GE – Contratação de Armero, interesse da Udinese em Samir, espera por Montillo, mercado sul-americano, perfil dos possíveis reforços, participação de Vanderlei Luxemburgo nas negociações… Em pouco mais de uma hora de entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, o diretor-executivo de futebol do Flamengo, Rodrigo Caetano, falou de tudo um pouco, mas a forma como o clube vai se posicionar o mercado foi o assunto principal. Além de garantir que a situação com o lateral-esquerdo colombiano segue indefinida, o dirigente avisou que o Rubro-Negro deverá vender jogadores até o final do ano para equilibrar as finanças.
– É bom lembrar que o Flamengo está num processo de recuperação financeira que envolve um processo de venda de jogadores. O importante é chegar ao ponto em que isso não seja necessário – disse, ao comentar a sondagem da Udinese por Samir.
Outros assuntos relativos à infraestrutura do clube também entraram em pauta: reforma no Ninho do Urubu, utilização da Gávea e procura por um estádio para o ano que vem. Rodrigo, sobretudo, se mostrou otimista com relação ao futuro rubro-negro. Se não garantiu que o time será estrelado para a disputa do Brasileiro, disse ao menos que as perspectivas são animadoras.
– É um elenco de muita boa qualidade, versátil. Para vislumbrarmos títulos, falta incrementar qualidade. Não sei se isso será possível neste ano. Temos uma boa perspectiva para 2016. Não tão boa como 2017, mas melhor do que neste ano. O torcedor vê isso. Chegará o momento em que o Flamengo poderá incrementar essa parte.
Confira abaixo trechos da entrevista em detalhes:
Chegada de Armero
– Não temos essa situação definida. Gostaria de passar isso, mas ainda não é o tempo. É um nome que estudamos e iniciamos uma conversação. Já trabalhou com Vanderlei e jogou Copa, experiente. Quando chegarem reforços, que sejam para agregar qualidade. Concreto não está.
Perfil dos reforços
– Queremos jogadores versáteis. É uma das premissas. Pico e Pará jogam nas duas laterais. Luiz Antônio também. Pode ser uma opção. Tenho experiência no futebol. Volto a frisar que não tem nada disso (acerto com Armero). O perfil são jogadores para o meio, para o ataque e alguém que possa suprir a necessidade de acordo com a versatilidade.
Modelo de gestão do Flamengo
– No Vasco e no Fluminense era diferente, cada um com sua filosofia. Uma questão relacionada ao orçamento. Não adianta outros nomes do departamento de futebol terem determinado desejo. Tudo passa pela governança, temos um orçamento. Não vamos dar um passo maior que a perna, sabendo que temos a exigência da maior torcida do Brasil. Sempre vamos tentar acertar, com uma forma transparente de liderar pessoas. As funções vão muito além de contratar e liberar atletas. Estou satisfeito com esse tempo de Flamengo, com a relação que tenho com a comissão técnica. Tudo isso se traduz com o que é feito dentro de campo.
Participação de Vanderlei nas contratações
– Talvez em outros clubes ele tenha atuado de forma diferente. Temos que envolver o treinador. Como contratar alguém sem o crivo do técnico? É o primeiro passo para dar errado. O processo envolve uma série de pessoas. Os nomes são sugeridos às vezes pelo Vanderlei. O Flamengo também tem um centro de inteligência que busca nomes, mas só vai à frente com o sinal verde do Vanderlei. Não se pode desprezar o serviço de pessoas como o Vanderlei. Ele está inserido, mas algumas etapas é o clube que conduz.
Interesse da Udinese por Samir
– Ele é um jovem identificado pelo clube. Não será a primeira nem última sondagem. Se há alguma coisa se está vindo um jogador para a saída dele, isso não existe. Mas é bom lembrar que o Flamengo está num processo de recuperação financeira que envolve um processo de venda de jogadores. O importante é chegar ao ponto em que isso não seja necessário.
Montillo: vale a pena a espera?
– Primeiro que nós tentamos um atleta no final do ano, não só o Montillo. Foram jogadores dessa função. Não tivemos sucesso, não só a nível financeiro. Muitos clubes não se desfazem desses jogadores. Tentamos o Jadson no início do ano… Desde janeiro, estamos conversando com o Montillo. Ainda não veio, mas mantemos nossa esperança. Ele tem contrato até 2016. Nossas propostas foram negadas, mas isso não invalida novas tentativas. Se me pergunta se vale esperar? No momento não identificamos outro nome.
Interesse de outros clubes em Cirino
– Muitas vezes se deixa de vender um jogador e depois é preciso ligar para outros clubes o absorverem por empréstimo com você pagando salário. Queremos que o Marcelo se destaque, até fazendo gols, mas sabemos que o mercado de julho para agosto vem forte. Não vem aquecido como níveis anteriores em quantidade, só de qualidade. Eu não definiria como risco, mas vamos tentar nos garantir para que ele fique até lá na frente.
Atuações de Jonas
– É um jogador que vem surpreendendo, não apenas pela qualidade, mas pela forma como se adaptou fácil. Quando vem de times de menor investimento, questionamos. Acompanhei muito esse jogador na Série B ano passado. O destaque do Sampaio Correia era a dupla de volantes. É jovem que, quanto mais se destacar, mais desperta interesse. Não se contrata jogador de seleção. Ele tem surpreendido. Tem muita mobilidade, joga com as duas pernas.
