Entrevista: Alexandre Póvoa fala sobre próxima temporada do FlaBasquete

Fonte: Site Oficial Flamengo

Atual campeão do Novo Basquete Brasil, o Flamengo planeja a próxima temporada para conquistar novos títulos. Alexandre Póvoa, vice-presidente de Esportes Olímpicos, já participou de conquistas como a Liga das Américas e do Mundial de basquete e vê o Rubro-Negro cada vez mais forte para 2015/2016. “A obrigação do Flamengo é perpetuar o compromisso com a vitória”, revela.

Em entrevista exclusiva ao site oficial do clube ele comentou sobre o futuro do FlaBasquete:

1- Como tem sido a formação da equipe de basquete rubro-negra, o Orgulho da Nação, para a temporada 2015/16?
Alexandre Póvoa: Desde aquele histórico dia 30.05, quando levantamos em Marília o tricampeonato seguido do NBB (o quarto na história), temos trabalhado duro para formar a melhor equipe possível, dentro do nosso orçamento, para a temporada que começa. É regra no basquete do Flamengo somente começa a negociar com qualquer jogador – seja já do elenco ou de fora – quando termina a temporada, por respeito ao nosso grupo. Focamos 100% em ganhar os campeonatos e acho que a fórmula tem funcionado nos últimos anos.

Como temos chegado sempre às finais, alguns jogadores “fecham” com outros clubes que foram eliminados antes. O trabalho dos últimos 45 dias foi intenso, com o Marcelo Vido à frente das negociações, com canal aberto comigo. Primeiro, conversamos individualmente, olho no olho, com cada jogador para entender os planos e a motivação de cada um, independente da parte financeira. Desde que assumimos, entre as temporadas, adotamos a filosofia de que “time, desde que seja para melhorar, pode ser mexido sempre, mesmo que esteja ganhando praticamente tudo”. A obrigação do Flamengo é perpetuar o compromisso com a vitória.

Estamos satisfeitos com os resultados até agora na formação da equipe. Já tínhamos por contrato o Olivinha e o Meyinsse e renovamos com o Gegê, Benite e Marquinhos, além de termos estendido por seis meses (janeiro a junho), o contrato com o Marcelinho. Anunciamos ontem o JP Batista, que é um jogador muito experiente (14 anos fora do Brasil, entre EUA e Europa) e acho que, com sua qualidade, vai nos ajudar muito na posição de pivô. Temos, então, 7 jogadores adultos nesse momento.

E o Humberto? Surgiram rumores em São Paulo de que não viria mais para o Flamengo…
Alexandre Póvoa: Infelizmente, nesse momento sim. Tomamos um enorme cuidado antes de fazer anúncio de qualquer atleta. Só fazemos quando nos chega o “termo de compromisso” assinado pelo jogador, que tem a validade de um pré-contrato, já que o contrato final demora a ser confeccionado. A única restrição que colocamos é que o termo de compromisso só vira contrato se “o atleta estiver em plenas condições de jogo – físicas (exame médico) e legais.

O jovem Humberto, que admiramos muito desde aquela final da Liga das Américas contra a gente no Maracanãzinho em 2014, nos foi oferecido pelo empresário dele ao final do mês de junho deste ano. O empresário nos disse que, apesar de o garoto ter apenas 20 anos, o Pinheiros, como clube formador, não havia apresentado a proposta prioritária para o primeiro contrato (direito concedido pela Lei Pelé) no prazo estabelecido por lei. Portanto, estaria automaticamente livre para jogar onde quiser. Com o aval de nossa comissão técnica, negociamos, chegamos a um acordo, ele assinou o termo de compromisso e anunciamos o atleta.

Para nossa surpresa, o Pinheiros então se manifestou essa semana para o Flamengo, através de uma carta, afirmando que, ao contrário do afirmado pelo seu representante, havia apresentado a tal da proposta prioritária no prazo e que não ia liberar o atleta sem o pagamento dos custos de formação. Diante dessa informação, hoje pela manhã, o Flamengo informou ao agente do atleta e ao Pinheiros que o termo de compromisso não viraria mais contrato, já que o Humberto não teria condição de jogo sem a liberação sem custos. Portanto, o atleta tem que primeiro se resolver com o Pinheiros, para depois retomarmos qualquer contato posterior.

