Guerrero rejeita rótulo de ídolo de Flamengo e brinca sobre ‘caô’: ‘Não sou o Superman’

Fonte: Extra

Aos 31 anos, Paolo Guerrero perdeu a conta do número de tatuagens que tem pelo corpo. Católico e filho de economista, o peruano não poupou tinta ao cobrir-se de símbolos religiosos, desenhos que começaram a ganhar forma ainda nos seus 15 anos.

Mas, desde que chegou ao Flamengo, é ele que vem sendo adorado como santo, já com um milagre no currículo: a transformação do caô em gol. Ainda assim, humilde e tímido, Guerrero não se considera ídolo. Espera, da mesma forma que marcou o corpo com tatuagens que não saem mais, escrever seu nome na história do Flamengo.

Em entrevista exclusiva, o jogador disse que nunca se considerou ídolo nem no Corinthians, falou de seleção brasileira, Neymar, sua fase no futebol da Alemanha, e revelou um desejo curioso: quer ter um leão como animal de estimação.

CONFIRA A ENTREVISTA:

Em outros clubes, você sentia nesse mesmo nível a idolatria da torcida por você?

Cheguei a ter no Corinthians esse assédio, o carinho da torcida… Mas acho que idolatria é mais que carinho. O que sinto é um carinho grande por mim.

E esse cabelo? Há muita gente imitando?

Ainda não vi torcedor com cabelo igual, mas todo mundo vem tirar fotos, pedir autógrafo… Isso me orgulha, dá uma motivação extra para seguir nesse caminho, de ganhar e dar alegrias ao torcedor. Desde que cheguei no Brasil, fiz esse corte. Eu era cabeludo.

Então, o que está faltando para você se sentir ídolo?

Não sei. Não me considero um ídolo. Eu me considero um jogador do mesmo jeito que os meus companheiros.

No Corinthians, você fez até gol de título mundial…

Mas nunca me considerei ídolo do Corinthians. Algum dia pode ser que eu seja lembrado por alguns torcedores, porque eu deixei uma história no clube.

E quem são os seus ídolos?

Eu segui muito o Ronaldo Fenômeno desde pequeno, sempre assisti aos jogos, às jogadas, vi os gols. Eu me identificava muito com ele.

Como foi sua infância?

Nunca me faltou nada. Meu pai era economista e dava aula em uma universidade. Minha mãe era secretária de um instituto de estatística do governo. Meus pais estão muito orgulhosos de mim. Tento me esforçar para dar mais alegrias a eles. Estudei até os 17 anos. Acabei o secundário. E fui para Alemanha.

O que pode almejar um jogador que fez até gol de título mundial?

Um jogador de futebol tem que ser profissional. Agora, estando no Flamengo, também gostaria de fazer história, que os torcedores lembrem de mim. Espero conseguir ganhar campeonatos, coisas importantes.

Você tem inimigos? Por que tatuou no pescoço a frase em inglês que significa “paz e amor aos meus inimigos”?

Não sei se tenho inimigos. Era um “dito” e gostei da oração para tatuar. Todas as tatuagens têm um significado. Fiz porque queria marcar alguma coisa no meu corpo.

O que significa, por exemplo, esse leão na mão?

Eu gosto muito de leão. Eu queria ter um leão.

Quantas são?

Não sei. Umas vinte. Eu me tatuo desde os 15 anos.

Está adaptado ao calor do Rio de Janeiro?

Estou me adequando. Treinava em São Paulo com clima diferente. Chuva, frio… Aqui é sol… É mais cansativo.

Já sabe o que significa a palavra caô?

Já me falaram o que significa. Não sabia. Consigo falar português, mas não sei algumas palavras. Caô é dar um jeito quando está algo errado, é acabar com isso.

Acabaria com que caô dentro de campo?

Não penso assim. Não acabaria com nada. Tento dar o melhor de mim. Temos um grupo, estou me entrosando rapidamente.

E fora de campo? A que problema você daria fim?

Eu não penso em acabar com os problemas. Não sou o Superman (risos).

Por que, com mercado no exterior, você ficou no Brasil?

Saí muito cedo do Bayern, fui para o Hamburgo, ainda assim consegui jogar duas semifinais da Uefa, acabei vindo para o Brasil. Acho que tem muitas coisas dentro do futebol. Tive a sorte de jogar no Brasil e me senti como se estivesse em casa.

Está gostando do Campeonato Brasileiro?

Acho muito competitivo. Na Alemanha, há três times grandes. Aqui, qualquer um pode ganhar.

Vê os jogos do Corinthians? Ficou alguma mágoa?

Tenho meus companheiros, mantenho contato com eles até hoje. Eles não conseguiram renovar o contrato, e o Flamengo fez uma grande oferta. Fiquei feliz. O Flamengo é um time grande do Brasil e do mundo, pela torcida que tem. Gostei das ideias do Rodrigo Caetano e aceitei.

Você não é muito chegado a polêmicas…

Não sou polêmico. Agora estou mais tranquilo, amadurecido. Já tive uma fase polêmica, na Alemanha… Era moleque. Estava muito novo.

E o que o fez você mudar?

Experiências me fizeram mudar. Não falo do futebol, mas da vida. Não sei se levei pancada… Aprendi com os erros que cometi.

Hoje você se considera um melhor jogador?

Fui amadurecendo, me conhecendo. Antes, não treinava tanto. Agora, treino mais. As experiências da vida me fizeram conhecer a mim mesmo e amadurecer para tirar o melhor disso.

A seleção brasileira não atravessa um momento bom. O que achou da participação do Brasil na Copa América? E do Neymar, que demonstrou nervosismo na competição?

O Brasil está passando por um processo novo. Tem novos jogadores na seleção. Esse time vai melhorar, pela qualidade que o Brasil sempre teve. Já o Neymar… As coisas que acontecem dentro de campo, aconteceram comigo quando eu era moleque. Agora aconteceu com ele. Ele vai ter aprendizado, isso acontece no futebol, quando alguém esquenta a cabeça.

Quem é o melhor do mundo?

Hoje em dia, Lionel Messi tem uma vantagem grande no futebol por todas as marcas que está ultrapassando.

E o Neymar pode chegar?

Neymar vai chegar a ser. É um menino. Vai ser um dos melhores do mundo. Mas hoje o melhor é Messi.

No Campeonato Brasileiro, quem é destaque?

Tem muitos jogadores importantes, bons. Todos os times têm grandes jogadores, e o campeonato é bem competitivo. Não cito nomes, pois para mim o importante é o time, e existem grupos muito bons. O Atlético-MG por exemplo, está jogando bom futebol e ganhando. O Flamengo quer fazer isso, estamos no caminho.

E esse domínio de sul-americanos no futebol brasileiro? A fase de adaptação acabou?

Depende de cada um. Os companheiros facilitam. Aqui, estão me levando para dentro do grupo.

Coluna do Flamengo

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