67% justamente de 2013 para 2014, sem que o clube tenha contraído dívidas pesadas, como quando se constrói um estádio próprio. Do ano passado para cá, a variação foi de 3,9%.
O segundo colocado é também o maior exemplo a ser seguido. Capitaneado por executivos que abandoaram a filosofia perdulária de anos anteriores, o Flamengo deve R$ 241,3 milhões, mas a dívida se mostra absolutamente controlada e em viés de queda. A redução de 4,62% (2014 para 2015) sucedeu o estancar da sangria no exercício anterior, configurando também a maior amortização de dívida verificada no período.
O terceiro colocado, Botafogo, deve R$ 219,9 milhões, tendo merecido análise própria neste espaço há alguns meses. O Corinthians (R$ 186,5 milhões) ultrapassou o Fluminense (R$ 172,8 milhões) e apresentou o maior aumento em termos absolutos: R$ 44,5 milhões de 2014 para cá. O fato pode ser atribuído à construção da Arena de Itaquera, que fará com que o clube tenha que desembolsar nada menos que R$ 100 milhões até o meio do ano. De qualquer maneira, é bom ficar de olho na explosão da dívida Tricolor, que subiu inacreditáveis 80% de 2013 para 2014. A saída da Unimed pode ser o início de tempos sombrios no clube das Laranjeiras.
Em sexto temos o Vasco da Gama (R$ 147,7 milhões), trazendo consigo uma grata surpresa. O clube reduziu sua dívida federal em 3,66% ao final de 2014 – sendo o único ao fazê-lo, além do arquirrival Flamengo. Para tanto, a equipe da Colina desembolsou R$ 14 milhões em pagamentos diversos, sendo agraciado com a tão esperada Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. Trata-se de uma das certidões necessárias para credenciá-lo a receber recursos estatais, já que o Vasco era um dos patrocinados pela Caixa.
Infelizmente o levantamento não contempla dívidas anteriores do Internacional, mas ela foi agora a R$ 129 milhões. O oitavo é o Palmeiras (R$ 73,3 milhões), acendendo o sinal amarelo pelos sucessivos aumentos no montante devido. O nono é o Santos (R$ 66 milhões), em relativa estabilidade. Em décimo vem o Grêmio (R$ 40,9 milhões).
No fim da fila, Cruzeiro (R$ 19,7 milhões) e São Paulo (R$ 7,8 milhões) são aqueles com maior tranquilidade, possuindo dívidas em escala absolutamente administrável perante suas receitas. Entretanto, é bom ficar de olho na Raposa, pois seu aumento percentual no período 2013-2015 só perde para o do Atlético-MG.
Fonte: Teoria dos Jogos