“Mal demais”, veja a análise financeira dos clubes brasileiros

A partir de hoje e durante alguns dias, a exemplo do que já vem sendo feito desde 2011, esse OCE apresenta os principais resultados do novo estudo feito por uma equipe de profissionais do Banco Itaú BBA:

Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2015 – Dados Financeiros de 2014

Esse primeiro post abre com a Introdução feita pelos autores e o título desse post é, também, o título dessa Introdução, que resume muito bem o que foi o ano de 2014 para nossos clubes.

Introdução: Vai mal, mas vai mal demais

Passado o vendaval de 2013, chega o momento de avaliar os danos.

E não é por estar na sua presença, meu prezado Futebol Brasileiro, mas você vai mal, mas vai mal demais. *

As Receitas continuam patinando. De forma geral, em termos Totais apresentaram queda em 2014, e na visão Recorrente até cresceram, mas basicamente como recomposição da inflação. Os clubes ainda dependem muito das Receitas da TV e não conseguem fazer as demais evoluírem.

Há que se levar em consideração que o Futebol tem que ser analisado e pensado no contexto do momento macroeconômico do país, e que por isso tem limitações de crescimento. Não é crível imaginar que as Receitas continuarão crescendo substancialmente quando a Economia do País não cresce. Nesse cenário, o que resta é cuidar dos Custos e Despesas.

Eu não queria jogar confete, mas tenho que dizer, Cê tá de lascar, Cê tá de doer.*

Quando o assunto são os Custos e as Despesas os Clubes falham de forma gritante. Como efeito do crescimento de Receitas visto entre 2009 e 2012, os Clubes aceleraram a política de contratações de atletas profissionais. Isto significou aumento do salário e aumento no custo de aquisição dos Direitos Econômicos e Esportivos, que classificamos como Investimentos.

O problema é que os desembolsos de aquisição são geralmente financiados e os salários são obrigações de longo prazo, dado que os contratos com os atletas geralmente são de 3 a 5 anos. Ou seja, investimentos e custos de hoje que serão pagos ao longo de alguns anos. Com a queda nas Receitas e os Custos em alta, o que vimos em 2013 e está exacerbado em 2014 é a forte queda na geração de caixa dos clubes, o que significa perda da capacidade de investimentos, pagamento de dívidas e, como apresentamos num dos capítulos no qual trataremos de Fluxo de Caixa, atrasos em salários e impostos.

Por trás de um Futebol triste há sempre um Dirigente feliz, e atrás desse Dirigente mil Torcedores sempre tão gentis.*

Enquanto é possível girar os pratos, e isto significar lutar por títulos, tudo vai bem. Até o momento em que a situação fica insustentável e surgem os atrasos, a saída de atletas, seja por necessidade de venda, seja por questões legais, e consequente deterioração do elenco. Assim, quem quase foi Campeão num ano, luta para não ser rebaixado no outro.

E se o Dirigente vai continuar enrustido, com essa cara de marido, o Torcedor é capaz de se aborrecer.*

Capaz não; se aborrecerá e abandonará o time, assim como os patrocinadores. A Receita cairá e o círculo vicioso está instalado.

Por isso, para o bem do clube, ou tira essa mania de grandeza da cabeça e merece o Torcedor que você tem.*

Fato é que no Brasil não há 12 clubes com possibilidades reais de título do Campeonato Brasileiro.

Os Dirigentes precisam deixar claro que com as diferenças de Receitas existentes entre os clubes, uns terão menos capacidade de investimentos que outros, e isto tende a significar que os primeiros terão mais chances de títulos que outros.

Resta ao Torcedor entender esta situação e saber que sim, vai torcer pelo Clube e não pelo Título.

Mas esta é uma mudança de mindset importante e demorada.

Não sei se é para ficar exultante, meu querido Futebol, mas aqui ninguém o aguenta mais assim como és gerido.*

E para o bem geral dos Torcedores e do Esporte, deverá entrar em cena uma série de regras que devem ajudar os Dirigentes e Clubes a se enquadrarem em condições mais rígidas de gestão.

A Lei do Futebol, vinda da MP 671 e da Lei de Responsabilidade de Futebol, naturalmente os forçará a adotarem práticas mais restritivas de gastos e isto, no longo prazo, pode significar recuperação na condição econômico-financeira dos Clubes. Vai depender apenas da execução das punições, independente da cor da camisa e do tamanho da Torcida.

No intuito de colaborar com a evolução do esporte em termos de gestão, incluímos neste trabalho uma sugestão de organograma funcional e as responsabilidades de cada membro de uma gestão Profissional do Futebol. É uma tentativa de pensar o Futebol de maneira profissional e transparente.

Mas são seis horas e o jogo está quente, deixa a bola com a gente, deixa a bola rolar em paz!*

*Para quem não reconheceu, as partes em itálico e com o asterisco no final, remetem à canção “Deixe a Menina”, de Chico Buarque.

Comentário do OCE

Irretocável. Infelizmente. Seríamos todos mais felizes se essa Introdução não estivesse de acordo com a realidade, mas ela está.

E pior que isso: ela retrata o que foi 2014.

Sabemos todos que 2015 está pior e os clubes estão passando muito apertados.

“…surgem os atrasos, a saída de atletas, seja por necessidade de venda, seja por questões legais, e consequente deterioração do elenco…”

Essa situação é exemplificada à perfeição pelo São Paulo. Durante os 17 jogos dirigidos pelo novo treinador, Juan Carlos Osorio, nada menos que 8 atletas foram negociados. E ainda teve o imbróglio Rodrigo Caio, que foi, ficou, voltou. Quase matematicamente,  o treinador perdeu um jogador a cada dois jogos.

Ao longo desses anos não faltaram alertas para a gastança desenfreada. Alertas nesse sentido foram postados nessas páginas várias vezes, na verdade desde 2009, quando alertei que “marolinha” não existia e que havia, sim, uma crise em crescimento.

Durante esse período, clubes aumentaram suas dívidas, como dito na Introdução, e houve, também, os que deixaram de pagar contas devidas para gastar com atletas. As contas em questão foram os impostos e o Corinthians foi campeão, em todos os sentidos, nesse quesito, seguido pelo Cruzeiro a alguma distância.

Na prática, todas as boas práticas de gestão ética e responsável foram abandonadas por praticamente todos os clubes, variando apenas a intensidade do abandono e o tamanho das gastanças desenfreadas.

Fonte: Blog Olhar Crônico Esportivo

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • Falar é fácil, difícil é fazer. Milhões de torcedores fungando no cangote do presidente.
    Aliás não deve ser fácil suportar a pressão pela queda do seu time para série B que, aliás, deve ser um dos maiores motivos por contratações fora da realidade brasileira, outra por dirigentes de má fé...

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