Entre as Canetas – Em meio a um tempo em que borderôs são maquiados pela Federação para dar a aparência de sucesso de público no Estadual, em que a Federação fatura mais do que alguns clubes nesses mesmos borderôs, em que a Federação se alia com dois dos principais filiados contra dois dos principais filiados – aliás, para que mesmo precisamos de Federação? – neste domingo tem Vasco x Flamengo. Seja quando e como for, um espetáculo inesquecível. Não dá mais para ser o Clássico dos Milhões, porque não se consegue mais colocar os tsunamis de gente que se colocava no velho Maracanã. Mas seja qual for o público, quem for jamais esquecerá.
Fui a muitas edições desse clássico. Como numa de 1975, quando aprendi que o Vasco é o time da virada – o Flamengo abriu 2 a 0 com 15 minutos de jogo e seu rival virou para 3 a 2 no segundo tempo.
Estava lá acompanhado por mais de 176 mil pessoas em 1976, sentado com meu querido pai entre um degrau de arquibancada e outro, vendo pela primeira vez em minha vida um gol aos 20 segundos de jogo – de Luisinho Lemos, para o Flamengo, que venceu por 3 a 1.
No ano seguinte lá estávamos vendo um show de bola de Roberto Dinamite, que atropelou gente ilustre como Carlos Alberto Torres e Vanderlei Luxemburgo, fazendo dois dos 3 a 0 do Vasco.
Como esquecer em que lugar da arquibancada estava eu em 1978, no jogo do famoso gol de Rondinelli, que abriu as portas para o Flamengo virar um dos maiores times da história?
Em 1979, estava lá e vi o Vasco 4 x 2 Flamengo de Zico, atuação de gala de Katinha – ninguém mais além de mim, de Katinha e do zagueiro rubro-negro Nélson, que praticamente encerrou a carreira, vai lembrar disso…
Eu e, sempre, meu bom e velho pai, não podíamos faltar ao 2 a 1 que deu o título estadual ao Flamengo, em 1981, e que, injustiça com aquela máquina de futebol, ficou marcado como o jogo do ladrilheiro…
1982, e lá estava eu vendo um improvável campeão estadual, o Vasco, batendo o já campeão do mundo Flamengo – 1 a 0, gol de Marquinho.
A história ia correndo, e eu na geral do Maracanã via a consolidação de Bebeto como craque, marcando o primeiro gol do 2 a 0 em cima do Vasco, Fla campeão estadual de 1986.
No ano seguinte, sempre com meu pai – até na geral inseparáveis – vi Tita virar heroi pelos dois protagonistas com o gol do título estadual pelo Vasco sobre o rival.
No ano seguinte comecei a trabalhar com jornalismo esportivo e passei a acompanhar o Clássico dos Milhões da Tribuna da Imprensa. Mudei o olhar, mas o coração continuou se emocionando com o duelo.
Ainda deu, em 2004, para aproveitar umas raras férias e ver mais um heroi efêmero desse clássico, Jean, três gols numa final, 3 a 1 sobre o Vasco. Nesse não estava com meu pai, mas com meu filho, Rafael. Também inseparáveis, frequentamos muito aquela arquiba até 2009, um ano antes de ele ter perdido o jogo, no último minuto, para um câncer.
Fui a esses e a muitos outros Vasco x Flamengo ou, como queiram, Flamengo x Vasco, como será o deste domingo. Mas mesmo que tivesse ido a um só, jamais me esqueceria enquanto viver…
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