O Flamengo sempre vai adotar a postura ética e vai respeitar os co-irmãos, antes de buscar qualquer vantagem esportiva (o que poderia ser feito na Justiça Trabalhista). Enfim, o Humberto, hoje, só virá para o Flamengo se definir a sua situação previamente com o Pinheiros. O Flamengo não vai se intrometer nessa relação.

Apesar de torcer para que haja uma reversão do quadro atual, não vamos estender mais essa questão do Humberto, se o Pinheiros não o liberar. No máximo em 10 dias uma decisão final será tomada. Uma pena para um atleta de grande potencial, que poderia crescer enormemente jogando do Flamengo. Vamos buscar reposição se for o caso. A Lei Pelé, apesar dos avanços em vários campos, cria enormes distorções e tem que ser rediscutida em alguns pontos urgentemente, mas isso é outro assunto.

E os demais jogadores que jogaram a temporada passada, podemos falar sobre eles ?
Alexandre Póvoa: Claro, chegou a hora da Nação Rubro-Negra ser informada. Vamos lá.

Primeiro, Cristiano Felício: orgulha o Flamengo ter sido chamado para jogar no Chicago Bulls? O clube terá alguma compensação financeira?
Alexandre Póvoa: O Cristiano é um excelente garoto, super-esforçado, de origem humilde, extremamente forte e com um potencial enorme a ser desenvolvido. Ficamos muito felizes com a evolução dele, sobretudo por algumas decisões que tomamos no passado e que garantiram que pudesse crescer no Flamengo. Torço, pessoalmente, que o basquete mude a vida dele a da família. Quanto aos fatos recentes, só posso dizer uma coisa: Boa sorte para ele no período que passar em Chicago. O Flamengo só se pronunciará mais amplamente sobre esse assunto em outubro. Ponto final.

Sobre o Nico Laprovitolla. Ele continuará no Flamengo ?
Alexandre Póvoa: Cabe dizer que há dois anos atrás, quando o Nico chegou ao Brasil, poucos o conheciam. Mas, naquele momento, mesmo como campeões do NBB, tínhamos o diagnóstico claro que faltava ao nosso time um armador clássico. A contratação dele fruto de muita pesquisa e confesso que me estranhou muito mais a surpresa dos analistas brasileiros com o jogo dele do que com o protagonismo que acabou adquirindo no Flamengo. Eu, particularmente, acho inacreditável que sempre seja alijado das eleições de final do ano da NBB para “melhor armador”, “melhor estrangeiro” ou para a seleção do campeonato. Craque dentro da quadra e ótima pessoa fora dela, um dos grandes responsáveis pelo Flamengo “Campeão de Tudo”.

Não é segredo para ninguém que Nicolas quer jogar na Europa. Quando conversamos, antes das férias, ele reafirmou esse desejo. Vive declarando isso na imprensa também. Disse que somente jogaria no Brasil se fosse no Flamengo, o que acreditamos e tentamos viabilizar no nosso limite financeiro. Trocamos propostas (com uma opção de saída para a Europa até certa data, como fizemos com o Marquinhos e Benite) e o deadline para a resposta era ontem (16/07).

Conversamos longamente ao telefone pela última vez anteontem com ele, que voltou a afirmar que não tem condições de responder ainda nesse momento (mesmo com a janela de saída para a Europa estabelecida em contrato). Respeitamos profundamente o atleta, mas o Flamengo está acima de tudo e, desde ontem, a proposta para ele não existe mais. Isso não significa que Nico não jogará a temporada 2015/16 pelo Flamengo. Deixamos claro que as portas estão abertas na hora que quiser voltar a conversar, o que não significa que o Flamengo terá uma proposta a lhe oferecer. Obviamente, a partir de agora, estaremos buscando alternativas mais ativamente.

