Nessa primeira coluna vou falar sobre o time inicial pra temporada 2015. Não adianta eu pensar só com a minha cabeça ou o que eu acho melhor, porque quem escala o time é o Luxa, então vou falar sobre o que eu acho que ele vai fazer, mas dando minha opinião sobre as posições e sobre o time como um todo.
No início do ano, em Atibaia, ele soltou (confira aqui):
– Acabaram com o ponta há anos. Passaram a colocar dois atacantes e quatro no meio, em quadrado ou losango, com os laterais passando o tempo todo. Nesses últimos três anos, houve essa mudança. Passamos a ter dois homens dos lados, um atacante fixo e os laterais passaram a ser mais lateral mesmo. Esse é o perfil que eu vou ter, de velocidade. Dizem que é 4-3-2-1, mas para mim é 4-3-3, com atletas mais soltos. Antes era o ponta fixo, agora tem mais mudança de direção, ocupação de espaço. Velocidade intensa, com mudança de direção e dentro da característica do Flamengo, sempre ofensiva. É óbvio, então, que a escalação tem que partir desse 4-3-3 ou, como diria o mestre Raul Plassmann, 1-4-3-3, já que o goleiro é fundamental! Voltando ao 4-3-3… esqueçam a formação do time do ano passado, que jogava com duas linhas de 4! Ou não esqueçam tanto assim, já que muita coisa parece que será repetida. Como o nobre André Rocha, do blog Olho Tático, da ESPN (pra mim, quem melhor analisa a parte tática no Brasil, pelo menos publicamente), destacou ao longo do “semestre Luxemburgo” em 2014 (confira aqui, aqui, aqui, aquie aqui), embora houvesse variações táticas aqui e ali, o time tinha sempre algumas constantes: um volante fixo à frente da zaga, dois pontas e um “nove” típico. Esse ano, ao que tudo indica, seguiremos este mesmo caminho, com um volante fixo, dois pontas e o “nove” típico. Acho que o time continuará se defendendo com duas linha de 4, algo perto do 4-1-4-1, mas aí é entrar muito na tática, e o objetivo dessa coluna é mais a escalação diante do 4-3-3 dito pelo Luxa. Vamos à ela: Paulo Victor, Pará, Wallace(c), Samir (Bressan) e Anderson Pico; Cáceres, Canteros e Éverton; Gabriel, Cirino e Alecsandro (E. Silva). Agora a explicação do porquê o time será esse: Gol: Paulo Victor é unanimidade dentro do atual elenco. Tivéssemos o Courtois e o Neuer dava pra escantear PV, mas, dentro do mercado, PV tá sobrando! Laterais: Luxa parece vir se atualizando e percebendo que bom time se faz com os melhores jogadores, desde que todos cumpram funções definidas, movimentação constante e encurtamento (ocupação) de espaços e, nesse aspecto, alguém poderia dar prevalência pra Léo Moura e Thalysson (que tá comendo a bola em Atibaia, como você confere aquie aqui), por serem melhores tecnicamente. Mas Luxa não é bobo, e sabe que será massacrado pela mídia e torcida se colocar laterais muito ofensivos junto com o quinteto de ataque e o time começar a tomar gols nas costas de seus laterais. Ele deve preferir laterais que componham bem a última linha e ataquem eventualmente, e sempre revezando nas subidas. Daí a escolha por Pará e Pico. Eu, honestamente, preferia Thalysson, mas não sou eu quem escalo. Segundo Luxa: “laterais passaram a ser mais lateral mesmo”. Ou seja, previsão de laterais mais defensivos… Zaga: Wallace(c)não é o zagueiro mais rápido, nem o mais técnico, nem o mais alto, mas tem um tempo de bola excelente, é muito bom nas coberturas, joga nos dois lados da zaga, tem raça e tem cara de terrorista, que assuta qualquer atacante! A torcida comprou seu barulho e é o dono da zaga! Pra mim, com o tempo de casa que tem (eu sei que 2 anos é pouco se comparado a times europeus, mas, pra nós, é tempo razoável pra ter identificação), com a liderança que exerce e com a superioridade intelectual no meio futebolístico, tem que ser o capitão, ainda que LM esteja em campo (a não ser que seja pra fazer uma homenagem de despedida ao lateral). Quanto a seu companheiro, Luxa não deu indicação ainda de quem será, por isso que não dá pra cravar Samir ou Bressan. Os dois vêm de um 2014 fraco. Samir por conta de muitas lesões e Bressan por problemas extra-campo que o afetaram nas “4 linhas”. Bressan é mais alto e falha menos, mas não é patrimônio dO Clube. Samir é mais baixo e tem falhado bastante (podem reparar), mas é mais ágil e é patrimônio do Fla. Eu iria de Bressan, mas é possível que ele dê mais força pro menino que já tá no clube do que pro cara que ele trouxe de outro lugar. Cabeça de Área: sei que o nome é defasado e a própria ideia de um “destruidor de jogadas” também (vide Flalemanha campeã mundial), mas Luxa jogou o ano passado inteiro assim, alternando entre Cáceres, Amaral e Recife, e duvido que mude agora, principalmente se a ideia é soltar Canteros e Éverton. Sem falar que o desempenho do time foi um sem o Cáceres e outro com ele, o que faz dele o dono da posição. O problema é que Cáceres encara a posição como uma casa de praia, só aparece de vez em quando. Ano passado, salvo