Póvoa e os falsos questionamentos sobre a Arena Multiuso na Gávea

Segue trecho, como sempre, bem esclarecedor sobre as dúvidas que alguns membros da chapa verde levantaram sobre a construção da Arena Multiuso na Gávea.

Caros amigos rubro-negros,

Todos já conhecem a minha posição nessa eleição do Flamengo. Não era difícil prever o que iria acontecer, sobretudo entre duas chapas que têm a mesma base de pensamento – me refiro aos grandes companheiros de luta estavam sentados à mesma mesa até recentemente. A opção pelo único lado que importa – o Flamengo – foi a escolhida por mim e a cada dia fico mais convicto que tomei a decisão correta, até porque estamos conseguindo entregar, mesmo com enorme sacrifício, todos os projetos que estavam em curso. A Arena do Flamengo é um desses sonhos, um trabalho persistente e árduo que continua em curso.

Porém, apesar de afirmar que não participarei da autofagia de um grupo que revolucionou a história do Flamengo e que inverteu o círculo vicioso histórico (movimento do qual tenho enorme orgulho de ter participado), me recuso a ficar fora do processo político do nosso clube, minha maior paixão. Vou sempre defender com todas as minhas forças a minha ideia de um Flamengo único, indivisível e inseparável no futebol, esportes olímpicos e clube social (por mais difícil que seja essa luta). Um Flamengo que busque a verdadeira modernidade, que consiste olhar para o futuro, mas sem jamais se esquecer de suas raízes. Um Flamengo cidadão, que seja líder e protagonista das transformações tão necessárias no esporte nacional.

Infelizmente, essa eleição está escancarando o que, para mim, já era óbvio: A prioridade 1, 2, 3, 4, até a décima, de todas as chapas, blogs e imprensa atende pelo nome de futebol. Prioridade declarada e repetida diversas vezes por todos. É inacreditável que nem a conquista máxima recente do clube, de o “Flamengo campeão do mundo de basquete” seja usada pelas chapas que estiveram juntas no poder como um bônus eleitoral. Assunto simplesmente ignorado, reflexo de nossa pobre monocultura esportiva. Apesar de eu, como frequentador assíduo do Maracanã e outros estádios, aprovar essa preocupação especial com o carro-chefe do clube (do qual eu participei ativamente como membro do Comitê do Futebol) que não vai bem, me impressiona o total desprezo das campanhas com as demais áreas do clube.

Nas apresentações das chapas, quem focou até agora, “meia hora” que seja, no assunto clube social, que já apresenta hoje, após as reformas de R$ 14 milhões realizados nos equipamentos esportivos da Gávea nos últimos 3 anos, potencial para ser o melhor da Zona Sul? Quem até agora debateu os esportes olímpico que, após enormes críticas iniciais pelas medidas amargas, passou por enorme reformulação e investimento estrutural, estão prontos para decolar? Na imprensa e nos blogs rubro-negros (estes fazendo um grande trabalho nas eleições), todos os convidados e perguntas só circundam na bitemática racha político e futebol. O foco do futebol normalmente é voltado de forma errônea para o curto prazo, na formação do time do ano que vem e não no desenvolvimento das categorias de base, por exemplo, ou em projetos estruturantes que perpetuarão o Flamengo como clube vencedor em um horizonte mais longo.

A pasta de esportes olímpicos abrange muitos votantes e, modéstia à parte, seria importante entender o porquê do sucesso da gestão no período. Quem sabe parte do modelo não possa ser replicável a outras áreas o clube? Por que não falar com gente do passado dos esportes olímpicos no clube? Ou com gente que frequenta o clube como sócio e quer a melhora da sede social? Enfim, parece realmente que tudo isso passa ao largo nessa campanha.

Essa é dura realidade para quem defende um Flamengo único e indivisível. A maioria diz que versa dessa cartilha, mas age de maneira completamente diferente. Ontem, assistimos a uma repentina proliferação de declarações contra a construção da Arena (ginásio) do Flamengo a ser construída na Gávea. Parte dessas críticas advém da ignorância em relação ao processo, outra parte vem de oportunismo político de ocasião e uma parcela não desprezível é fruto do total menosprezo à importância dos esportes olímpicos no Flamengo (legitimamente, por sinal, ninguém é obrigado a pensar igual). O mais inacreditável é que os membros das três chapas participaram de alguma forma desse enorme esforço de aprovação do projeto da Arena, lembrando que o primeiro contato ocorreu ainda na gestão anterior e se estendeu ao atual mandato. Agora, estranhamente, alguns atores dessa eleição lançam questionamentos, que me obrigam, sempre em prol do Flamengo – a cor rubro-negra é a que me importa, a vir a público e esclarecer:

A Arena – Esse nome é até ruim (fica parecendo que será uma casa de shows, mas o objetivo é puramente esportivo). Prefiro chamar de novo ginásio do Flamengo cuja capacidade, no último projeto, caiu para 3.200 lugares (para atender exigências da Cet-Rio) e que será a casa dos esportes olímpicos do clube. Além de abrigar os jogos de basquete, vôlei e futsal, o local poderá sediar competições de alto nível de judô, ginástica artística e até jogos de tênis, não somente para o Flamengo, mas para diversos eventos das cidades. O investimento, que prevê a construção de um equipamento de altíssimo nível (qualidade comparável às arenas de NBA), estimado em R$ 30 milhões, será 100% bancado por uma rede de lanchonetes, em troca de exploração comercial (contrato sendo discutido, a ser apresentado ao Conselho Deliberativo). Em outras palavras, trata-se de um ganho esportivo gigantesco associado a uma substancial agregação de valor de patrimônio ao nosso clube e, por consequência, ao patrimônio de cada sócio.

