República Paz e Amor – Campeonato Estadual virou meu Bojador. Aquele cabo tão temido e imortalizado pelo Pessoa. Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor. É esse meu sentimento a cada jogo do Flamengo no Euricão 2015. Logo eu que sempre ADOREI o carioqueta. Sempre achei tão charmosinho jogar contra um América, um Bangu, um Madureira, um Bonsucesso da vida. Esses jogos-vintage. Essas partidas-retrô. Atualmente vou contando as horas, e fico ouvindo passos. Nós que precisamos passar por essa competição (precisamos?) combalida, falida e mal estruturada, temos que passar também além da dor. De tomar gol de Almir. De ter a obrigação de golear, mas vibrar com uma vitória sonolenta. Penso até, mesmo com uma teimosia aqui, uma escalação absurda ali, que o professor Luxemburgo segue trabalhando intensamente para fazer o Flamengo acontecer. Mas, tem elenco limitado, que ainda sofre com os chinelinhos por natureza e os desfalques do “acaso”. Everton, com edema na parte posterior da coxa esquerda; Arthur Maia, com desgaste também na coxa esquerda; e Jonas, que sofreu uma entorse no tornozelo direito. Sim, eu quero passar além do Campeonato Bojador. Sim, eu quero passar além da dor. Mas, desanimo e sou engolida por ele. Temo que minha embarcação suma nesse mar salgado do campeonato estadual.
Peço desculpas aos meus queridos 11 leitores (fora o banco). Sou discípula de Schopenhauer. É o Flamengo como vontade e representação. E isso vai muito além do mundo. É o pessimismo tomando conta de mim durante 90 minutos. Aquele jogo maroto na quarta à noite, aquela partida desafiadora de assistir no Engenhão. E o time do Flamengo passa a ser a representação, uma tradução, daquilo que meus sentidos fazem a partir das informações advindas do “mundo exterior”, leia-se, do gramado. E aí, desanimo. E imploro para São Judas e toda milícia celeste para que a diretoria trabalhe, trabalhe e trabalhe dia e noite por reforços para o Brasileirão. Nós merecemos um Campeonato Brasileiro decente. Nós merecemos um ELENCO. Por favor, segurem aqui a minha mão. Me abracem. Vocês que curtem uma marcha, me arrastem, e sigamos juntos pedindo reforços. Como uma boa discípula que sou, ou uma discípula boa, dos “Arthurs” [Schopenhauer, Antunes Coimbra, Muhlenberg] – estou infame hoje, reparem – sei que a vontade é destituída do princípio da razão. E que cada um de nós (torcedores rubro-negros) temos a nossa vontade particular e seguimos lutando contra outras vontades políticas, uma luta inglória que culmina em…sofrimento!!!! Mas, se me revisto do rubro-negrismo de nascença, reconheço que há somente uma vontade nessa vida: Vencer, Vencer e Vencer. Sim, essa vontade de Flamengo, livre, independente e essencial do universo. Que supera todo sofrimento (ou pessimismo): SER FLAMENGO.
Volto ao Pessoa. Ao Bojador. E a dor. E lembro que Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas foi nele que espelhou o céu. E de súbito passo a acreditar que as “peças que ainda faltam” serão preenchidas, e que veremos espelhados nessa realidade incerta de um time “em formação” as vitórias que convencem, os títulos que merecemos e a conquista do MUNDO que desejamos com muita vontade e acima de tudo representação rubro-negra.
Pra vocês,
Paz, Amor e Vontades.