Sportv – Vitorioso no Brasil, Vanderlei Luxemburgo não conseguiu escrever a sua história no Real Madrid, onde ficou entre janeiro e dezembro de 2005. Dez anos depois, o técnico avaliou a passagem pelo clube merengue no “Seleção SporTV” e garantiu que, hoje, se sentiria mais pronto para comandar uma equipe europeia.
– Me sinto até mais preparado, pelo discernimento das coisas que aconteceram, do que anteriormente. Minha saída se deu por uma desavença de cinco minutos com o presidente após o jogo com o Getafe. Meu percentual era fantástico, de campeão espanhol. Mas o Barcelona tinha um percentual maior que o meu (risos). O time do Ronaldinho Gaúcho voava – diz.
O presidente citado por Luxa era Florentino Pérez. E o jogo contra o Getafe foi, curiosamente, vencido pelo técnico por 1 a 0, mas não evitou vaias da torcida, um reflexo por uma derrota por 3 a 0 para o Barcelona sofrida pouco antes.
– Algumas coisas eu faria diferente. O maior problema é o idioma. O futebol tem um linguajar universal, mas para colocar coisas importantes sem o domínio do idioma, complica. Para dar certo na Europa, tem de ter um prazo. Você tem de se adaptar ao futebol europeu.
Na temporada 2004/2005, Luxa caiu nas oitavas da Copa do Rey, sendo eliminado pelo Valladolid, e depois acabou eliminado pelo Juventus na mesma fase, na Liga dos Campeões. Já no Campeonato Espanhol, terminou com o vice-campeonato, atrás apenas do Barcelona. Na temporada 2005/2006, já com Robinho e Júlio Baptista de reforços, oscilou no campeonato nacional e sofreu para se classificar para as oitavas da Liga dos Campeões, estreando com derrota por 3 a 0 para o Lyon. No “Seleção”, Luxa lembrou da queda para o Juventus.
– Perdi a classificação para o Juventus na Liga dos Campeões. Ganhamos em casa por 1 a 0 e fizemos o segundo jogo em Turim. Era o time do Fábio Capello. Levei Zidane e Ronaldo voltando de lesão e botei para jogar. E o Juventus não vinha para cima. Não entendia. Mesmo precisando do resultado, o time ficava preso. Perdíamos chances e eles nada. Veio o segundo tempo, Zidane murchando e Ronaldo debilitado, então troquei. Botei Morientes e Guti. Faltavam 15 minutos, eu com resultado na mão, e na hora que troquei o Juventus veio marcar em cima. Aos 43 minutos, fizeram o gol. Na prorrogação, me tiraram a classificação. Aquilo ficou na minha cabeça. Chamei Zizou e perguntei: “O que aconteceu?” Ele falou: “Mister, o senhor tirou eu e Ronaldo, eles têm medo da gente”. Zidane prendia dois, Ronaldo também. Fui trocar e perdi uma classificação. Sabe quando faria isso de novo? Vai jogar de perna quebrada. Você desconhece isso. Eu queria entender o medo que eles tinham dos craques – conta.
Luxemburgo admitiu que o clima no vestiário madrilenho era complicado. Segundo o técnico, havia uma clara divisão entre espanhóis e estrangeiros, o que dificultava a situação para um treinador brasileiro.
– Existe uma defesa bem grande de espaço. Espanhóis defendendo espanhóis dentro do futebol espanhol, tanto é que hoje tem uma seleção forte. E há resistência com estrangeiros. Observam se ele vai treinar. É um vestiário muito complicado (…) Mas qualquer técnico brasileiro que estiver na Europa desde jovem vai fazer sucesso. O problema é chegar no Real e ter de fazer sucesso no primeiro momento. Fui no meio do caminho, no meio da janela – lembra.
Depois que voltou da Europa, Luxemburgo venceu Estaduais pelo Santos (2006 e 2007), Palmeiras (2008), Atlético-MG (2010), Flamengo (2011).
Esse Luxemburgo na verdade não conquista nada grande já algum tempo. Está na hora de mostrar que realmente entende de futebol e grupo e não somente de dinheiro com suas comissões e ganhar este BR 15.