Sei lá como são as eleições em outros lugares, mas no Brasil e no Flamengo elas seguem sempre a mesma lógica: o importante é falar mal do adversário e descontruí-lo assacando-lhe toda a sorte de mazelas. Por mais que os marqueteiros insistam que o eleitor médio não gosta muito do jogo baixo, os candidatos – e mais do que eles, seus correligionários – passam a campanha eleitoral desfiando um rosário de coisas desabonadoras dos rivais e a coisa termina com mágoas profundas.
Vou aqui contrariar essa lógica e dedicar a falar bem dos nossos – até agora – 3 candidatos à Presidência do Mais Querido. Leitor assíduo do Muro das Lamentações virtual que atende pelo nome de Twitter, me assusto com a ira cotidiana proferida contra candidatos que não rezam pela mesma cartilha dos tuiteiros. Às vezes dá a impressão de que Eurico Miranda e Andrés Sanchez estão concorrendo, tamanha a convicção de que se o eleito não for do agrado íntimo do rubro-negro em particular, o clube vai entrar em uma espiral de decadência sem precedentes.
Cacau Cotta, Eduardo Bandeira de Mello e Wallim Vasconcellos são três caras muito bacanas, tão flamenguistas quanto qualquer um de nós, querem o melhor para o clube e podem fazer uma grande gestão. Vou lembrar alguns bons motivos para votar em cada um deles. Em ordem alfabética, para não sugerir preferências.
POR QUE VOTAR NO CACAU?
Em 2012 eu fiz uma das coisas que mais me arrependo na minha vida rubro-negra, me envolvi de forma apaixonada na eleição e fiz um monte de coisas que não deveria ter feito, porque apenas me indispus com pessoas de que gosto, como, por exemplo, Patricia Amorim. Eu mal frequentava o clube, afinal moro em Porto Alegre, mas certa vez marquei de me encontrar no bar da piscina com um aliado de ocasião.
Falava-se então muito bem das melhorias no estado geral das instalações do clube, o que, vejam só, acabou sendo uma forma pejorativa de se referir à Patricia, a “presidente do parquinho”. Enquanto esperava o meu interlocutor, fui fazer hora em uma espécie de sala vip, uma das tais melhorias que era um espaço com sofás, computadores, TV…fui tratado com muita simpatia pela funcionária e, enquanto lia meus e-mails, chegou o Cacau.
Eu só o conhecia de nome e de foto, nunca o tinha visto, mas ele se dirigiu a mim com gentileza e perguntou se estava tudo bem. Depois, fez o mesmo com os demais sócios que estavam por ali, os quais, diga-se de passagem, ele já conhecia. Agia como um anfitrião, como se quisesse que todos se sentissem à vontade e integrados, algo não tão comum em um clube tão grande.
Esse era o Cacau em 2012. Em uma gestão massacrada por avaliações catastŕoficas, ele e Alexandre Wrobel eram os 2 VPs elogiados. Realmente, a Gávea em 2012 estava longe de ser um Country Club, mas era visivel que mudara da água para o vinho se comparada ao que era em 2009. E por trás daquela transformação, a figura do Cacau, que se dedicou intensamente a tornar o espaço de convívio dos associados um pouco melhor. Por isso ele era querido e respeitado mesmo pelas pessoas que não queriam ver a “corja” reeleita. Alíás, passada a eleição, Wrobel seguiu como VP e as pessoas mal se lembram que ele já está lá há 2 gestões seguidas. Para Cacau sobrou o injusto troféu de ser herdeiro da “corja”, quando ele apenas fez o seu trabalho e passou esses 3 anos agindo como um opositor light da atual gestão.
Mas a maior razão para votar em Cacau, óbvio, não é o antigo parquinho. É porque Cacau pretende representar, nessa eleição, uma espécie de rubro-negro que a gente aos poucos parece se esquecer: o torcedor de arquibancada.
Enquanto a Chapa Azul em 2012 e suas duas vertentes atuais compartilham um discurso que prioriza o resgate institucional, a sustentabilidade da instituição e a eficiência da gestão como o caminho a trilhar para reposicionar o Flamengo no caminho das vitórias, Cacau olha para o outro lado.
Cacau prega um Flamengo que se orgulhe de suas raízes populares, que encontre meios de tornar a vida do torcedor de arquibancada mais fácil, que busque caminhos para baratear ingressos. Se há quem acredite que a chave do sucesso é um Flamengo de CEOs e executivos, Cacau aposta na vocação proletária do clube. E quem acompanha as entrevistas que ele tem dado constata que ele se preparou para essa campanha e tem ideias muito bem concatenadas.
