Flamengo precisará falar sobre cotas de TV

Fonte: Blog Deixou Chegar

Não é de hoje que a diretoria do Flamengo se coloca como uma das principais vozes para discutir mudanças no futebol brasileiro. Desde a liderança de Eduardo Bandeira de Mello nos avanços da MP do futebol, até os duradouros embates com Eurico Miranda e a Federação do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), o Flamengo quase sempre é citado quando envolvem clubes que protagonizam os debates pelo futuro do futebol brasileiro.

Mas há algo que separa o Fla de outros clubes brasileiros politicamente. Uma distância de dezenas de milhões de reais, aproximadamente. A disparidade na divisão de cotas de TV tem sido assunto recorrente entre os dirigentes dos clubes. A projeção é de que, a partir do ano que vem, o Rubro-Negro passe a receber R$ 170 milhões anualmente, assim como o Corinthians. O segundo mais próximo seria o São Paulo, com R$ 110 milhões. A diferença aumenta a ponto de dar apenas R$ 60 milhões a clubes de tradição, como Internacional e Cruzeiro, bicampeões da Libertadores.

Por mais que o presidente Eduardo Bandeira de Mello refute o desequilíbrio com resultados atuais, nivelados pelo pagamento de dívidas e a incompetência de Fla e Corinthians na gestão do futebol, as projeções geradas por essas receitas são preocupantes para o futebol brasileiro. Quantos clubes poderiam se dispor a gastar tanto para acertar as contas e ainda assim manter uma folha salarial robusta como a do Fla? Quantos podem gastar R$ 40 milhões em uma aposta como Alexandre Pato? Principalmente em um país em que os direitos de TV correspondem a 36% das receitas dos clubes, em média, de acordo com o levantamento do consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi (2014).

Sobre o desequilíbrio, EBM afirmou que “se algum dia essa questão do desequilíbrio vier a se confirmar”, o clube pode pensar em algo. É um modo de postergar a discussão, que também está no cerne da modernização do futebol brasileiro. É difícil imaginar que os outros clubes aceitem se associar com o Fla por um futebol mais profissional, pela criação de uma liga, sem discutir a questão dos direitos de TV. E não se faz campeonato brasileiro com Corinthians e Flamengo apenas (não seria surpreendente se os outros times batessem o pé até que o problema chegue a esse ponto).

A Espanha, por exemplo, já reconheceu o erro na divisão dos direitos de TV e irá corrigir essa distância, com começo provável no ano que vem. A partir de um decreto do governo, ficou decidido que 50% das cotas serão iguais, com 25% sendo definidos pelos resultados esportivos dos últimos 5 anos e 25% definidos a partir da “notoriedade” da equipe. Em uma projeção apresentada pela Trivela, a estratégia, também adotada na Inglaterra, diminuiria consideravelmente a distância entre as cotas aqui no Brasil. Na temporada 2013-2014, com os clubes negociando individualmente os direitos, o Valencia, terceiro colocado em receitas de TV na Espanha, recebeu 23,3 milhões de libras a menos do que o Cardiff City, último colocado no mesmo ranking da Premier League.

Não, o Flamengo não vai abrir mão de um dinheiro que já assegurou por contrato (ou está a ponto de assegurar). E nem sei se deveria mesmo. Mas o Fla depende cada vez menos das receitas de TV. O aumento do sócio-torcedor, do patrocínio e das bilheterias como fontes de renda têm sido mais cruciais para o clube. Segundo o levantamento de Somoggi, dos R$ 347 milhões de receita do Flamengo em 2014, apenas 33% vieram da televisão (essa participação foi de 54% em 2012, de acordo com o clube).

Aceitar discutir as cotas de TV, reconhecendo a distância entre o que o Fla e os outros times ganham, seria uma boa maneira de mostrar que o clube está realmente interessado na melhoria do futebol brasileiro como um todo, e não somente na sua própria superioridade. O Brasileirão já não tem muitos atrativos. É um campeonato caro, com arbitragens ruins, jogos ruins, estádios vazios e ingressos nada baratos, fora as trapalhadas de STJD, cartolas e afins.

O que resta ao nosso futebol? O equilíbrio de um país continental e de vários centros esportivos. Polarizar isso entre Flamengo e Corinthians, em um ciclo virtuoso de “mais cotas, mais interesse pelos clubes, mais torcida para eles, e mais cotas”, assassinaria a última coisa que o futebol brasileiro tem a oferecer. A discussão sobre direitos de TV mais justos bate à porta, e o Flamengo que não se esconda: isso tem a ver com o clube também.

