Méritos para Oswaldo

Deixou chegar, já era. Essa máxima é redundante em nossa história, e não depende de treinador, de elenco ou de diretoria. Só precisamos da camisa, só precisamos ser Flamengo. E isso nós, a Nação rubro-negra, sabemos ser muito bem.

Mas como podemos explicar taticamente essa nossa guinada no campeonato? Atribuo, com efeito, grande parte do mérito ao nosso novo treinador, Oswaldo de Oliveira. Não era com ele que sonhávamos para dirigir nosso time, mas nessa sequência de cinco vitórias seguidas alguns pormenores estratégicos e táticos tem que ser notados – afinal, são eles que diferenciam o modo Oswaldo do modo Cristóvão de ser.

A mudança mais significativa, em minha opinião, foi a chamada “saída de 3”, que elimina a pressão sobre a zaga no momento da saída de bola e libera os laterais para avançar, bem analisada pelo Globoesporte.com. Oswaldo orienta Márcio Araújo para que volte e se posicione entre os dois zagueiros, que abrem espaço e se posicionam nas laterais do campo. Essa linha de passe aberta e de difícil marcação permite com que os laterais, já posicionados no campo ofensivo, ou Canteros, no meio, recebam o passe com mais facilidade. Ademais, criamos mais posições no campo ofensivo, o que era impossível com Cristóvão, que prendia os dois zagueiros e os quatro laterais na saída de bola. Com Oswaldo, a saída de bola é facilitada, e menos jogadores se prendem no campo defensivo.

Outro aspecto dessa mudança tática resulta no aumento da eficiência de Pará e Jorge. Quanto ao primeiro, sabemos de suas limitações, tanto ofensivas quanto defensivas. Ao retirar grande parte de sua responsabilidade defensiva, Oswaldo dá mais liberdade para que o lateral avance e tabele no ataque, sempre próximo de Emerson e com as opções de Canteros e Márcio Araújo no meio. O posicionamento ofensivo é muito mais encorpado, visto que nossos jogadores se apresentam mais como opção de passe. O mesmo acontece com Jorge, que chega a revezar com Everton pela esquerda.

Outro detalhe é a maior participação da zaga no jogo. Como muito havia criticado por aqui, a zaga do Flamengo praticava com frequência o recuo para a lateral quando pressionada. Isso simplesmente não se repetiu mais com Oswaldo, creio eu por recomendação, mas também pelo retorno dos volantes para dar opção de passe. O recuo para o goleiro também tem sido mais utilizado – e convenhamos que é melhor recuar para o goleiro do que recuar para a lateral.

Por fim, no ataque, o Flamengo preza mais pelo toque de bola. Apesar de termos atacantes de grande velocidade e, em um primeiro momento, o jogo rápido e baseado em contra-ataques ser mais favorável às nossas características, esse estilo de jogo não contribui para as equipes que precisam jogar com tendências a controlar o jogo. Jogar no contra-ataque quando ainda não temos o placar favorável era um grande erro de Luxemburgo e de Cristóvão, já que a maioria dos times do campeonato joga mais na defensiva quando enfrentam o Flamengo, além de não termos um volante com qualidade de passe para alcançar nossos pontas.

Em resumo, Oswaldo implantou várias adaptações táticas e instruções técnicas que alteraram consideravelmente nossa forma de jogar. Felizmente, todas estão dando certo, apesar de o desempenho da partida contra o Cruzeiro não ter apresentado grande parte dessas mudanças – em função, é claro, da falta de ritmo dos suplentes. Tudo isso me enche de esperanças quanto aos próximos jogos, e mal posso esperar pra enfrentar equipes mais qualificadas. G4 já é realidade, que voos maiores nos aguardem.

E você, torcedor, notou alguma outra inovação de Oswaldo?

SRN!

Rodrigo Coli

rodrigo.coli@colunadofla.com

Rodrigo Coli

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