Renato Maurício Prado – Acostumado com Leandro, um dos maiores laterais da história do futebol mundial, confesso, custei a enxergar em Leonardo Moura o seu verdadeiro valor. Mas à medida que os anos foram passando, seu talento, aliado à permanente dedicação e ao desmedido amor pela camisa que vestia (sempre se disse flamenguista), acabaram me conquistando e à toda Nação Rubro-Negra. Por isso, admito, foi duro assistir ao seu jogo de despedida.
Vê-lo chorar, aos prantos, ao chegar ao Maracanã, me deu um nó na garganta e encheu meus olhos de água. Pensei em desligar a televisão, ou pelo menos mudar de canal. Mas a consciência de que aquela seria a última vez que poderia apreciar suas arrancadas e seu toque refinado, ao chegar à linha de fundo, me fez resistir diante da telinha. E valeu a pena.
O primeiro tempo de Léo Moura foi simplesmente impecável. Digno de suas melhores atuações, quando ele e o outro lateral, Juan, eram o que havia de melhor num Flamengo dirigido por Joel Santana, com Toró escalado no meio-campo, apenas para cobrir os avanços dos dois alas — autênticos armadores numa equipe eivada de volantes.
Grande Moicano! Ajudou (e muito!) a ganhar um Brasileiro, duas Copas do Brasil e um punhado de Estaduais. Ficou faltando a Libertadores, que escapou num ano em que a campanha parecia tão bem encaminhada, mas acabou frustrada por três gols do gorducho Cabañas, em pleno Maracanã, na fatídica noite de despedida de Joel. Uma pena, mas nada a ponto de manchar a bela carreira de Léo Moura no Mais Querido.
Antes de chegar à Gávea, o lateral (revelado pelo Botafogo) perambulou por todos os clubes grandes do Rio e alguns outros de São Paulo e até do exterior. Nunca chegou a se destacar. Até o dia em que envergou o manto e a história passou a ser outra. Há jogadores que parecem nascidos para brilhar em determinados clubes. Exatamente como Leonardo Moura no Flamengo, seu clube de paixão.
Vai em paz, Moicano. Esses dez anos foram mais do que suficientes para garantir um lugar de honra no coração da maior torcida do país.
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