De Chico Buarque a Seedorf: como Zico quer chegar à presidência da Fifa

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Faltando apenas dez dias para ser definida a candidatura de Arthur Antunes Coimbra para a presidência da Fifa, uma campanha maciça na internet tenta mobilizar personalidades do futebol e do meio artístico para ganhar o mundo. Para isso, aposta nas redes sociais como principal ferramenta de divulgação.

A iniciativa “Eu passo a Bola para o Zico” já teve a aderência dos cantores Chico Buarque, Zezé di Camargo & Luciano, além dos ex-colegas do Galinho, como Leandro e Adílio. Eles gravaram vídeos declarando apoio ao ex-camisa 10 do Flamengo.

“Foi uma estratégia de mostrar a importância do Zico ao mundo do futebol. Queremos que os torcedores também tenham adesão fazendo declarações. Em um segundo momento a ideia é fazer uma petição online para que as pessoas o apoiem. Faremos uma ação global em relação a isso”, disse aoESPN.com.br o consultor Rafael Oliveira, responsável por cuidar das mídias sociais da campanha.

A ideia é usar as redes sociais para alavancar as pessoas e gerar mobilização. O consultor acredita que mais personalidades devam aderir nos próximos dias à pré-candidatura de Zico.

“Ele tem uma vantagem porque as pessoas têm uma aceitação e um carinho fenomenal pela história de vida, porque é um vencedor e um cara muito transparente”, afirmou.

Até mesmo o ex-jogador holandês Clarence Seedorf declarou, em entrevistas no Brasil, seu respaldo ao brasileiro.

Zico precisa de pelo menos cinco indicações de federações até o dia 26 deste mês para estar habilitado para concorrer às eleições. A estratégia é buscar apoio entre os países em que o “Galinho” tenha mais ligação, como Japão, Turquia e Itália. Só o vídeo com o ex-meia Alex ja recebeu mais de 200 mil visualizações.

“Isso dá uma penetração legal até na Turquia, que é uma federação que queremos nos aproximar. É uma campanha inédita na Fifa, que não é feita de gabinete nem de conchavos. Queremos que seja a primeira eleição da Fifa que envolva pessoas do mundo todo”, declarou Oliveira.

Com experiência em redes sociais de eleições de políticos como Roberto Freire (PPS) e Aécio Neves (PSDB), o consultor aponta as diferenças entre os tipos de trabalho realizado.

“Numa campanha eleitoral no Brasil a ideia deles é muito mais defender o próprio lado e atacar o outro. Passa por uma analogia ruim de uma torcida de futebol. Nesta [campanha] do Zico, falamos de uma adesão muito maior do que ganhar de outro candidato. É mais um projeto de futebol. Não queremos destruir o outro lado, mas contribuir para um novo futebol”, disse Oliveira.

A inovação com o trato das mídias sociais não pretende parar caso Zico seja eleito. O consultor acredita até mesmo na criação de um aplicativo para aumentar essa interação.

“A ideia é ter uma interface para os apaixonados por futebol. Zico não está postando apenas como ferramenta eleitoral. Ele quer um caminho de comunicação com as pessoas que gostam de futebol. A ideia é que elas saibam o que acontece dentro da Fifa. Queremos transparência em relação aos contratos e tudo o que envolve a entidade. A paixão é um diferencial. Por isso as pessoas poderão se mobilzair ainda mais”.

Cenário indefinido

Além do trabalho nas redes sociais e a intenção de realizar um debate entre os candidatos, Zico lida com outras duas situações na corrida presidencial.

Primeiro busca o apoio de cinco federações para poder concorrer ao pleito. Também enfrenta um cenário de incerteza após o afastamento de três fortes rivais. O presidente da Fifa, Josepp Blatter, e o mandatário da Uefa, Michel Platini, foram suspensos por 90 dias.

Além deles, o sul-coreano Chung Mong-Joon, o único a favor do debate proposto por Zico, foi afastado por seis anos e não pode participar do pleito no final deste mês.

Zico iniciou a busca por apoio “em casa”.

