Fonte: Flamengo em Foco
O objetivo do futebol é simples: fazer tanto ou mais gols que o adversário. A partir daí existem múltiplas visões sobre como alcançar este objetivo, treinadores como o Tite estabelecem a máxima eficiência na defesa para antes de qualquer coisa não sofrer gols, se fizer algum é lucro, e nisso o Corinthians tem a melhor defesa do campeonato com apenas 10 gols sofridos. Há aqueles treinadores que investem em um ataque forte, que crie muito, tenha volume e intensidade como o Atlético-MG que apesar de ter sofrido 14 gols, marcou 32 até a 17ª rodada do Brasileiro 2015.
Faltando 2 jogos para o fim do 1° turno, como o Flamengo está no campeonato? Pode brigar pelo que após a chegada dos reforços? Bem, as respostas não são muito animadoras.
Sua defesa sofreu 22 gols, apenas Santos, Avaí e Vasco sofreram mais gols no campeonato brasileiro. Inclusive desde a chegada de Guerrero o saldo é desfavorável, 5 gols a favor e 8 contra.
Já seu ataque tem uma média de 12.9 finalizações por jogo, porém apenas 4 destas na direção do gol, talvez por isso tirando os times do Z4, apenas 3 marcaram menos gols que o Flamengo: Chapecoense, Cruzeiro e Internacional (que até outro dia estava totalmente focado na Libertadores).
Muitos dirão que o mais importante é a sequência recente desde o fim da Copa América, quando o elenco ficou “completo”. Foram 3 vitórias, 2 derrotas e 1 empate, ou seja, dos 18 pontos possíveis conquistou 10 ou, se preferirem, 55%. Entretanto, tirando a vitória contra o Internacional (ainda de olho na Libertadores) nenhuma das vitórias veio com um bom jogo, o time não apresentava evolução palpável e a atuação de Guerrero e de César acabavam tendo um grande peso no resultado.
Os dois últimos jogos, entretanto, tiveram uma avaliação diferente de parte da torcida, que conseguiu enxergar melhoras mesmo com o resultado desfavorável. A percepção é a de que o Flamengo foi muito bem no 1° tempo e muito mal no 2° graças as mudanças equivocadas de Cristóvão. Mas será que a percepção pura e simples é de fato precisa?
Ambos os jogos foram contra times com defesas ruins, Santos sofreu 24 gols e a Ponte Preta 20 neste campeonato, ambos com treinadores recentemente contratados, o Doriva estreava no último domingo. Em entrevista antes do jogo, Dorival disse que o objetivo era o empate.
No Maracanã o Santos tentou jogar contra sua natureza se postando defensivamente, assim o Flamengo tinha a posse de bola, as ações do jogo e conseguiu fazer os dois gols no fim do 1° tempo. Quando o Santos mudou de postura e passou a jogar, agredir, tomou as ações do jogo até conseguir o empate, depois resolveu segurar o resultado e só aí o jogo voltou a ficar equilibrado e o Flamengo teve aquele momento de pressão no finzinho e, para quem duvida, basta ver a marcação das substituições: Dorival no intervalo tirou um volante e colocou um atacante recuando Lucas Lima, depois do empate Dorival colocou mais um volante e voltou a pôr o Santos em uma formação mais defensiva.
Passes na zona de ataque. Flamengo em Laranja e Santos em Azul
Passes na zona de ataque. Flamengo em Laranja e Santos em Azul
Contra a Ponte Preta o jogo alternou momentos, começou com a Ponte Preta mais perigosa, marcando a saída de bola sob pressão, obrigando o Flamengo a sair no chutão, porém lá pelos 15 minutos o time demonstrou cansaço, afrouxou mais a marcação e o Flamengo cresceu. Durante o jogo houveram vários momentos de alternância de iniciativa de jogo, como o gráfico abaixo mostra.
