Noventa minutos e muitas histórias no Maracanã.

Blog do Mansur – Em tese, um Flamengo x Boavista que termina com vitória rubro-negra por 2 a 0, num Estadual farto de atuações protocolares de grandes contra pequenos, seria apenas mais um jogo. Mas o Maracanã não viveu uma noite convencional nesta quinta-feira. Foram 90 minutos e diferentes histórias. Primeiro, a arte de transformar a entrada no estádio em um teste para a paciência do torcedor. Depois, um primeiro tempo sofrível de um Flamengo que, dependente da velocidade, não achava espaço para correr. Em seguida, um novo time no segundo tempo, quando o contra-ataque se ofereceu. Para terminar, 25 minutos de Leonardo Moura em campo.

Mas não foram 25 minutos quaisquer. Foram os primeiros desde que se tornou de domínio público que está no fim a passagem pela Gávea do segundo maior lateral-direito da história rubro-negra. É daqueles personagens cada vez mais raros. Dez anos num só clube. Conta-se nos dedos no futebol atual. Numa era de times cada vez mais sem face, sem rosto, o torcedor do Flamengo tinha uma certeza: iria ao estádio e Leonardo Moura estaria lá. Virou uma espécie de bola de segurança. Se incontáveis vezes o Flamengo ganhou por causa dele, raramente, muito raramente, perdeu por causa dele. A forma como o Maracanã aplaudiu sua entrada diz muito sobre a relação que construiu com a torcida.

Tão raro quanto um jogador ficar dez anos vestindo uma mesma camisa hoje em dia, é fazê-lo com mínimos traumas, desgastes. A relação entre Leonardo Moura e o Flamengo pode não viver seu auge neste final, mas o lateral não permitiu que o desgaste descambasse para o desrespeito. Pareceu ter a precisa compreensão do tamanho da instituição que representava. Não coleciona choques, traumas. A quase totalidade dos dez anos de convivência teve a marca do respeito.

Mas antes de Léo Moura entrar em campo, na metade final do segundo tempo, outra história se desenvolvia no Maracanã. Esta, com a aparente marca do desrespeito. O esforço para cortar custos de operação do estádio faz o Maracanã reduzir acessos, setores disponíveis, gente trabalhando e até luz. Desta vez, o cálculo pareceu ter falhado. Como se os 24 mil presentes fossem muito mais do que o esperado. O estádio se defendeu. Argumentou que o problema não foi falta de acessos e de funcionários, mas um excesso de pessoas comprando ingressos na hora do jogo. A concessionária informou que só três mil bilhetes foram vendidos antecipadamente e outros 15 mil foram comprados a partir das 17h, ou seja, duas horas e meia antes do apito inicial.

No entanto, é curioso notar que, num campeonato em que quase sempre falta público, quem decide ir ao jogo vira elemento surpresa. Como se fosse um ser excêntrico.

Muita gente não viu o primeiro tempo. Não perdeu muito. Por 45 minutos, o Flamengo esbarrou em seu problema recorrente. Não há mal algum em ter um time veloz. Velocidade é virtude. O ruim é ser dependente dela. Algo que ocorre com certa frequência em jogos do Flamengo. E quando, seja pelos erros técnicos do time, seja pela marcação do adversário, as jogadas verticais ficam tolhidas, o time rubro-negro costuma se perder. Insiste na solução rápida, confunde velocidade com pressa.

Vanderlei Luxemburgo tenta, com o material humano que tem, melhorar a saída de bola, fazer o time iniciar o jogo com qualidade de passe e ampliar suas opções diante de defesas fechadas. Mas Canteros estava mal. Não só ele. No primeiro tempo, Nixon abusou das precipitações, das decisões apressadas. Éverton e Arthur Maia também atuavam mal. Sobrava Marcelo Cirino contra a defesa rival. No segundo tempo, ele se mostraria decisivo.

Antes, as chances foram escassas. Dois cruzamentos, um de Thalyson e outro de Pará, encontraram Éverton e Nixon, respectivamente. As finalizações não acertaram o alvo. A tal jogada de velocidade, aquela que o Flamengo prefere, só surgiu aos 42. E, como de hábito, resultou em boa chance. Marcelo Cirino lançou Éverton, que quase marcou.

O Flamengo perdia o sentido coletivo e raramente tinha paciência de trabalhar a bola com passes. Até que veio o contra-ataque. Eram 11 minutos do segundo tempo quando Nixon apanhou um rebote da zaga e lançou Marcelo Cirino. Ele correu da intermediária até o gol. E abriu o placar.

O panorama mudou. Aberto, desanimado, o Boavista deu espaços. Aí Éverton cresceu, associou-se a Marcelo Cirino e as jogadas surgiram. Com a entrada de Leonardo Moura na direita, Pará se transformou em boa opção pela esquerda. Até que, aos 27 minutos, Marcelo Cirino deu belo passe para Éverton decidir o jogo e colocar o Flamengo na liderança.

Coluna do Flamengo

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  • O segundo maior LD da história do Flamengo???? Em números com certeza, mas em qualidade talvez não. Esqueceram de mencionar o Toninho (titular da seleção brasileira na Copa do mundo de 1978) e o Jorginho(titular da Copa do mundo de 1994).

  • Fui ao Maraca e vi as filas . O erro è só da Concessionária ? Então façam um teste . Vamos todos deixar para comprar entradas para o teatro meia-hora antes do espetáculo começar . Mil pessoas na fila sendo atendidas por um ou dois guichês . Quantos vão conseguir entrar na hora certa ? Os jornalistas ao invés de incentivarem as pessoas a tornarem-se STs ( sem fila ) ou comprarem os seus ingressos antecipadamente ( pontos físicos ou internet ) preferem atacar quem tem muito pouco a fazer . Mesmo se dobrassem o número de guiches ( mais custos com mais funcionãrios , prejudicando também os clubes ) , ontem , não resolveria . Comprar um ingresso hoje no guiche leva muito mais tempo do que no passado , principalmente se for para meia-entrada ( apresentação e digitação dos dados para evitar fraudes ) . Atualmente o bilheteiro precisa entrar no sistema , atender o pedido do torcedor para o setor e o assento desejado e imprimir o ticket e o recibo . Tem que mudar è a cultura do torcedor .

    • Concordo que pras coisas funcionarem a contento deve existir uma soma de fatores...
      Ser ST ajuda pq ja resolve tudo pela Internet... sem contar que ajuda o time...
      Ir com antecedência comprar o ingresso...
      Mas acho que podia ter um "cambista" credenciado... uma bilheteria móvel... o cara sai com 10 ingressos... e vende só entrada inteira... e sem troco... 1 entrada 40 reais... então o camarada que quer agilizar a vida já leva sua grana trocada...
      Criar novos meios de agilizar o processo...

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