Cacau, em síntese, se apresenta como uma candidatura a serviço da arquibancada, o que sempre deve ser motivo de aplausos. E traz na bagagem sua boa passagem como VP. Quem não gosta dele costuma lembrar de alguns de seus apoiadores polêmicos. Mas, convenhamos, isso não é exclusividade dele. Os outros dois candidatos também colecionam apoios que constrangem.
POR QUE VOTAR NO EBM?
É simplesmente impossível não gostar do EBM depois de conversar 1 minuto com ele. Ao contrário do padrão da cartolagem brasileira, EBM é simpático, humilde, educado e de fala mansa.
Em 2014 o Flamengo patinava feio no Brasileirão, como tantas outras vezes patinou. Junto com o marketing do clube, nós articulamos umas ações promocionais para os STs de Porto Alegre quando do jogo contra o Inter. Só que a situação era tão crítica (e continou crítica, porque o time perdeu de 4 x 0 e André Santos foi agredido por torcedores) que o marketing chegou a cogitar cancelar os eventos, com medo de que os STs fossem hostis com o elenco. Como alguns dos contemplados eram amigos da FLA RS, pedi que me ajudassem em caso de problemas e seguimos em frente.
Os jogadores chegaram assustados e arredios, mal queriam contato com os torcedores. Ney Franco foi receptivo, mas tinha o semblante carregado. A ação caminhava para um rotundo fracasso, até que chegou EBM. Gentil e firme, atendeu a todos os torcedores com paciência e se dispôs até a ouvir as queixas de quem pouco via esperança. Gente que horas antes falava cobras e lagartos dele mudou diametralmente de opinião. EBM tem o carisma natural da identificação com o torcedor, o dom de desanuviar qualquer ambiente carregado.
É curiosa a vida do EBM. Passou boa parte do mandato sendo acusado de ser uma figura decorativa, um pau-mandado dos notáveis (lembram da musiquinha “Bandeira/Fala pra mim/A sensação de ser fantoche do Wallim”?) e de repente virou acusado de ser um cara personalista, de querer fazer tudo sozinho e de se isolar. Caramba, qual EBM seria o verdadeiro, o que só obedece ou o que é autoritário?
A grande verdade é que EBM foi uma imensa surpresa e se revelou uma liderança muito além das expectativas. Enquanto facções políticas do clube se odiavam em uma luta severa, EBM pregava a paz e nunca perdia a serenidade. Teve sempre uma postura altiva e manteve a calma quando tudo pegava fogo ao redor.
Além disso, EBM deixa a todos o maior legado possível: a mudança definitiva no padrão de governança. Ele foi a maior liderança dos clubes no processo de aprovação do Profut, a MP que impõe novas regras de gestão em troca de incentivos no perdão da dívida fiscal e foi sob o seu mandato que o Flamengo modificou seu estatuto, criando mecanismos que tolhem futuras irresponsabilidades.
Não posso dizer se EBM é o cordeirinho obediente que só faz figuração ou o vaidoso autoritário sedento por poder, porque não tenho intimidade com ele, não faço ideia de como ele age a portas fechadas, o que não interessa a mim nem a qualquer torcedor. A nós só interessa o julgamento da figura pública do presidente, de como ele foi na condução de sua duríssima missão. E a esse respeito há praticamente um consenso: EBM foi muito melhor do que a expectativa e cumpriu um mandato absolutamente digno.
E não há como negar que ele tem sorte. Justamente quando foi abandonado pela ala mais famosa o time ensaiou uma recuperação no campeonato brasileiro.
Aliás, não posso concordar que de EBM esteja “sozinho”. Os maiores grupos políticos do clube estão com ele e mesmo seus adversários reconhecem certo favoritismo do postulante à reeleição, mostrando que sua candidatura encontra grande ressonância entre os associados. É claro que tem gente que não gosta dele e até inventaram o apelido “Eduardo Sozinho Bandeira de Mello”. Bom, como diz o ditado, há momentos que antes só do que…
POR QUE VOTAR NO WALLIM?
O Flamengo, tal como o conhecemos hoje (uma instituição que recuperou sua credibilidade e que caminha a passos largos para em pouco tempo ser uma potência capaz de deixar os adversários comendo poeira) é fruto de uma ideologia concebida e implantada por um grupo de notáveis unido para promover uma transformação profunda em um modelo arcaico, que nos conduzia ao abismo de forma acelerada.
E não há a menor dúvida de que embora logo tenha sentado na janela, o atual presidente foi um dos últimos a entrar no ônibus e ainda assim como convidado, não como anfitrião.
