Extra – As pernas compridas e a vontade de não ser excluído do futebol dos mais velhos fizeram Marcelo Cirino chamar atenção nas peladas entre ruas rivais na cidade de Maringá, no Paraná. No asfalto de uma praça próxima à casa da família, “Marcelinho”, como era chamado pelo pai, Cesarino, e a mãe, Maria, deu os primeiros e largos passos para se tornar o velocista mais cobiçado do futebol brasileiro em 2015, e destaque do Flamengo.
— Ele tinha habilidade para jogar entre os mais velhos. Sempre teve esse pique, essa força de arranque. Era diferenciado nesse detalhe, habilidoso. Já era meio “Pernalonga”. Isso com 14 anos — lembra o irmão Rafael, 27, que transferiu o sonho ao caçula para ajudar a família com obras.
O Flamengo constatou na pré-temporada que Cirino alcança velocidades mais altas que os 30 km/h nas partidas e tem um arranque de dez metros em pouco mais de um segundo. Números de corredores de cem metros rasos. Mas Marcelo já chamava atenção no Grêmio Maringá, onde foi descoberto pelo olheiro do Atlético-PR, Ticão, de Apucarana. Destaque em 2013, Marcelo ainda jogava pelas laterais. No Flamengo, inaugura o lado artilheiro na mão de Vanderlei Luxemburgo.
— Posso usá-lo por dentro ou por fora. Prefiro por dentro. Mas vou alternar — disse o técnico. Cirino parece mesmo estar em todos os lugares do campo. Mas a família temeu a mudança de posição
— No começo a gente pensou que poderia complicar um pouco do estilo dele. Não gostava de receber a bola de costas. Ele gosta de ir de frente para o gol. Mas está sendo ótimo. Ele não é egoísta. Isso é desde pequeno — conta Rafael, lembrando que na estreia Marcelo tocou para Alecsandro marcar podendo fazer o gol.
No grupo do Flamengo, Cirino já é tratado como um dos mais queridos pelo discurso de humildade na frente dos holofotes.
— Tirando a qualidade, é muito comprometido com o grupo, se interessa pelo coletivo. Sempre fala do coletivo, nunca exalta ele mesmo. De velocidade, finalização. Vanderlei conseguiu extrair coisa que não viam nele. Fazer gol. Tem muito a acrescentar — disse o zagueiro Bressan.