Fonte: Cosme Rimoli
“Começam com críticas insistentes, diárias e vira perseguição, e no conteúdo algumas racistas. Fui citado que o Flamengo deixou de escolher o Oswaldo (de Oliveira) para escolher o “Mourinho do Pelourinho”.
Fica difícil para esse tipo de pessoa se esconder. Me sinto preparado para estar aonde estou, mas quando me atinge como cidadão, vou procurar meus direitos para me fazer respeitar. Somos uma democracia, mas o racismo às vezes é camuflado.”
“O racismo existe, não tem como esconder. No Vasco, quando eu tirava o Felipe ou o Juninho, o torcedor achava que eu estava maltratando o ídolo. Para o torcedor, era muito abuso partindo de um ex-assistente, e negro, que ainda por cima defendia suas convicções. Eu me coloco. E essa coisa incomoda. Eu defendo minhas convicções independentemente de gostarem ou não, de ser vaiado ou não.
Sei que isso incomoda. Não faço para agradar. Defendo e sustento. Como sou negro, percebo a agressividade. Os caras dizem: “Seu negro filho da p…”, ou algo assim. Aí, você percebe que está incomodando e que isso acontece não somente pela posição que está ocupando. É ofensa pessoal. Mas me sinto muito à vontade diante dessas situações.”
As declarações são pesadíssimas. De Cristóvão Borges, treinador do Flamengo, clube mais popular do Brasil. Cristóvão tirou da garganta algo que o incomodava demais.
Foi no dia 25 de novembro de 2014. Neste dia, ele teve o desprazer de descobrir como torcedores do Fluminense o chamavam pelas costas. Na coluna de Renato Maurício Prado, no jornal O Globo, a expressão “Mourinho do Pelourinho” era apenas uma havia também “Guardiola de Ébano”. O detalhe, Cristóvão era o treinador do próprio Fluminense.
Cristóvão vem sendo duramente criticado pelos dois últimos jogos do Flamengo. O time empatou com o Santos e perdeu para a Ponte Preta. As reclamações da imprensa e dos torcedores cariocas foram voltadas ao técnico. O presidente Eduardo Bandeira de Mello foi pressionado para a demissão. Mas decidiu dar uma derradeira chance ao treinador.
Na ESPN, ontem, desabafou. Vê a mais torpe razão para que seja perseguido. A cor da sua pele. Deixou nas entrelinhas que se fosse um técnico branco, seria mais respeitado.
Ele é muito inteligente. Sabia que suas declarações repercutiriam. E elas estão em todos os portais, jornais, noticiários do país.
A hora é de reflexão. Quais são os treinadores que trabalham nos grandes clubes do Brasil?
No Rio. Flamengo, Cristóvão, negro. Vasco, Celso Roth, negro. Fluminense, Enderson Moreira, branco. Em São Paulo. Corinthians, Tite, branco. Palmeiras, Marcelo Oliveira, branco. Santos, Dorival Júnior, branco. São Paulo, Osório, branco. Ponte Preta, Doriva, branco. Minas Gerais, Atlético Mineiro, Levir Culpi, branco. Cruzeiro, Vanderlei Luxemburgo, mulato. Paraná, Coritiba, Ney Franco, branco. Atlético Paranaense, Milton Mendes, Branco.
Santa Catarina, Avaí, Gilson Kleina, branco. Figueirense, Argel, branco. Joinville, PC Gusmão, branco. Chapecoense, Vinícius Eutrópio, branco. Rio Grande do Sul. Grêmio, Roger, negro. Internacional, Odair Hellmann, branco. Pernambuco. Sport, Eduardo Baptista, branco. Goiá. Goías, Julinho Camargo, branco.
Cristóvão, Celso Roth, Luxemburgo e Roger. Quatro treinadores negros. Contra 16 brancos. Presidentes de clubes e vices de futebol também são em sua quase totalidade brancos.
Esse não é um fenômeno brasileiro. “É triste ver que são pouquíssimos treinadores negros. Dos ex-jogadores de cor, quantos viraram treinadores? É bem verdade que não devemos ver somente a cor da pele. Mas isso também é um aspecto. Não dá para negar.” O resumo é do holandês Seedorf. Desde que foi demitido do Milan, não conseguiu recolocação.
“Já ouvi de empresários: ‘O pessoal do clube gostou do seu perfil, mas, me desculpe, você é preto”, disse o técnico Lula Pereira.
“Se você descer a hierarquia, você vai ver mais negros – massagistas, roupeiros, treinadores de goleiro. Mas treinador, dirigente, são cargos maiores e não querem dar esse espaço aos negros”, disse à BBC, o cientista social Marcel Diego Tonini, pesquisador da USP que tem trabalhos de mestrado e doutorado sobre o tema “negros no futebol”.