A essência daquela ideologia e do modelo transformador que a todos encantou está, indiscutivelmente, consolidada na candidatura do Wallim, que, inclusive, segue se apresentando não como um candidato de si mesmo, mas sim de um grupo que pretende atuar de forma coletiva, com a colaboração de gente com muita bagagem no cenário empresarial.
Além do chamado “núcleo duro” da esfacelada Chapa Azul, Wallim tem procurado ampliar ainda mais o leque de apoios relevantes ao seu redor, unindo ex-presidentes e o onipresente Zico.
Dessa forma, Wallim convida o associado a uma reflexão interessante: o que é melhor, ser candidato de si mesmo ou ser candidato de um projeto, de um modelo, de uma ideologia?
Os grandes destaques desse mandato foram justamente a área de marketing e área de finanças, a primeira por ter ampliado profundamente as receitas do clube e a segunda por manter sob rédea curta a gestão dos recursos e conseguir alongar o perfil da dívida. Ora, sendo ambos os seus comandantes apoiadores entusiasmados do Wallim, o natural é acreditar que a continuidade das políticas que deram tão certo vá acontecer com o Wallim.
Sim, por mais paradoxal que isso possa parecer, a candidatura do Wallim, ainda que formalmente de “oposição”, traz uma garantia maior de continuidade das políticas da “Chapa Azul”, porque é ao redor dele que se uniu o grupo formador da chapa que empolgou o clube em 2012.
E ainda que não fosse pela luxuosa rede de apoios montada ao seu redor, por si só, como indivíduo, Wallim tem credenciais suficientes para se lançar e vencer.
Mesmo que seja discreto a respeito de seus feitos, Wallim foi o VP de futebol que conseguiu fazer mais com menos na história recente. O clube foi campeão da Copa do Brasil, em uma campanha empolgante e surpreendente, debaixo de uma saraivada de críticas e má vontade. Coube a ele mudar os rumos do departamento, até então um pouso habitual de estrelas cadentes e de contracheque recheado. A parte mais difícil de qualquer mudança radical é dar o primeiro passo – e esse foi dado pelo Wallim.
Portanto, Wallim é o cara que teve a coragem necessária no momento mais difícil, que se desgastou enquanto outros se preservavam, que foi a face pública da transformação que o Flamengo experimentou. É injusto que essa grandeza do Wallim não seja reverenciada com toda a pompa e circunstância.
E que, convenhamos, vai em busca de um lugar que consensualmente seria dele já em 2012, se dependesse apenas da vontade de seus pares. Mais ainda, se dependesse só da vontade dos então eleitores, todos na época fechados com o Wallim. Sua candidatura é nada mais do um mero realinhamento natural do que já devia ter acontecido.
Walter Monteiro
Nota de Rodapé: as 3 fotos dos candidatos que ilustram esse texto foram “roubartilhadas” do perfil pessoal no Facebook de cada um deles. Esperam que eles não fiquem zangados comigo, porque a ideia era mostrar um momento íntimo de cada um em uma temática ligada ao Flamengo.
Fonte: Magia Rubro-Negra
prefiro o Grupo ! mas se ebm ganhar tbm estarei contente!
O grupo tenque vencer, porque uma andorinha sozinha não faz verão.
Prefiro o grupo montado pelo EBM depois que os covardes mimados pularam fora.. EBM pra mais 3 anos!
Melhor comentario!! Wallin no momento de crise no Flamengo pediu para se afastar do time! Agora ele quer voltar! Tenso,
Prefiro o EBM. O grupo do Wallim só quer derrubar o Bandeira para mostrar que o colocaram e depois o tiraram. Espero que o EBM vença.
Comentário perfeito EBM na cabeça!!!
EBM por meritocracia. Se ele era um coadjuvante do grupo e hoje virou "personalista", como tal grupo o inititula, então suas ações estão de acordo com o compromisso de um Fla mais forte.
#EBMNeles
O Sr. Cacau Cotta é o que mostrou ser na administração da Patrícia. Não sei porque mostrar agora virtudes que nunca apareceram.
Walim é o melhor, até pelas pessoas que o cercam. Só os TOP´s inclusive o Tostes e BAP , dois monstros nas suas áreas. Fora que o grupo , a ideologia não consegue ser combatida tão facilmente como uma pessoa só, pro mais que eu também goste do EBM. Parabens EBM mas éhora do upgrade. Imagino em 2 anos o mengão com 500 milhoes de receita com a chapa verde. Imagino o facebook e google conosco. é bom demais essa perspectiva.
Kleber Leite neles! Ta parei…
Walim/BAP/Totes von apoio do Zico.
Gestão EBM sem dúvida é a melhor que eu ja ví!