Há tempos analiso a movimentação da imprensa esportiva enquanto discurso formador. Sempre procuro, por motivos óbvios, focar meu olhar na relação entre mídia e Flamengo.
Vejamos uns exemplos: Corinthians, Cruzeiro e Atlético MG praticaram preços de ingressos ALTÍSSIMOS ao longo de TODO O ANO DE 2014. Qualquer busca simples no Google pode confirmar isso. O Flamengo, de uma média geral, foi o sétimo ingresso mais caro dentre os 20 clubes da série A, mas quando resolveu precificar uma onda histérica tomou conta de imprensa, parte da torcida e alguns dirigentes obtusos. Até o PROCON se manifestou. Até políticos se manifestaram!!!
O Flamengo é, talvez, o único clube de futebol onde a saída de um jogador ou um técnico em baixo rendimento é contestada à exaustão. Clubes demitem, rescindem e fazem todo tipo de acordo visando seu bem-estar na temporada. Mas no rubro-negro carioca o perna de pau de ontem é o pobre coitado de amanhã. Clubes tratam com técnicos antes de demitirem o atual. Normal e previsível. No Flamengo isso se torna um atentado à honra e à dignidade humana a menos que o profissional saia sem alarde e de maneira polida, como fez recentemente o digno Chicão. Existe uma fomentação convulsiva em torno da polêmica sensacionalista. Criticam a manutenção, a demissão e/ou a contratação. Confunde-se crítica com opinião. Mal moderno.
Atualmente podemos ver uma comprovação empírica disto. Inter, Cruzeiro e Atlético MG nos últimos anos tiveram uma hipertrofia financeira oriunda de investimentos de terceiros. O indivíduo ou o grupo, “injetam” atletas nos clubes seja por visibilidade, seja por paixão às cores. Talvez os dois juntos… Decerto, podemos perceber que este tipo de ação teve seus benefícios: o Inter esteve brigando na parte de cima da tabela com bons elencos e os mineiros enfileiraram os títulos mais importantes do futebol. Outros clubes tentaram o mesmo com menos sucesso, mas tentaram. No Flamengo de 2013, por exemplo, a imprensa bateu firme na entrada do empresário Carlos Leite e seus atletas. O Clube inaugurou sua meta de reestruturação e a vida seguiu. Então clico nos sites e vejo que o Corinthians PEGOU EMPRESTADO um determinado valor com o mesmo Carlos Leite com a finalidade de pagar o 13° de seus jogadores que estava atrasado. Ora, por um raciocínio lógico, se o Corinthians é o segundo maior clube de apelo popular, deveria, em tese, ter a segunda intensificação negativa de discurso da imprensa. Mas vemos o Flamengo contratar o Macelo Cirino, uma “aposta” como afirmam, para a minha perplexidade, alguns “especialistas” e o Corinthians contratar Jonas, o “Schweinsteiger do nordeste”…
A FIFA limitou a ação dos investidores nos clubes. Todos comeram e se lambuzaram com sua fatia do bolo. Inter, Atlético MG, Cruzeiro… Sem falar no mecenato da UNIMED no Fluminense… Grandes contratações, elencos elogiados, títulos exaltados imprensa afora… O Flamengo ensaia uma parceria procurando se adequar às novas regras da FIFA, e em DOIS DIAS, sem sequer ter uma posição oficial do clube, eu li um sem número de textos e opiniões ressaltando o malefício que isto poderia trazer ao clube carioca. Um deles chegou a afirmar grotescamente que a parceria (da qual nem se sabe ainda os critérios) contrariava a política de austeridade rubro-negra!!! Certamente em ano eleitoral o que é claro vira escuro e o que é alto vira baixo…
A “Flapress”, tão alardeada pelo discurso alheio, se é que um dia existiu, terminou em 1992.
Fonte: Espaço Flamengo