engano, ele jogou 34 dos 70 jogos dO Time. Recebe muito amarelo, se machuca às vezes e está sempre com a seleção paraguaia. Em ano de Copa América, a contratação de alguém pro banco é urgente (mas de contratações falaremos numa próxima)! Volantes: se é que dá pra chamar assim, esses serão o coração do time, tendo que marcar forte e sair pro ataque com velocidade e inteligência. Como foram os melhores do time no ano passado, acho que não é preciso grande explicação para Éverton e Canteros serem os titulares. Aproveito pra mandar o recado pro Luxa: faça os dois treinarem pênaltis dia sim e outro também! Precisamos de bons batedores de pênalti (Léo Moura e Alecsandro são meio piada nesse sentido) e que esses batedores sejam assíduos em campo e saibam jogar bola. Pra mim, ninguém melhor que os dois pra isso! Eventualmente pode ser que o Luxa “prenda” um dos volantes, provavelmente Canteros, e faça o time jogar num 4-2-3-1, como a maioria dos times brasileiros. Nesse caso, o Éverton faria a linha de 3, alternando de posição o tempo inteiro com os dois pontas. Pontas: mais uma denominação antiga, mas que ajuda a entender a função. São os atacantes pelo lado do campo, mas que tem a obrigação de descer com os laterais, fechando a segunda linha de 4 junto com os volantes. Pra isso eles precisam de muita velocidade, muito fôlego e criatividade, já que não temos o “dez” e eles costumam ser o desafogo do time. Cirino e Gabriel completam bem todas essas características e, como o Paulinho ainda está machucado (só volta em março), são claramente as melhores opções. Sinceramente, não me preocuparia muito com quem vai ser titular dessa posição. Pra fazer marcação pressão, marcação no campo do adversário, encurtamento de espaços, alternância de posição, contra ataque rápido e ataque também rápido é preciso de gás, muito gás. Assim sendo, esses dois “pontas” vão sempre precisar ser renovados, seja durante a partida, seja entre as partidas. Além de Paulinho, também podem jogar nessas posições: Arthur Maia, Mugni (apesar de ter outro ritmo e outra função), Nixon, Eduardo da Silva (com menos fôlego que os outros) e até Márcio Araújo e Luis Antônio (que já jogaram quase de ponta direita com Luxemburgo e Jaime). Outro que já jogou, e muito bem, pela ponta esquerda é Éverton, que também pode ser deslocado pra lá, desde que tenha alguém a seu lado pra ajudar a compor o meio campo. Ou seja, embora Cirino e Gabriel começem como titulares, não tenho nenhuma dúvida que é a posição que terá mais alternância durante os 70 jogos da temporada, e acho que estamos razoavelmente bem servidos nessa posição (os times tão arrancando os cabelos pra ter esse jogador de velocidade). Nove: já falei duzentas vezes que o futebol moderno exige mais movimentação, então jogadores mais fixos tendem a ser raridade. Alecsandro ainda é um desses. Embora costume sair bastante da área e ajude bastante no combate aos zagueiros, Alecsandro ainda é pouco móvel. Sem mobilidade, acaba ficando muitas vezes impedido (foi o 4º pior do Brasileiro) e não chega tão bem assim na hora das finalizações (o que está diretamente ligado à ideia de que ele perde muitos gols até fazer um, já que nem sempre consegue se mexer para o posicionamento ideal, diferente do que fazia o Brocador). Eduardo da Silva, por conta da sua condição física deficiente na volta da Europa, também não se movia muito, mas tem maior capacidade de jogar fora da área e se mostrou certeiro nas finalizações, com provavelmente o melhor aproveitamento de gols por minuto jogado do campeonato. Eduardo seria meu titular, pela maior mobilidade e pontaria, mas me parece que ele mesmo não fica muito confortável em jogar de costas pro gol. O ano passado não ajuda como parâmetro pra saber quem o Luxa vai definir, porque nunca tivemos os dois nas pontas dos cascos. Ainda assim, algo me diz que começaremos com Alecsandro. Não se espantem se, eventualmente, jogarmos com Nixon de titular. Em alguns jogos, pra “empurrar” mais o adversário e dar aquela canseira (contra o Shaktar, por exemplo, que estará suportando temperaturas 30º maior que estão acostumados), é possível que ele coloque o time no 220, com o Nixon lá na frente. A conferir. Obs1: É óbvio que qualquer mudança no elenco pode mudar tudo dito até aqui, principalmente na vinda do Arouca ou de um típico 10, mas, se eles vierem, prometo que volto a perturbar vocês. Obs2: Essa matéria foi escrita antes dessa aquido Eduardo. A matéria dele é notícia e foi apurada por ele, ou seja, é informativa. A minha é totalmente opinativa, ainda que baseada em informações públicas. Posso ser desmentido no 1º jogo-treino que teremos essa semana ou nos amistosos, mas não muda uma linha do que foi escrito aqui sobre o time que eu penso que o Luxa vai escalar como titular. Foi isso por hoje. Sei que ficou grande, mas espero que tenham gostado. Até a próxima! robsoncoimbrfla@gmail.com
