Coluna do Torcedor #9: ‘O Véu de Noiva’

A vitória do Mengão e a volta ao G4 não foram as únicas boas novas de quinta. Um dos símbolos soterrados pela reforma criminosa do Maracanã voltou a dar o ar de sua graça: o véu de noiva. No tormento daquele luto pela demolição do antigo coliseu e a indignação que dele partiu (mas não só dele) os indigníssimos concessionários haviam concedido apenas o retorno de um suposto véu de noiva.

A substituição, que a Suderj não informou, daquela rede quadrada e sem graça incapaz de acolher a bola por aquela outra triangular (só um futebol de poucos gols pra apreciar uma rede que mais parece uma gaiola; bola não se prende, se penteia) não poderia enganar o apaixonado e platônico torcedor: aquele cortinado ainda não era aquele. A bola não estufava a rede, o pudor do presunçoso véu não alcançava o rosto da noiva, não ousava o gesto que a uma só vez arrebata e acaricia. E condenava o gol a uma fria distância. Era duro como a viseira de um capacete.

Quinta, quando ninguém esperava, o véu, lascivamente pendente, estava a nos esperar. Só mesmo a irredutível festa da maior e mais querida torcida, com a alegria de um retorno ao topo do futebol nacional, para restituir a perda. Lá estava o véu, como uma curva de Niemeyer.

Ao contrário do que se tem ouvido, o resultado não foi 2 a 0 coisíssima nenhuma. Não… Por mais bonita que tenha sido a jogada, aquele chute torto e desviado de Alan Patrick não poderia valer, não poderia consagrar o reencontro. Há os que dizem, desencantados, que não existe gol feio, “feio é não fazer gol”. Mas a noiva não liga para pragmatismos. Ela responde com a voz rouca e arrastada de Nelson Rodrigues: “se os números provam o contrário, pior para os números”. E a bola saiu rejeitada, rolando triste para fora do gol.

Foi preciso a pintura pelo pé direito de Luiz Antonio, o chute que desenhou um arco cadente de estrelas para iluminar o rosto da noiva. A rede estufada, a bola ao ar imóvel em sua polpa, num sopro infinito e silencioso como o instante que precede o retumbante brado de gol.

O ritual de encontro estava selado. A noiva, desvelada, adormece a bola em seu seio como um beijo: repouso da glória.

Ciro Oiticica


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Coluna do Flamengo

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  • Cara eu sou fã desse estilo de rede tentaram fazer um véu parecido mais não era a mesma coisa mais felizmente a nostalgia estava lá quinta feira logo me lembrei dos tempos de zico fazendo gol naquele tipo de rede o mais apaixonante que acho no véu de noiva é o momento que ela estufa e pra quem fica perto do gol o som que faz e o mais principal ver o goleiro adversario ir pegar a bola no fundo do gol espero que continue o formato exatamente como estava quinta feira por que essa é uma das caracteristicas principais do estadio que tinha se perdido no New Maraca pra muita gente isso não significa nada mais para nós flamenguistas o verdadeiro véu de noiva é importantissimo para o maracanã

    • Mas os 2 GOLS de quarta a BOLA não ficou dentro do gol não.

  • Eu gosto do modelo usado usado na copa,e tem um modelo usado no campeonato ingles que é show.Esse vel de noiva de quinta feira,também ficou bonito,porém os gomos da rede tem que ser ou em forma de exagono ou quadrado em escala pequena,este usado é em losango triangulo sei lá...mas não cai muito bem...enfim,ainda bem que estão melhorando,pq aquela que estava era ridicula parecia uma rede de pesca enjambrada.

    • Acho que tu quer dizer como estava entre 2006 e 2009 em que o ' véu é um pouco mais leve e mole ' estufa mais e é mais discreta procura os vídeos desse período pra vc ver acho que é isso que tu quer dizer

      • Pena que ninguém elogiou o texto pois ele me fez recordar o Nelson Rodrigues quando falava de futebol.
        Simplesmente sensacional caro Ciro Oiticica.
        Faço votos que vc escreva mais com esta categoria difícil de.encontrarmos hoje em dia.

  • Nada mais lindo do que o golaço de Luiz Antonio para demostrar como é lindo a rede balançar no maraca, deveria ser proibido trocar o véu de noiva só porque os gringos querem que troquem, isso tira a magia do golaço que é genuinamente brasileiro.

  • Preciso Quadrada fundo tipo moderno igual a rede e dimensões das redes do Pacaembu.
    Ou seja nao é quadrada rasa igual o mané garrincha..
    É quadrada funda, ou seja depois que passa da linha do gol da tempo da galera gritar antes mesmo que a bola toque no fundo da rede.
    Lógico min refiro a décimos de segundos...

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