Ou seja, o mercado de treinadores e dirigentes é mesmo mais restrito para os negros no Brasil. Na Europa, no mundo. Tudo fica lamentavelmente explicável quando se lembra que até 90 anos atrás, o futebol em campo era restrito aos brancos. Os negros tinham de passar pó de arroz no rosto, braços e pernas. Esticar o cabelo a ferro, na esperança de disfarçar a própria raça. A esperança era o torcedor, de longe, confundi-lo com branco.
A melhor saída parece ter sido encontrada pela liga de futebol norte-americano, a NFL. A Rooney’s Rule. Desde 2003, para cada vaga de treinador ou dirigente que esteja vaga, um negro precisa ser ao menos entrevistado.
“Não tem técnico negro? Então ligue para a Dilma e mande ela fazer uma cota pra técnico negro. Eu sou um árabe, não sou um negro, mas também sou discriminado (na sociedade). Não acho que exista nenhum preconceito”, ironizou Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro.
Cristóvão pode realmente estar sendo discriminado. Não tem cabimento essa história de Mourinho do Pelourinho ou Guardiola de Ébano. Quem o tratou ou o trata dessa maneira precisa ser processado. Se a tolerância com treinador negro é menor do que um branco é algo difícil de aferir.
A melhor atitude para qualquer treinador que se sinta discriminado é falar. Protestar contra o preconceito. Usar a imprensa. Cristóvão tem pelo menos duas vezes por semana microfones do Brasil todo para falar. Não deveria ter guardado a mágoa pelo que sofreu no Fluminense no ano passado. Esperado um ano para tornar público seu sofrimento.
Treinadores negros são minoria. Infelizmente ainda são pioneiros. Estão abrindo espaço no futebol. E terão de enfrentar a hipocrisia da população como um todo. A sociedade brasileira mente para si mesma. Garante não ser preconceituosa. Mas é. E muito.
Quais os presidentes negros que assumiram a CBF?
Quantos técnicos negros comandaram a Seleção?
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ó, pobre coitado! Morro de pena. É fácil encobrir a ruindade com pseudo perseguição. Babaca, chorão, vá treinar série B, seu bosta!
Falou tudo, ele está se escondendo nessa frase de "racismo" inventado por outro bosta que é o Trajano. Jornalista irresponsável que criou essa situação, agora esse CRistóvão se faz de coitado
Coitadinho. Perseguido por ser afro,um técnico que chegaria ao Barcelona c não foce....BURRO não é negro ,seu parasita! Você é criticado por ser o pior treinador que poderia estar no Flamengo. Faça algo digno e peça demissão, porque não te aguentamos mais....concordo plenamente com você Paulo Ricardo... É apenas isso simples assim !
Beleza...arrumou uma desculpa pra ruindade dele...racismo........Cristóvão independente da cor voce é um burro e ponto, isso é racismo?Preciso rever meus conceitos. Vaza que o o flamengo precisa de treinador com caráter e dignidade para assumir que o time não está bem e que erra ao fazer certas substituições....VAZA meu filho VAZA!!!
Ou n se quer entender ou se finge que n se quer entender. Eu faço criticas ao CB ou a qualquer técnico que me venha colocar 3 volantes "Brucutus" pra jogar ou ainda que faça mal as alterações no time. O que não posso ser conivente é se usar das expressões “Guardiola de Ébano” ou "Mourinho do Pelourinho" para justificar a critica, pq isso não é justificar e sim ofender e ofender a cor dele e de onde ele veio e não fazer as criticas que são pertinentes e necessárias.
Odiei esse "coitadismo" do CB por causa das criticas recebidas, ele alegar que foi racismo foi um golpe baixo pra tirar a atencao das pessimas decisoes dentro de campo.
Estavamos com o jogo ganho contra o Santos e o animal vai la e tira o Alan Patrick matando a equipe.
O mesmo aconteceu contra a ponte, ta certo que tivemos muitas (muitas mesmo) e nao conseguimos vencer o jogo, mas pq mexer no time de novo se esta bem?
Jogador ta cansadinho?? Os caras tem do bom e do melhor e nao tem condicoes de jogar 90 minutos??
Como o Zico mesmo disse: nao existe esse negocio de pedir pra sair por cansaco, ainda mais jogando pelo Fla em pleno maracana.
Resumo da opera; pare de se vitimar, tome uma decisao de cabra macho e peça pra sair pra treinar seu amado vasco que precisa MUITO de vc!
SRN
A torcida do flamengo já reverenciou e já xingou o Obina. Em ambos os casos não havia nada de racismo. Me desculpa aí, mas acho que isso é levantar essa bandeira, e ainda que nobre, não tem nada a ver com o real motivo do descontentamento da torcida...