Fonte: Renato Mauricio Prado
O que leva o torcedor a eleger um jogador de futebol o seu ídolo? A pergunta me veio à cabeça depois de ver um Maracanã praticamente lotado para a estreia de Paolo Guerrero no Flamengo. Que o peruano, além de ser um grande artilheiro, é um baita jogador, nem se discute. Mas idolatria de verdade vai um pouco além disso. E é nessa interessante seara que quero entrar.
Antes de mais nada, que fique claro: não considero que Guerrero já seja um ídolo rubro-negro, na acepção da palavra, mas que caminha a passos largos para sê-lo, não há dúvida. Faço a ressalva porque ser um mestre da bola nem sempre é o suficiente. Vide Ronaldinho Gaúcho, recebido em delírio na Gávea e depois corrido do cube pela porta dos fundos, sem jamais conquistar de verdade o coração dos fãs do Mais Querido.
O ídolo de verdade precisar ser bem mais que isso. E ter carisma, aquela qualidade intangível que faz com que nos encantemos por quem, às vezes, nem é tão excepcional assim. Um exemplo? Rivaldo, indiscutivelmente, um dos maiores jogadores de sua excepcional geração, nunca conseguiu ser visto como verdadeiro ídolo. Embora jogasse tanta bola quanto Ronaldo Fenômeno (este o rei do carisma) e fosse muito melhor que Leonardo, Cafu, Dunga, Roberto Carlos etc.
Tive, na minha já longa estrada de torcedor muitos ídolos (quase todos antes de me tornar profissional de imprensa, pois a proximidade, o conhecimento da pessoa e o necessário distanciamento crítico, ao menos para mim, impõem uma intransponível barreira nessa tipo de admiração juvenil).
Meu primeiro ídolo no futebol, nem craque era. Apenas um grande jogador e artilheiro: Walter Machado da Silva, o Silva, o Batuta! Como praticamente não vi Dida jogar, aquele negro esguio, com a camisa dez às costas era, no meu modo de ver, o símbolo perfeito do imaginário time do Fla. E ainda tinha ao seu lado, como companheiro de ataque, outro personagem impagável: o talentoso e tresloucado pernambuquinho Almir, que vi fazer um gol de uma vitória sobre o Bangu (na época, um timaço), em jogo épico, rastejando na pequena aérea enlameada até enfiar a cara numa poça para empurrar a bola mansamente pro fundo da rede.
Detalhe: Silva morava perto da minha casa, em Ipanema, e, de vez em quando, ao ver a nossa turma de garotos jogando gol a gol no campo do Tatuís, apanhava a nossa bola “Seleção de Ouro” e ainda se exibia em embaixadas. Como não idolatrá-lo?
Eram épocas de vacas magras para o clube Mais Querido do país e meu ídolo seguinte foi o Diabo Louro, Narciso Doval. Um facho de luz na escura selva de pernas-de-pau do início dos anos 70, na Gávea. Curiosamente, na mesma época, um jogador folclórico e errático tornou-se um ícone rubro-negro: Fio, um crioulo de dentes desalinhados e projetados para fora da boca, capaz de alternar lances geniais com jogadas de cabeça de bagre. Virou até música, no talento de Jorge Ben (Fio Maravilha).
Coisas da vida, alguns anos depois surgiria a maior concentração de craques da história do Fla, formando o melhor time rubro-negro de todos os tempos, tendo à frente o ídolo dos ídolos da Nação: Arthur Antunes Coimbra, o Zico. E, já como jornalista acompanhei a gloriosa trajetória da turma do início ao fim. Me obrigando a não vê-los e tratá-los como semideuses.
De lá pra cá, quem foi ídolo de verdade, trajando vermelho e preto? Petkovic, sem dúvida, Romário (em que pese o início e o final no Vasco), Adriano Imperador, apesar de tudo, e… Ninguém mais.
Até a chegada de Paolo Guerrero. Vai para o trono ou não vai? Acho que já tem meio caminho andado.
Paixões bizarras
Eu juro, quando garoto tive amigos que urravam por Cafuringa (Flu), Walfrido (Vasco), Puruca (Botafogo) e que tais… Isso numa época em que o futebol do Rio era repleto de craques! Mas, confesso, também me peguei gritando por Onça, em cobranças de falta relativamente próximas à área. O tosco zagueiro acertou duas. Em toda a carreira…
A rodada
Enfrentando o Palmeiras, em São Januário, o Vasco tem uma autêntica prova de fogo para avaliar sua reação no campeonato. O Verdão é uma das melhores equipes do Brasileiro e só faz crescer, sob o comando de Marcelo Oliveira.
Já o Flu tem de vencer a Chapecoense, que vem fazendo uma boa campanha e costuma complicar muito, jogando em casa. Se isso acontecer pode até virar líder. Mas se perder pode sair do G-4.
Goiás x Fla? Vai depender do Guerrero. De novo.
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