Passes na zona de ataque. Flamengo em Laranja e Santos em Azul
Na frieza dos números temos nos confrontos:
Finalizações na direção do gol
Flamengo 7 x 5 Santos
Flamengo 3 x 3 Ponte Preta
Finalizações dentro da grande área
Flamengo 0 x 2 Santos
Flamengo 1 x 1 Ponte Preta
Finalizações dentro da pequena área
Flamengo 17 x 2 Santos
Flamengo 6 x 5 Ponte Preta
Como podem ver, o único resultado acima da média foi o de finalizações de dentro da área contra o Santos, entretanto no fim isso não influência no dado mais importante: mandou tantas bolas na direção do gol quanto a Ponte Preta e só duas a mais contra o Santos. Dá pra chamar algum desses jogos de massacre?
O Flamengo fez jogos equilibrados contra dois times desequilibrados, que vem em crise e disputam a meiuca da tabela, esse é o ponto de referência do Flamengo? Jogar de igual pra igual com quem está entre o 14° e 10° ou o ponto de referência é o G4?
O time tem jogadores em crise técnica? Claro! Como não entrar em má fase num time todo desorganizado? Um exemplo claro é o Guerrero, que precisa recuar muito e ajudar na criação, como resultado as bolas chegam a outros jogadores e nem tanto a ele.
Taticamente todos já percebemos que, para começar, o esquema está errado! Éverton só piora a cada jogo e Guerrero e Sheik tem seu potencial reduzido na linha de três, do mesmo modo o meio de campo está esvaziado, os jogadores ainda ocupam espaços equivocados e correm por onde não deveriam, o que além de deixar buracos, aumenta o desgaste. Pra mim, com os zagueiros e laterais disponíveis no plantel, o melhor seria um 3-5-2 deixando os laterais com bastante liberdade para subir, Jorge pela esquerda, Luiz Antônio pela direita, mas até o clássico 4-4-2 já quebraria um galho.
Além disso, temos graves problemas que independem do esquema como a fragilidade nas bolas aéreas agravadas por ver os melhores cabeceadores no banco. A marcação é feita há uma grande distância, dá tempo pro adversário receber, dominar, ver os companheiros, escolher a jogada e executar, fora a falta de velocidade dos zagueiros, que estão sempre muito adiantados, assim como os volantes que acabam não tendo pernas pra acompanhar (Márcio Araújo sempre sobe muito e nunca volta mesmo sendo 1° volante).
Quando o Flamengo tem a bola os jogadores saem correndo pra frente, não se preocupam em dar opção de passe pra quem tem a bola e raramente se desmarcam pra receber. Falta aproximação para fazer triangulações pelos lados e pelo meio, geralmente as jogadas envolvem condução de bola por vários metros e jogadas em dupla, o que facilita a marcação adversária.
Fora isso temos todos os erros de escalação e substituição. Um exemplo: O que Samir faz no banco enquanto Wallace joga todo torto? Samir ainda é ótimo no jogo aéreo e Wallace parece jogar com cimento nas chuteiras. Outro exemplo, Canteros é muito mais eficiente jogando de 2° volante, mas volta e meia Cristóvão o empurra pra frente, não é ele ou um meia e sim os dois juntos!
Cristóvão começou a treinar o Flamengo no dia 28 de maio, após 3 rodadas do Campeonato Brasileiro, com o time tendo 2 derrotas (São Paulo e Avaí) e 1 empate (Sport), ou seja, a frente do time em 14 rodadas não se pode isentá-lo de culpa pelos resultados obtidos até aqui, inclusive tendo várias semanas cheias de treino e tempo suficiente para mudar o esquema ou testar várias formações possíveis. As dispensas do time tão pouco foram de jogadores habitualmente titulares, portanto não pode sequer dizer que houve desmonte.
O que mais a diretoria precisa para demitir o treinador? Ou seria o ponto de referência da atual gestão o 10° colocado? Um time que investe pesado para trazer Guerrero e outros, que almeja ter 4% da torcida como sócios-torcedores e encher estádio deveria, no mínimo, estar focada no G4 e não na segunda metade da tabela de classificação.
Saudações Rubro-Negras
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