“Procuramos a entidade que representa o futebol brasileiro. Falamos antes com o Marco Polo Del Nero (presidente da CBF) porque era o país do Zico. Ele disse que se conseguirmos quatro indicações ele daria o quinto apoio, mas não garantiu o voto nas eleições de 2016”, declarou aoESPN.com.br Ricardo Setyon, consultor sênior de relações internacionais da candidatura e ex-membro do departamento de imprensa da Fifa.

A Conmebol apoia Platini, porém, o Brasil tem um peso importante nas ações políticas na entidade sul-americana. “A gente quer que a Conmebol e a CBF tomem a iniciativa e digam que o candidato do Brasil e da América do Sul é o Zico. A Federação Inglesa já pediu explição ao Platini, ou seja, não vai votar nele se não forem convencidos da inocência”, analisou.

Antes das punições, Zico também conversou com o presidente da Fifa. “Ele disse que ficou sensibilizado, que Zico teve a dignidade de falar com ele e ficou emocionado”, afirmou.

Outro apoio possível seria do Comitê Olímpico Internacional. “O presidente COI foi claro em dizer que é necesário algum candidato de fora da Fifa e do contexto que está aí. Obviamente, Zico se encaixa nesse perfil”, falou.

“Agora a gente entende que as federações que apoiam o Zico irão manter silêncio até o dia 26 porque elas temem a pressão e a represália desses engravatados. Temos informações que muitas federações interessadas receberam ligações de representantes de outros candidatos falando assim: ‘Calma, cuidado que não é assim’. Mesmo com dois candidatos suspensos pelo comitê de ética”, disse Setyon.

Apesar de Platini recorrer da suspensão numa tentativa de ainda disputar o pleito, a ausência do sul-coreano pode favorecer a candidatura de Zico.

“Como ele (Chung Mong-Joon) está fora da eleição, ele pode dar apoio ao Zico por meio das inúmeras federações que o seguem. Tudo pode mudar”, disse Setyon,

‘Zico está dormindo pouco’

A ideia dos coordenadores da campanha é ter o nome de Zico o mais presente possível na mídia mundial, até mesmo de Papua e Nova Guiné.

Como atualmente trabalha como técnico do Goa, na Índia, ele tem se dividido em duas frentes. “É o único entre os candidatos que trabalha com futebol, não é presidente de nada e não fica andando de jatinho por aí. Temos uma equipe brasileira trabalhando com ele. Ele está dormindo pouco porque, além de cuidar do time, está cuidando da candidatura”, disse Setyon.

“A dificuldade é que Zico trabalha como técnico e o fuso horário na Índia não ajuda, mas é muito bom fazer uma campanha com um cara tão sério que assumiu um compromisso na Índia e cumpre esse compromisso”, reforça o consultor Rafael Oliveira.

Reciclagem e fim da politicagem

A ideia de Zico é fazer uma mudança na forma de gestão do futebol mundial, com uma renovação dos quadros da Fifa e das práticas na entidade. “Ele vai abrir espaço para as pessoas. Não vejo ele decidindo sozinho no meio de um monte de engravatados. Vejo ele chamando o Carlos Alberto Torres, o Beckham, o presidente do Valencia, entre outros”, comentou Setyon.

O consultor acredita que Zico não irá privilegiar nenhuma federação ou dirigente.

“Ele não esta fazendo promessas para as federações, não quer ficar trocando favores dizendo que vai dar Copa do Mundo ou outra coisa. Chega da Fifa trabalhar para se proteger, ela precisa trabalhar para o futebol. No estatuto da Fifa você não encontra nenhuma vez as palavras transparência e democracia. Nenhum outro candidato está oferecendo isso”, concluiu Setyon.

Fonte: ESPN

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  • Temos que apoiar o Zico nas redes sociais…
    É preciso pensar no bem do futebol
    SRN

  • O chato vai ser ver o FLAMENGO ganhando mundial em 2017,2018… e neguinho atribuindo isso a presidência de ZICO na FIFA caso ganhe!!!

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