Milton Medeiros

Ver comentários

  • Esse texto tem respaldo em que??? O clube de Regatas do Flamengo não tem que se solidarizar por uma teórica divisão de cotas mais justas... O flamengo conseguiu esse contrato com a Globo simplesmente porque é um dos times que mais trás lucro para a globo. A globo vende esse horário para empresas propagarem suas imagens e suas marcas por fortunas e caso o horário não tivesse uma atratividade no horário óbvio que não receberiam verdadeiras fortunas... Coloca no horário nobre chapecoense contra sport recife e retire flamengo e corinthians desse horário... A globo perderia de audiência até para ngt!!!! Então logo não é justo tal divisão igualitária caso isso aconteça o flamengo terá que dividir sua cota de camisas, patrocinios, bilheteria, sócio torcedor, lucro na venda de jogadores, divisão dos títulos e outras coisas mais...

    • Estava pensando no que responder a esses bandos de invejosos e de times medíocres.
      Edson você falou tudo faço de suas palavras as minhas.

    • É fácil ser egoísta quando se está tirando vantagem. Isso é bem coisa de capitalista.
      Mas o capitalista não entende que sem os outros ele não é ninguém. Não adianta crescer sozinho.

  • Porque na hora que o Flamengo estava acabado em dívidas, a ponto de fechar suas portas, ninguém se solidarizou!? Agora todos os leões viram gatinhos!!

  • Artigo besta. O Fla dá audiência e pronto. Tem de receber mais por isso.
    E
    no Brasil há times demais. Nenhum outro campeonato no mundo começa
    tendo 12, 10 times com chances de ser campeão. É bom que alguns times
    brasileiros se sobressaiam para ter força para disputar com os europeus.
    E com isso, alguns chamados grandes, mas que na verdade são ou serão médios irão sumindo do cenário nacional.
    Foi muito bom, por exemplo, para o basquete, o Fla ter um time forte que foi campeão mundial.
    Será
    muito bom, se daqui a uns 10 anos, ou menos, o Fla e o Corinthians
    tiverem condições de ter um timaço no nível de Barcelona e Real Madri

  • Artigo besta. O Fla dá audiência e pronto. Tem de receber mais por isso.
    E
    no Brasil há times demais. Nenhum outro campeonato no mundo começa
    tendo 12, 10 times com chances de ser campeão. É bom que alguns times
    brasileiros se sobressaiam para ter força para disputar com os europeus.
    E com isso, alguns chamados grandes, mas que na verdade são ou serão médios irão sumindo do cenário nacional.
    Foi muito bom, por exemplo, para o basquete, o Fla ter um time forte que foi campeão mundial.
    Será
    muito bom, se daqui a uns 10 anos, ou menos, o Fla e o Corinthians
    tiverem condições de ter um timaço no nível de Barcelona e Real Madri

  • Texto idiota! Digo ao seu autor duas premissas básicas. 1) o Flamengo tem 1/5 da população, logo, a proporção fica justa, considerado o valor pago a todos os times; 2) os clubes são associações privadas, logo, uma lei não pode regular isso. O Flamengo deve manter como está, também a partir de 2018, exceto no caso de criação de uma liga, quando a discussão seria conjunta e sem o jugo da CBF ou de federações.

  • Texto idiota! Digo ao seu autor duas premissas básicas. 1) o Flamengo tem 1/5 da população, logo, a proporção fica justa, considerado o valor pago a todos os times; 2) os clubes são associações privadas, logo, uma lei não pode regular isso. O Flamengo deve manter como está, também a partir de 2018, exceto no caso de criação de uma liga, quando a discussão seria conjunta e sem o jugo da CBF ou de federações.

  • Quer comparar os campeonatos ingles e espanhol com o brasileiro seu doido? Na inglaterra só tem 3 ou 4 brigando todo ano pelo titulo e na espanha só da Real ou Barça e ai? A cota de TV aqui no Brasil não define quem é maior ou menor dentro de campo pois todo ano 10 ou 12 equipes brigam pelo titulo e na Copa do Nrasil de vez em quando ganha um timinho qualqer portanto essa materia é besta e sem fundamento. O calculo é o seguinte: Se o Flamengo e o Corintians tem mais torcedores e da mais audiencia então DEVEM RECEBER MAIOR COTA e fim de papo,

  • Então, Leonardo de Caprio (ganha 25mi us$) teria q receber o mesmo fos outros atores,pq sem eles não da p filmar?O políticos ganham 200 mil a milhões e ngm fala em dividir c povo?

  • Alguém quer ver barra mansa x olaria? Ou fiasco x foguim? Ngm quer ver times pequenos

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