E o Herrmmann ? Quais são as chances de permanência ?
Alexandre Póvoa: Antes de lhe responder, mais uma introdução. Joguei basquete 13 anos da minha vida, fui diretor por um ano e meio logo que parei e agora “estou VP de Esportes Olímpicos” há dois anos e meio. Posso afirmar, sem medo de errar, que nunca convivi com um jogador tão profissional quanto ele. Um cara simplesmente espetacular, tanto dentro como fora da quadra. Jogando 5 minutos ou 40 em uma partida, tem sempre a mesma postura construtiva de grupo. Campeão olímpico que vibra como um garoto e tem zero de arrogância. Um exemplo a ser seguido pelos mais jovens. Não é a toa que ganhou tudo na vida como jogador. O Flamengo do ano passado deve muito a ele.

A situação do Walter é diferente. Na nossa reunião em junho, antes de viajar para a Argentina, ele nos afirmou taxativamente que iria sair para longas férias com a família (deve estar retornando por agora) e não iria conversar com ninguém até lá, porque estava pensando na continuidade da carreira. Não sabia, naquele momento, o que queria fazer da vida (parar de jogar? Jogar na Argentina, perto de casa? Voltar para o Flamengo?).

Enfim, é um cara realizado, está no tempo dele. Portanto, não houve nenhuma conversa desde o final do NBB e estamos aguardando o seu retorno. No entanto, é claro que não podemos parar a formação da equipe por conta disso.

Mais alguma novidade para falar com a torcida?
Alexandre Póvoa: O momento mais importante do ano para o sucesso de uma temporada é a formação do elenco. Tudo deve ser levado em conta – parte física/técnica/tática, postura e motivação para jogar no Flamengo. Diferentemente de 2014/2015, agora não estamos pressionados pela final do Mundial, o que nos dá mais flexibilidade para esperar. Teremos apenas o Campeonato Carioca em outubro e o jogo com o Orlando (17/10), onde queremos e vamos chegar bem.

O final de julho também é uma data importante, dado que tanto o Benite quanto o Marquinhos, mediante o pagamento de multas rescisórias estabelecidas em contrato, ainda podem se transferir para a Europa ou NBA. A construção de um time é equivalente a um jogo de xadrez. Temos até três estrangeiros para contratar e somente preenchemos uma vaga por enquanto (com a permanência do Jerome).

Lembrando que precisamos manter a base, mas necessitamos também surpreender os adversários, que estão há três anos atrás do Flamengo ( e virão, mais do que nunca, com tudo para cima da gente novamente).

Por um lado, estamos pagando o preço do nosso próprio sucesso, com jogadores sendo sondados por equipes europeias e da NBA. O Maccabi, quando foi campeão da Liga Europeia, perdeu metade da equipe na temporada seguinte, por conta do interesse nos adversários. Nós, como dirigentes, apesar de compreendermos o interesse dos jogadores, temos a obrigação de estabelecermos os limites do clube, tanto orçamentários como dos respectivos tempos para respostas e definições.

Todo o dia, temos que olhar no espelho e lembrar que o Flamengo é campeão do mundo de basquete e que tem muitos jogadores que sonham em vestir o Manto Sagrado nesse atual momento. O grande campeão começa dentro da quadra com uma boa equipe e comissão técnica, mas se completa com estrutura, postura e organização fora dela. Como rubro-negro, aprendi que, desde que o Zico parou de jogar futebol – e o Flamengo está vivo aqui até hoje – nenhum dirigente, técnico ou jogador é insubstituível no Flamengo.

A tendência é que não anunciemos novidades nos próximos dias. A primeira fase de negociações terminou ontem e agora estamos estudando com bastante tranquilidade o restante de formação do elenco. Vamos fazer um grande time, que continuará a ser o Orgulho da Nação e estará pronto para disputar todos os títulos.

Coluna do Flamengo

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