Álvaro Oliveira Filho – Num campeonato tão desnivelado, em que um abismo técnico separa os grandes dos pequenos, o risco de acontecer um resultado surpreendente é pequeno, mas existe. E está quase sempre relacionado à acomodação ou auto-suficiência do time favorito. Foi o que aconteceu no jogo desta quarta-feira, no Maracanã, entre Flamengo e Volta Redonda. Ainda sem Éverton, seu principal jogador, o Flamengo começou assustando. Primeiro num cruzamento errado de Gabriel, que quase enganou o goleiro Douglas; depois, num lindo passe de Gabriel para Cirino, que deixou a bola escapar ao tentar driblar o goleiro adversário. O jogo estava com apenas seis minutos e parecia muito fácil para a equipe rubro-negra. O Volta Redonda mantinha Aleílson na linha de meio-campo e todos os demais congestionando a frente da área. Raramente conseguia trocar mais do que três passes até ser desarmado.
E isso acabou provocando uma certa acomodação em campo. Quando Kayo avançou em velocidade desde a sua intermediária, aos 18 minutos, encontrou a marcação desatenta. Livrou-se de Canteros e tocou para Niltinho, que avançou um pouco mais e arriscou o chute de fora da área, acertando o poste esquerdo de Paulo Victor. Henrique vinha chegando e, com o peito, conseguiu mandar a bola para a rede.
Apesar do susto, o Flamengo continuou buscando mais o ataque. Mas jogava lentamente, como se disputasse um amistoso. A exceção era Gabriel, o único que conseguia incomodar a defesa do Volta Redonda. Sozinho, no entanto, não teve forças para mudar o resultado.
No intervalo, Vanderlei Luxemburgo corrigiu a escalação ruim do primeiro tempo, trocando Mugni e Eduardo da Silva por Paulinho e Alecsandro. O time voltou mais aplicado e não demorou a chegar ao empate. Aos dez minutos, Cirino recebeu de Canteros na entrada da área, mas errou o chute. A bola sobrou para Paulinho, que acertou o canto direito de Douglas.
O gol animou ainda mais o Flamengo. Paulinho errou uma cabeçada quando estava frente a frente com Douglas e acertou o poste esquerdo no minuto seguinte, ao completar um cruzamento de Márcio Araújo. Mas o gol não saía e o suspense entre os torcedores aumentava. Até que, aos 40 minutos, Luiz Antonio recebeu livre e rolou para Alecsandro empurrar para o gol vazio, sacramentando uma vitória justa da equipe rubro-negra. Justa e mais sofrida do que o necessário. Diante de adversários modestos, a melhor estratégia deveria ser construir a vantagem o quanto antes para administrar no final. E não fazer o contrário. Ontem, e na maioria das vezes, dará certo, pela diferença entre os times. Mas um dia certamente vai dar errado.
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