Filho de Bebeto critica Fla: ‘Precisam dar mais valor à base’

ESPN – “Minha primeira palavra foi ‘gol’, não foi ‘pai’, nem ‘mãe’ (risos). Eu quebrava a casa toda chutando bola, não podia ver nada na frente que queria chutar, desde pequeno estava no sangue”. Definitivamente, o destino de Mattheus era ser jogador de futebol.

Filho de Bebeto, um dos heróis do tetra, o meia começou sua carreira aos 10 anos, no futsal do Flamengo. Na Gávea, passou oito anos, sendo lapidado na fábrica de craques rubro-negra para um dia ser, assim como seu pai, titular da linha de frente flamenguista.

As primeiras chances vieram cedo. Logo aos 17 anos, já treinava com os profissionais, logo após conquistar o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior. A estreia pelo time adulto veio já no ano seguinte, no Campeonato Carioca, com mais algumas oportunidades no Brasileirão.

Ao mesmo tempo, vinham as convocações para as seleções de base, assim como os olhares cheios de cobiça dos times europeus. Em 2013, a poderosa Juventus, da Itália, quase o levou por R$ 5 milhões, mas um aumento de 900% no salário o fez renovar com o Fla por três anos.

Era a hora de brilhar, de ser o craque, de honrar o nome de Bebeto. Certo?

Mas foi aí que tudo desandou.

No primeiro jogo do time rubro-negro em 2014, Mattheus perdeu uma chance clara de gol e acabou substituído debaixo de muitas vaias na vitória por 1 a 0 sobre o Audax. No jogo seguinte, até se redimiu, fazendo uma linda jogada e dando assistência para o tento do triunfo sobre o Volta Redonda. No entanto, a irregularidade seria a marca do atleta, e as chances começaram a rarear.

Sem espaço na equipe onde cresceu, o meia acabou acertando por empréstimo com o Estoril, de Portugal, onde tenta recomeçar e reencontrar o bom futebol dos tempos da base. De Portugal, ele trata o Flamengo como “página virada” na carreira, e também critica o clube por não saber como tratar as joias de suas categorias inferiores.

“O clube precisa dar mais valor para a base. Não adianta cobrar sem dar uma sequência ao jogador, ainda mais porque a transição da base para o profissional é muito difícil”, dispara o meio-campista, de 20 anos, em entrevista à Rádio ESPN.

“É preciso dar sequência de jogo para os garotos. Não adianta jogar uma vez e depois só depois de um mês atuar de novo. Você precisa de confiança, de alguém que fale: ‘Você só precisa se preocupar em jogar, mais nada’. Caso contrário, é óbvio que o cara não vai jogar”, prossegue Mattheus, que agora só pensa no futebol internacional.

“O Flamengo para mim é hoje uma página virada. Minha cabeça está toda no Estoril. Estou feliz e motivado por estar aqui, atuar na Europa sempre foi um sonho meu de infância e é muito bacana estar num clube em crescimento, que já disputou duas edições da Liga Europa”, discursou.

Apresentado em fevereiro por seu novo time, o filho de Bebeto tem contrato com a equipe lusa até o meio do ano, com possibilidade de compra. O contrato com o Flamengo, renovado em maio de 2013, vai até 2016.

Até o momento, o novo camisa 27 da equipe amarela ficou apenas no banco em duas oportunidades, sem ainda ter feito sua estreia pelo novo clube. A próxima chance é no dia 4 de abril, no difícil duelo contra o Porto, no Estádio do Dragão.

Do embala-nenê a trapalhadas com Joel

Mattheus virou famoso antes mesmo de nascer, graças ao gesto imortalizado por seu pai na Copa do Mundo de 1994. Quando Bebeto marcou contra a Holanda, nas quartas de final, fez a famosa comemoração do “embala-nenê”, já que o filho havia nascido apenas dois dias antes da partida, no Rio de Janeiro. Mais de duas décadas depois, isso é assunto sempre presente na vida do ex-flamenguista.

“É bem comum ouvir das pessoas que que se lembram muito da comemoração do meu pai e não acreditam como tempo passa rápido. Vejo muitos vídeos da Copa de 94, vi o jogo da Holanda e da Itália na ESPN quando estavam passando as reprises. É engraçado isso de ser conhecido logo que nasci”, comentou.

O filho de Bebeto, inclusive, já teve até que dar explicações a uma televisão holandesa, que o questionou sobre o gesto.

“Perguntaram se era algum tipo de homenagem pra mim ou se meu pai estava tirando sarro da cara deles, porque eles nunca tinham visto ninguém fazer algum gesto parecido com aquilo (risos)! Mas expliquei tudo direitinho e acho que, pela primeira vez, eles entenderam o que aquilo significou”, contou.

Dos tempos de Flamengo, Mattheus guarda memórias boas e ruins, e também algumas histórias bem engraçadas. A melhor delas aconteceu com o técnico Joel Santana, a quem o meia trata como um “segundo pai”, e faz o atleta do Estoril cair na risada.

Aconteceu em um Grêmio x Flamengo, no Rio Grande do Sul, em 24 de junho de 2012. A equipe gaúcha vencia por 2 a 0 e, para tentar mudar o panorama do duelo, Joel chamou Mattheus, que havia atuado apenas duas vezes pelo profissional. O garoto aqueceu, viu as instruções na prancheta do “professor” e ouviu do treinador: “Meu filho, vai lá e entra no lugar do Pet”.

