Entidade divulgou comunicado nesta sexta-feira, afirmando que pretende adotar a ajuda da tecnologia no Brasileirão. Medida criaria novo cargo: o árbitro de vídeo
Depois de um pedido dos clubes em reunião na quinta-feira, a CBF afirmou que estuda o uso das câmeras de vídeo para auxiliar as arbitragens no Brasileirão de 2016. A entidade depende somente de uma autorização da Fifa para adotar de vez a ajuda eletrônica. De acordo com o comunicado, o ex-juiz Manoel Serapião Filho, hoje diretor da Escola Nacional de Arbitragem, viajará para Londres em outubro, para tentar a liberação do uso de imagens.
Com a medida, seria criado um novo cargo, o árbitro de vídeo. Ele seria responsável por analisar seis tipos de jogadas: dúvida se a bola entrou no gol ou não, se a bola saiu pela linha de fundo ou não, se uma falta aconteceu dentro ou fora da área, anulação de gols e de pênaltis por faltas claras e indiscutíveis, impedimentos por interferência e ainda jogo brusco ou agressão física.
– Sabemos que é impossível a seres humanos atingir o índice de erro zero na arbitragem. Por isso, considerando a solicitação dos clubes, a CBF pleiteará junto à Fifa a aprovação do uso de imagens da TV para auxiliar os árbitros. Queremos que o Brasil tome a liderança no processo de introdução da tecnologia no futebol e que sirva de referência para outros campeonatos no mundo – afirmou o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, no comunicado.
O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sergio Corrêa, afirma que o uso da tecnologia não irá acabar com todas as dúvidas durante uma partida. No entanto, espera evitar que erros de avaliação prejudiquem diretamente o resultado em campo.
– É importante dizer que a tecnologia não evitará todos os equívocos de arbitragem, pois a atuação do árbitro de vídeo somente se dará para evitar erros claros, indiscutíveis e que tenham influência no resultado da partida. A comissão está muito satisfeita em participar deste processo de evolução da arbitragem – afirmou Sergio Corrêa.
O comentarista Wagner Vilaron lembrou que a Fifa já autorizou outros testes no Brasil, como o uso do spray, para marcar a posição da barreira nas cobranças de falta, e a presença de auxiliares extras, na linha de fundo. O apresentador Marcelo Barreto crê que o uso do vídeo no futebol pode ser parecido como acontece no vôlei.
– O árbitro de vídeo não pode ter mais autoridade que o árbitro de campo. Isso já acontece no vôlei. Existem momentos em que o vídeo não consegue tirar a dúvida. Aí o árbitro arbitra. Faz o que o nome dele diz. Isso vai dar mais um elemento para o árbitro avaliar.
A CBF informou ainda que os clubes terão cinco representantes (um de cada região do Brasil) para acompanhar as escalas, notas e sorteios de árbitros nas quatro séries do Brasileirão. Além disso, os nomeados também poderão seguir a reciclagem dos juízes na Escola Nacional de Arbitragem.
Anúncio é feito uma semana após polêmicas
O anúncio do pedido para o uso de tecnologia acontece nove dias depois das polêmicas da 22ª rodada do Brasileirão. No dia 2 de setembro, o líder Corinthians foi beneficiado por um gol mal anulado do Fluminense, que empataria a partida em Itaquera. O jogo acabou 2 a 0 para o Timão.
No mesmo dia, Marcelo de Lima Henrique fez arbitragem polêmica no Independência, na derrota do vice-líder Atlético-MG para o Atlético-PR por 1 a 0. O presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, fez duras críticas a Sergio Corrêa, que comanda a comissão de arbitragem.
Na partida entre Ponte Preta e Cruzeiro, a Macaca foi derrotada por 2 a 1, reclamou de um pênalti não marcado e de um gol mal anulado. O clube de Campinas chegou a pedir a anulação da partida no STJD. Depois da rodada, a CBF anunciou o afastamento de cinco auxiliares e de um árbitro.
Fonte: Sportv