Fonte: Goal
Elogiados pelos torcedores, ambos voltaram de lesão e falharam na reestreia.
O clima de rivalidade entre Flamengo e Vasco voltou a um patamar de provocações entre profissionais de ambos os clubes que há tempos não era visto, com as constantes alfinetadas do presidente vascaíno, Eurico Miranda, e as respostas do outro lado. Entretanto, existe uma semelhança entre os rivais. E ela está sob as traves dos times: Paulo Victor e Martín Silva, respectivos defensores das metas de rubro-negros cruzmaltinos.
No ano passado, Paulo Victor assumiu de vez a titularidade no Flamengo, enquanto Martín Silva foi um dos únicos destaques do Vasco na tímida campanha do clube para retornar à primeira divisão. Em 2015, ambos começaram com boas atuações, mas nesta metade de temporada passaram a conviver com a desconfiança dos torcedores – no caso do clube de São Januário, até do treinador.
Martin: falhas e perda de lugar no time
Considerado um dos heróis do Vasco na conquista do Campeonato Carioca, Martín Silva foi convocado para defender o Uruguai e desfalcou a equipe carioca no Brasileirão. Para piorar, sofreu lesão no ligamento do tornozelo direito, sofrida enquanto treinava com a Celeste. Antes de participar do torneio continental de seleções, o uruguaio havia entrado em campo nas quatro primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro (três empates e uma derrota). O tão esperado retorno aconteceu somente na 15ª rodada, contra o Palmeiras.
E aquele foi um jogo para Martín Silva esquecer. O goleiro foi um dos principais nomes na goleada sofrida em casa: levou três gols no primeiro tempo, falhou claramente em pelo menos dois e foi substituído no intervalo. Depois, foi barrado pelo técnico Celso Roth, o que levou o empresário do atleta a disparar contra o comandante cruzmaltino, o chamando de “ruim e arrogante” através das redes sociais.
Analisando as estatísticas dos três goleiros vascaínos da atual temporada, é possível notar que Martín Silva não é nada inferior aos seus concorrentes. Disputou duas partidas a mais em relação a Jordi (6 contra 4) e três a menos do que Charles – que entrou em campo nove vezes. Em 495 minutos, tem média de defesas melhor do que a de Charles (68,2% contra 48,4%), que levou 16 gols contra sete do uruguaio. Na precisão do passe, algo cada vez mais importante para os goleiros, Martín segue em vantagem: 62% contra 47,2% de Charles e 43,9% de Jordi.
Paulo Victor: falhas e críticas da torcida
Revelado nas categorias de base do Flamengo, Paulo Victor trabalhou duro até finalmente se firmar como titular em 2014, ano em que disputou seu maior número de partidas como primeira opção no Rubro-Negro. Em 2015, apesar do fracasso no estadual e o péssimo início de campanha do clube no Brasileirão, era nítido o crescimento do camisa 48. Da primeira até a quinta rodada, o atleta de 28 anos foi responsável para que derrotas não fossem goleadas.
Entretanto, durante um treino realizado no dia 16 de junho, Paulo Victor fraturou a fíbula e foi desfalque por nove rodadas no Brasileirão: retornou apenas na 16ª rodada. A recepção foi excelente pela torcida, mas o jogo contra o Santos terminou com sabor amargo: derrota de virada, com uma falha no primeiro gol levado para os visitantes. Não demorou para que muitos rubro-negros protestassem contra o atleta.
Durante a sua ausência, quem assumiu a titularidade foi o jovem César, de 23 anos. O início foi muito irregular, assim como a própria campanha rubro-negra. Mas, ironia do destino, César cresceu de rendimento exatamente quando Paulo Victor estava próximo do retorno. E a comparação entre os dois é muito equilibrada. César, que voltou a ser titular contra a Ponte Preta por causa de mais uma lesão de seu concorrente, disputou um jogo a mais: nove contra oito no Brasileirão. Paulo Victor sofreu 12 gols contra 10 de César. Mas o camisa 48 tem alguns números que passam uma segurança maior: só levou apenas um gol de fora da área (César levou três) e fez mais defesas (19 contra 13).
Crise de confiança?
Tanto Martín Silva quanto Paulo Victor saíram da condição de heróis para vilões, algo muito comum para a posição de goleiro. Os dois sofrem forte concorrência na posição, apesar de maturidade e experiência maiores. Qual seria a melhor solução? No futebol europeu, ultimamente os grandes clubes têm optado por revezar seus goleiros em competições: o Barcelona fez isso (Claudio Bravo foi titular no Campeonato Espanhol; Ter Stegen na Champions League), assim como o Atlético de Madrid. Em temporadas anteriores, o Real optou pela mesma solução.
Goleiro é considerado a posição mais refém da confiança. E aí que está uma diferença crucial entre os atletas de Fla e Vasco. Paulo Victor não estava em campo quando o seu time começou a reagir na Série A, mas está iniciando uma nova sequência de jogos. Após lesão, um atleta tem os seus receios, e isso pode impactar em seu desempenho. Martín Silva teve uma noite trágica contra o Palmeiras, mas faz parte da profissão. O seu retorno à titularidade, no empate sem gols contra o Joinville, foi um acerto.