O cobertor do Flamengo ainda é curto

Fonte: Deixou Chegar

Maracanã cheio, fim do caô, tarde de sol no Rio de Janeiro… tudo conspirava para uma bonita vitória do Flamengo neste domingo diante do Santos. O otimismo foi à estratosfera com o 2 a 0 construído em minutos no final do primeiro tempo. Bem escalado, o Fla apresentou um futebol ainda não visto no ano, com bons toques, chegadas incisivas no ataque e quase nenhum perigo na retaguarda. Ao intervalo, a vitória parcial era justa e categórica. Mas o Flamengo ainda não é um time tão forte, nem mesmo pronto, e no futebol a realidade de um cobertor curto costuma ser dura e fria.

Com jogadores de velocidade no ataque, o Mengo voltou para o segundo tempo disposto a contra-atacar, como quem não tem a confiança necessária para martelar um adversário durante os 90 minutos de um jogo. A estratégia parecia razoável, já que o time tinha as armas e a vantagem confortável para se beneficiar dos avanços do Santos. O Fla não esperava, porém, que suas limitações fossem se manifestar de maneira tão decisiva na segunda etapa.

Depois de um gol sofrido por mais uma falha defensiva em bola parada na temporada, o time acusou o golpe. Meio desnorteada com a vantagem mais curta, a equipe pareceu perdida entre a ideia de se resguardar e a de partir para tentar definir o jogo, e acabou sem fazer nenhum dos dois.

Cansado, Emerson Sheik já não acompanhava mais as subidas pela esquerda com frequência e a marcação do time afrouxou. A falta de alguém que reproduza sua participação ofensiva, porém, faz sempre com que ele fique mais em campo. Amarelado, Márcio Araújo esteve mais comedido na defesa e precisava de mais ajuda de Canteros.

A desorganização defensiva do Flamengo resultou em algumas chegadas perigosas do Santos e no gol de empate de Lucas Lima. Na base do “Vamo, Flamengo”, o Fla melhorou nos minutos finais e quase achou um gol redentor, mas esbarrou na defesa do Santos e nas suas próprias deficiências. Não teve a qualidade necessária para matar o jogo quando vencia, nem mesmo para recuperar a vitória quando empatava.

Há quem prefira jogar a responsabilidade do empate no técnico Cristóvão Borges e em suas substituições. É verdade que o treinador não identificou a lacuna na marcação no lado direito e, com o cansaço de Alan Patrick, preferiu colocar Gabriel, que não tem a característica de segurar a bola no meio-campo, entregando o setor para o Alvinegro. É verdade também que ele tinha poucas opções para fazer a meia. A melhor opção parecia a entrada de Cáceres ou Luiz Antônio para ocupar a faixa do campo. O elenco não tem muitos jogadores para segurar o resultado com a posse da bola, evitando o ataque do rival (aliás, só nas últimas semanas, Ederson e César Martins chegaram, Eduardo da Silva e Arthur Maia se foram, entre outros. Será que até outubro o Fla terá um elenco definido?).

Existem também os que culpam o goleiro Paulo Victor, que sofreu dois gols defensáveis. Há espaço para falar de César, o Martins, que não acompanhou Ricardo Oliveira no primeiro gol; de Sheik, que marcou pouco no segundo tempo e não rifou a bola direito no lance do empate; de Canteros, que não acompanhou Lucas Lima; de Everton, que não soube construir tão bem as jogadas e perdeu chance clara nos acréscimos. Essa procura incessante por falhas individuais beira à arrogância de não reconhecer os méritos de um adversário talentoso.

São coisas que fazem parte do futebol, como diria o famigerado Pofexô. O Flamengo, que vinha de uma vitória em que jogou pior, foi sufocado e marcou na única chance que teve, empatou em casa um jogo em que dominou na maior parte do tempo. Muito por conta das falhas de um elenco em construção, de um clube que começou a arrumar seu futebol em maio, que ainda não tem condições, físicas, técnicas, táticas, de dominar uma outra equipe durante todo o jogo. Se a vitória contra o Goiás não quis dizer tanta coisa, o empate com o Santos não é esse desastre todo.

Entre culpas e dedos apontados, prefiro o copo meio cheio, o primeiro tempo satisfatório, que demonstrou evolução em relação às últimas exibições. É um resultado que times fortes de verdade não deixam escapar, principalmente dentro de casa, e esse não é o caso do Flamengo ainda. Mas é bom notar que há progresso, apesar da frustração.

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • Muito bom o texto. Posso discordar de um ou dois pontos, mas acho que, em 90% estou de acordo. É bom ver ver que há torcedores do Mengão que tentam olhar as circunstâncias da partida e fazer críticas construtivas, ao invés de meramente cornetar.

    O único ponto que eu colocaria, seria: será que não dá para testar o Jajá de vez em quando no lugar do Márcio Araújo não? Eu colocaria ele e Cáceres (e menos o Luiz Antônio) como opções para tentar resolver o problema de marcação do segundo tempo.

    • Jaja com certeza da conta do recado, ele tem qualidade pra jogar no meio

  • Discordo de algumas coisas no texto. Eu culpo 90% o Cristovão pela reação do Santos. Depois q o Santos voltou para o segundo tempo substituindo um volante por um meia e acertando o time o Cristovão não fez nada para mudar a situação e e ainda complicou pondo o Gabriel (atacante) no lugar de Allan Patrick (meia) q pediu p sair. Conclusão, ficamos só com 2 no meio de campo e deixamos o Lucas Lima livre p fazer o q quisesse no jogo. Perdemos o meio de campo e ainda tinham 2 substituições a fazer e o Cristóvão não tentou nada. E não me digam q não tinha opções porque tínhamos Cárceres, Luiz Antônio e o Almir no banco p acertar o meio de campo.

    • Ele tentou a segunda substituição aos 48 do segundo tempo colocando o almir se lembra? kkkkkkkkkkkkkkk

  • A culpa foi de quem colocou PV nesse jogo tão importante, pq não fizeram como Éderson que vai estrear contra a PONTE, e o Ricardo Oliveira que subiu sozinho sem zagueiro, sem centroavante para ajudar? isso não pode acontecer em time de ponta, tem que ser treinado! treinador é fraco!

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