Herança da Holanda na Gávea
– A Gávea faz parte da sede do clube. A sede do futebol é no Ninho. Se não está perfeito, existem projetos e recursos. O Ninho nos dá privacidade e condições de realizar treinamentos integrais. Como mudou a lei lá atrás, temos que criar situações para que o clube seja escolhido. O Flamengo… por estar trabalhando nesse sentido, de honrar compromissos, os agentes acabam optando por levar o jogador para o Flamengo. A condição do CT é favorável. Durante muitos anos, o São Paulo pagava menos, mas tinha esse diferencial. Com o Flamengo estamos trabalhando para ter esse diferencial. Já temos um espaço e isso é uma vantagem em relação aos rivais do Rio. A gávea está destinada à base.
Andamentos da reforma no Ninho
– Eu adoraria ter uma varinha e desenhar o projeto para a realidade, mas vai caminhar. É uma escolha de Sofia. Se perguntar a um torcedor se ele prefere um jogador ou investir em um CT, ele vai preferir o jogador para ontem. Temos que investir na equipe e na estrutura física. Quando libera recursos, é natural que as coisas sejam demoradas. É uma cobrança para que a gente acelere para melhorar as condições. Até mesmo a parte visual. As condições para trabalhar são boas. Por ter obras, pode não ficar bem visualmente. Estamos finalizando as obras que foram definidas para que o Flamengo tenha o certificado de clube formador, o que não temos ainda. Somos formadores de fato, mas não de direito.
Estádio para 2016
– Essa questão é superior a mim. Temos um vice de patrimônio, mas é um desafio definir qual será a casa do Flamengo em 2016. Estão buscando opções. Eu não sou a pessoa certa para falar isso. Está em um processo de estudo.
Sócio-torcedor
– Vendo o tamanho de torcida e o apelo do time, nos perguntamos isso (sobre o fato de que o time não é líder nesse quesito). Os atletas perguntam isso quando veem o tamanho do Flamengo. Como não somos os primeiros em sócios? Quase todas as solicitações pedidas ao futebol, nós atendemos. Se vier outro jogador como o Marcelo (cirino), vai dar uma alavancada. Temos que atender o maior número de ações. Tenho certeza que o torcedor também se pergunta.
Caso Hernane
– O Flamengo não recebeu o dinheiro e cobra da Fifa. Isso está com o jurídico e há uma expectativa positiva em 2015. Inclusive, porque o clube lá não é bom pagador. É uma situação que nos atrapalha o planejamento. É um dinheiro que poderíamos trazer outro atleta.
Fama de centralizador
– É minha obrigação estar atento e participar de tudo. Não significa tomar a decisão sozinho. Isso só aumenta a responsabilidade. Faço parte de uma equipe, mas tenho a obrigação de saber de tudo. Caso contrário, poderia sair de férias após o período de contratações. Não posso ser cobrado e alegar que não sabia de nada. Daí para tomar decisão sozinho… isso não é verdade. O que mudou é que estou mais flexível. Cada clube tem uma característica, e hoje faço parte de uma equipe com grande diretoria. Não sou o grande responsável, como era em 2009, numa situação muito caótica. No Flamengo dá para planejar melhor.
Mercado sul-americano
– Em relação ao mercado sul-americano, o leigo acha fácil trazer. A alta do dólar não ajuda. Mesmo sendo uma média abaixo do futebol brasileiro, a transferência é cara. Raros são os casos de jogadores em fim de contrato. Há um valor de aquisição que não é baixo. Muitos jogadores saem para a Europa. Não é simples, mas é nossa obrigação mapeá-los.
Objetivo para o Brasileiro
– É um elenco de muita boa qualidade, versátil. Para vislumbrarmos títulos, falta incrementar qualidade. Não se isso será possível neste ano. Temos uma boa perspectiva para 2016. Não tão boa como 2017, mas melhor do que neste ano. O torcedor vê isso. Chegará o momento em que o Flamengo poderá incrementar essa parte.
Interesse em Conca
– O Conca tinha aceitado conversar. Parou ali nosso nível de conversa.
Expectativa para os próximos anos
– O torcedor vê o Maracanã como seu estádio. As iniciativas são muitas. Disputar em cima é nossa obrigação. Teremos um centro de treinamento. São quesitos fundamentais para tomadas de decisão. Muitos atletas de mercado gostarão de jogar no Flamengo. Os salários estão em dia. O Flamengo vem avançando. Espero que possa melhorar nos próximos anos. Em 2015, o torcedor é o melhor assunto.
Saída de Léo Moura
– Eu tinha admiração pelo Léo. A pior coisa era enfrentar o Flamengo com ele. Tive que enfrenta-lo como adversário por muito tempo. O conhecia por questões de família. É uma figura fantástica que retrata bem o que é o Flamengo. Não sei te definir se ele queria continuidade. Mas queria que ele terminasse o carioca conosco. Surgiu essa proposta para ele, que foi um projeto de vida novo. O Flamengo pôde reconhece-lo. Ele será um dos ídolos eternos do clube.