Globo Esporte – Os seis meses em que ficou parado por conta de uma grave lesão no joelho direito foram difíceis para Paulinho. Controlar a ansiedade era uma das tarefas mais complicadas. E um dos que colaboraram durante esse período foi o tatuador carioca Marcelo Carneiro. O camisa 26 é fã de tatuagens e já tinha várias pelo corpo. A última delas foi feita após a cirurgia, quando pediu para Marcelo tatuar “1988”, ano de seu nascimento, na barriga. Missão cumprida, e o resultado do desenho foi comemorado pelos dois.
Paulinho é apenas um dos jogadores e ex-jogadores do Flamengo que já foram tatuados por Marcelo desde o ano passado. O primeiro da fila foi o atacante Arthur, que em 2015 deixou o Rubro-Negro e se transferiu de volta para o Londrina-PR. O começo dessa ligação do artista com o clube foi, no mínimo, curiosa. Um morteiro acidental foi o “culpado”.
– Durante a Copa do Mundo, um morteiro estourou o vidro do meu carro. Veio do condomínio ao lado do meu. Fui lá conversar com o cara, e ele foi gente boa, pagou o conserto. Naquela coisa de bate-papo, perguntando o que o outro faz, ele me disse que conhecia uma galera que estava a fim de fazer uma tattoo e que marcaria uma reunião em casa para me apresentar. Um deles era o Arthur, que era jogador do Flamengo na época. Aí foi um indicando para o outro. Depois do Artur veio o Amaral, depois Hernane, Paulinho, Felipe, Everton, Elton, Marcelo, e por aí vai.
Outro fato curioso é que Marcelo torce para o Vasco, arquirrival do Flamengo, ainda que não seja um daqueles fanáticos pelo time cruz-maltino. Ele diz que a alma já virou rubro-negra.
– Acompanho bem pouco. Hoje em dia posso dizer até que tenho alma um pouco mais flamenguista do que vascaína. Meu pai era flamenguista doente, me levava no Maracanã para me convencer a ser também, mas eu lutava contra. Virei vascaíno porque tenho família portuguesa. Hoje sei mais quem joga no Flamengo do que no Vasco. Conheço o hino do Flamengo, mas não o do Vasco.
Marcelo sempre gostou de tatuagem, mas antes trabalhava como designer gráfico. Bem-sucedido na profissão, foi diretor de arte e de criação de agências de publicidade no Brasil e em Portugal. Foi durante uma convenção de tatuagens que ele acabou comprando uma máquina. Começou ainda de forma amadora e, em 2008, virou profissional. Hoje Marcelo chega a fazer oito tatuagens por dia quando o movimento é muito bom. Em outra profissão, ele novamente atingiu o sucesso. E os casos engraçados do dia a dia existem aos montes, segundo o próprio.
– A gente deveria escrever um livro, “Crônicas de um tatuador”, porque muita coisa acontece de engraçado num estúdio de tatuagem. Um cara botou nas costas um “Vai tomar no ***” grandão. Outro tatuou “Eu amo a Sheilinha” de ponta a ponta. Uma semana depois ele voltou pedindo “pelo amor de Deus” para cobrir aquilo, mas não tinha como cobrir. O pessoal chega bêbado para fazer tattoo, então a coisa pode não dar muito certo (risos).
Marcelo trabalha atualmente num estúdio em Curicica e em outro na Barra, ambos na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Quando se trata de jogadores, ele normalmente atende na casa do cliente, que se sente mais à vontade. As tatuagens hoje são a vida do carioca, que ganha o dia principalmente quando aprova por completo os desenhos que faz.
– Gosto das tattoos que fiz no Felipe (goleiro ex-Fla). A coruja que fiz no peito do Marcelo achei bem legal, pena que não dá para ter uma boa noção por causa do pouco contraste. O número que fiz na barriga do Paulinho ficou bem legal também. Ele sofreu muito, mas valeu a pena.