Só havia um problema: o sérvio Petkovic não estava mais no Fla, já que havia se aposentado um ano antes…

Mattheus teve que se virar.

“Eu pensei: ‘Do Pet? Mas ele se aposentou!’. Por ser moleque, achei que, se eu perguntasse pro Joel, ele ia me dar um esporro e desistir de me colocar no jogo. Fui correndo preencher a súmula, olhava pro campo e pensava: ‘Quem será que ele quer tirar? Ibson não é, Aírton também não pode ser…’. Quando olhei no ataque, estava o Botinelli. ‘É ele mesmo! O cara é gringo, loiro e joga na frente, só pode ser ele’ (risos)”, gargalha.

E, de fato, o argentino era o eleito de “Papai Joel” para sair. Mattheus chamou o gringo e entrou na partida, mas nada pode fazer, e o Fla acabou derrotado mesmo por 2 a 0. Apesar da derrota, a memória que ficou daquele jogo para o canhoto foi cômica.

“Se eu quisesse, poderia ter substituído qualquer um aquele dia, mas o Joel ia comer meu fígado (risos). Eu adoro o Joel, é uma figuraça, um pai pra mim. Foi o cara que me lançou no profissional, que me deu oportunidades e confiança. É um paizão”, lembrou.

Milton Medeiros

Ver comentários

  • Concordo com uma preocupação/profissionalização da base... mas aí me pergunto: será o Clube é o único culpado?

    A lembrança positiva que o cara tem é a do técnico ter trocado o nome de um jogador, numa DERROTA por 2 a 0 ???? Cadê a lembrança de um gol, de um passe interessante, de um jogo em que foi o melhor em campo? NÃO TEM!!!!!

    SRN

  • “O Flamengo para mim é hoje uma página virada. Minha cabeça está toda no Estoril. Estou feliz e motivado por estar aqui, atuar na Europa sempre foi um sonho meu de infância e é muito bacana estar num clube em crescimento, que já disputou duas edições da Liga Europa”
    E destaco principalmente, "... atuar na Europa sempre foi um sonho meu de infância...", um rapaz deste (se é que realmente falou isso) tinha vontade de atuar pelo Flamengo?.
    A garotada entrou na despedida do Leo e mostrou logo pra que veio, será que serão astros? Não sabemos mais vi muito mais garra e dedicação no pouco que atuaram, com boas jogadas e inclusive com gol do Matheus Sávio!
    SRN, CRN: 624063.

  • Realmente vc tem razão Matheus, o Fla precisa dar valor a base. mas pera aí? o Paulo Vitor, Cesar, Luis Antônio, Samir, Frauches, Nixon vieram de onde? Matheus vc tem que se decidir o que quer da vida, vai ficar debaixo das asas do famoso pai Bebeto ou vai correr atrás e dar o sangue em campo? Vc teve algumas chances no profissional e todas elas vc parecia que estava jogando uma pelada com os amigos. Vc tem que entrar e jogar como os garotos que vieram de favelas e famílias pobres, dando o máximo de si em campo querendo agarrar aquela chance da vida. Vc já é um adulto, não tem que ficar mais na barra de saia do pai. Vire homem de verdade e vai a luta na vida.

  • Aproveita pra comer muito bacalhau, volta e vai pro vasquinho.

  • Dessa vez tenho que concordar com matheus, se eles tivessem dado mas valor aos jogadores da base ele nunca tinha passado por la,tinha sido mandado embora a muito tempo

    • Caro Sergio Henrique Borges, esse MATHEUS não joga nada só tem esta repercussão no futebol por ser filho de BEBETO, queria ver se fosse filho de um simples trabalhador esse menino estaria jogando no Bonsucesso ou Olaria.

  • Os mesmos que pedem mais paciencia com os jovens, sao os mesmos que esculacham todos os jovens que jogam alguns minutos e nao vao bem, fato...

  • Galera, admito que o Flamengo não dá muita chance para que os seus atletas de base sejam promovidos, mas esse MATHEUS é sacanagem, o Cara um tremendo Morcego, Sanguessuga, não corre só quer a bolinha no pé e não se esforça dentro de campo, ele teve inúmeras chances e nunca mostrou nada. Que demonstre o seu futebol no Clube que estiver mas com este futebolzinho que ele tem não vai chegar a lugar nenhum.

Notícias recentes

Flamengo vence Botafogo e avança à final do Carioca Feminino Sub-20

Mariana, Ana Papel e Nicoli marcaram os gols do Flamengo O Flamengo está classificado para…

21/09/2024

Flamengo precisa quebrar jejum histórico para superar Peñarol e avançar na Libertadores

Flamengo não vence um jogo no Uruguai há quase 30 anos Com a derrota por…

21/09/2024

Ídolo rubro-negro, Gabigol pode não jogar mais com a camisa do Flamengo

Gabigol não viajou para a partida contra o Grêmio, neste domingo (22) O clima no…

21/09/2024

Flamengo acerta retorno de atleta para próxima temporada

Brie O'Reilly volta ao Flamengo para jogar o Campeonato Carioca e a Superliga Enquanto a…

21/09/2024

Ônibus de adversário do Flamengo cai e causa 3 mortes

Coritiba Crocodiles viajava para o Rio de Janeiro para encarar o Flamengo neste sábado (21)…

21/09/2024

Flamengo empata com o Boavista pelo jogo de ida das semifinais do Cariocão Sub-20

Flamengo e Boavista empataram em 1 a 1 neste sábado (21) Em busca de uma…

21/09/2024