República Paz e Amor – Esse é um texto pós-jogo, pós-praia, pós-pôr-do-sol, e acima de tudo, pós-ressaca. Na certeza que seria campeã no domingo fiz a festa no sábado. Sim, um dia antes. Humildemente, claro. Acordei com a cabeça explodindo e as coisas da casa girando mais que o Sandro Silva, o novo Dedé. Escolhi o biquíni, vesti o manto sagrado, coloquei o radinho de pilha na bolsa (se é pra acompanhar o jogo pelo rádio que seja com reverência) e fui “assistir” Flamengo x São Paulo na praia. Logo ao chegar tive a ousadia de invadir uma partida de futebol na areia para dar uma bronca em um pequeno zagueiro: “ô garoto, teu gol tá aberto, não pode sair assim não, fica lá na tua posição, nada de subir para o ataque.” Ele se distraiu comigo e perdeu a bola. Mas, um companheiro do seu time recuperou a pelota pela ponta direita, driblou seu marcador, chegou ao fundo e fez um cruzamento perfeito para quem? Ele! Que ainda estava por ali na área mesmo depois da minha cornetada. O danadinho pegou a bola de primeira e marcou um golaço. Conclusão: minha curta carreira de técnica de futebol foi do céu ao inferno nas areias de Ipanema. Ou você acha que o moleque deixou barato? Correu na minha direção e fez aquele sinal de silêncio com o dedo na boca: shiiiiiiiiiiiiiiii.
Me recolhi. Óculos escuros. Rádio ligado. E água. Muita água pra hidratar. Mal a bola começou a rolar em Manaus e eu já estava arrependida de ter saído de casa. Decisão é coisa séria. E se tinha uma taça em jogo eu não poderia dar esse mole. E não me venham com o velho papo de que não estava valendo nada. Vendo a cara espantada dos vendedores de Mate que passavam por mim sem saber de onde estava saindo o som (deixei o rádio estrategicamente posicionado na bolsa) – quando alguns identificavam o que estava rolando até paravam pra perguntar: E aí? Tá quanto? – Comecei a temer pela minha reação no momento do gol. Sim, eu estava pensando nisso até que aos 32 minutos acompanhei o locutor narrando o Luiz Antônio (quando ele quer…) recebendo a bola na ponta direita, dando um drible no marcador, chegando ao fundo para cruzar perfeitamente para o nosso zagueiro(!!!!) que pegou de primeira e marcou um golaço! Dei um grito de GOOOOOLLLLL, espantei meia dúzia de gringos que estavam do meu lado, e imaginei o menino Samir correndo na minha direção. Déjà vu! O sonho nosso vem dos lugares mais distantes, terras dos gigantes, super homem, super mosca, super carioca, super campeã, super series, super eu, super eu, super euuuuuuuu!!!!!!!
É o Flamengo, mais uma vez campeão, no coração do Brasil. Ou melhor, o Flamengo É o Coração do Brasil. E como vocês já sabem, quando meu time entra em campo para uma decisão começo a comemorar o título um dia antes. Por isso estou acompanhando atentamente o impasse do Clube com a Federação do Estado do Rio de Janeiro que pode nos impedir de conquistar mais um Estadual. O Flamengo foi voto vencido na reunião que decidia o preço dos ingressos, entrou com um recurso e publicou o Manifesto por um Futebol Carioca Profissional: “Avançamos muito nos últimos 25 anos e não podemos ficar à mercê do retrocesso nas relações legais, econômicas e políticas entre clubes, estádios e federações. Os seus papéis, prerrogativas e responsabilidades são claras não cabendo em pleno ano de 2015 intervenções indevidas e abuso de poder.” Pelo Flamengo eu quero ganhar tudo. Até disputa jurídica. Então, obviamente, estou com o meu clube nessa. Só gostaria de lançar também, quando essa questão for resolvida, um manifesto para a Concessionária. Mas isso já é outro papo. Por hora, o título conquistado neste domingo, “os gols dos dois meninos” e o pôr do sol…tudo isso renovou e fez brilhar de novo o meu sorriso. Com a licença poética do mestre Melodia.
Pra vocês, Paz, Amor e Títulos.
Vivi Mariano