1 – Crítica 1: “Sou contra a Arena porque a construção da mesma irá acabar com áreas do clube como duas quadras de tênis , parquinho, churrasqueiras e salão infantil.” – Não é segredo para ninguém que, por uma questão física e de espaço, o projeto da Arena realmente invade algumas áreas do clube. Mas é evidente que, no âmbito do projeto, já estão sendo estudadas as alternativas quanto à reposição dessas áreas em qualidade melhor do que os espaços existentes atualmente. Quando o projeto for apresentado para votação ao Conselho Deliberativo, certamente essa proposta de remanejamento dessas áreas no clube será apresentada em conjunto. Portanto, trata-se de uma crítica vazia, fruto da falta de informação, porque a maior parte das premissas não será aplicável.

2 – Crítica 2: “Duvido da viabilidade da Arena porque vai demorar muito ainda para ser aprovada e a CET-Rio nunca vai liberar uma lanchonete na Borges de Medeiros.” – Realmente, estamos falando de um processo que se arrasta há mais de cinco anos e que agora parece estar próximo do fim. É verdade, podemos atribuir grande parte desse atraso à burocracia estatal, ao custo-Brasil ao qual somos submetidos diariamente. Mas não tenho a menor dúvida em afirmar – e as pessoas têm que assumir isso – que uma parcela importante da morosidade de aprovação se deveu à falta de persistência do próprio Flamengo. Se fosse um estádio de futebol, dirigentes e torcida teriam feito um esforço muito superior de mobilização e a “disposição para brigar” dos membros da diretoria, sobretudo com autoridades públicas, também teria sido muito maior também. Como estamos tratando de um ginásio para esportes olímpicos (é bom lembrar que também de futsal, que deveria ser uma preocupação primordial para o futebol), pouquíssimos perdem o sono com o assunto, essa é a realidade. Estamos lutando dioturnamente nos últimos tempos.

Quanto à CET-Rio, informo que, após a alteração de projeto solicitada, a autorização para o funcionamento da lanchonete que fará parte do equipamento,  com entrada pela Borges de Medeiros, já foi concedida por escrito, só faltando o patrocinador entregar em 15 dias um estudo de uma empresa terceirizada, que confirmará por terceiros o potencial movimento de clientes na região. O processo, então, voltará para a Secretaria de Urbanismo, faltando somente a chancela do Meio Ambiente e Corpo de Bombeiros, onde o processo já está tramitando. A partir do declarado apoio do prefeito à Arena do Flamengo (ano que vem, é bom lembrar, temos eleições municipais), estamos relativamente otimistas sobre a proximidade da aprovação final.

3 – Crítica 3: “Duvido da viabilidade da Arena porque dificilmente o patrocinador irá manter o seu compromisso de investimento diante da crise econômica” – Novamente, há falta de informação. Na sexta-feira passada, tivemos uma reunião bastante produtiva com o patrocinador do projeto que já recalculou os custos da Arena depois de tanto tempo – com o processo de tramitação legal chegando ao fim – e confirmou novamente o interesse em investir os recursos. Estamos entrando na fase de discussão do contrato (claro que temos um processo de negociação pela frente), mas não há absolutamente nenhum sinal de desistência, muito pelo contrário.

4 – Crítica 4 : “Sou contra a Arena porque é mais interessante que o Flamengo aproveite a chance de ser o administrador dos ginásios modernos que ficarão na cidade como legado da Olimpíada.” – Essa crítica, infelizmente, denota o desconhecimento sobre a realidade dos esportes olímpicos no Brasil. Primeiro, porque é inviável e irreal hoje para qualquer clube sonhar em gerir uma arena com capacidade de público superior a 5 mil pessoas para jogos regulares de temporada – vôlei, basquete, futsal. Não há demanda para isso, somente em grandes jogos e finais há apelo. Que eu saiba, todos os ginásios da Olimpíada apresentam capacidade superior a essa. Segundo, porque, com todo o respeito, é razoável que o Flamengo administre um ginásio em Deodoro (enorme distância) e mande lá os seus jogos de seu basquete campeão do mundo e outros esportes ou mesmo no Centro Olímpico da Barra, com todas as enormes dificuldades de acesso viário? Respondo com uma pergunta: Será que o Flamengo cogitaria construir um estádio de futebol na região de Deodoro ou em plena Avenida Salvador Allende, onde fica atualmente a Arena da Barra? Aliás, temos que nos preocupar resolver o problema de quem? Do Flamengo ou da Prefeitura e do Comitê Organizador da Olimpíada?

Evidente que o Flamengo pode e deve buscar parcerias para aproveitar ao máximo todo o legado olímpico que estiver disponível. Quem sabe mais uma piscina Myrtha para o nosso parque aquático? Equipamentos de treinamentos para o remo, ginástica artística, vôlei, basquete, judô, e todos os nossos esportes aquáticos são muito bem-vindos! Mas nunca em troca de abrirmos mão da oportunidade de ter nossa própria casa, em nossa própria sede, em um projeto cuja conclusão está próxima. Não faz o menor sentido.

5 – Crítica 5 : “Alternativas à Arena devem ser analisadas porque, a partir de um outro acordo com o patrocinador (que manteria a lanchonete), poderíamos usar melhor os recursos do investimento ” – Essa crítica é a que mais “machuca” e revela a total falta de importância dada aos esportes olímpicos no clube. Não pela diretoria atual, anterior ou futura necessariamente. Não pela chapa roxa, preta ou amarela. Infelizmente, esse é o padrão no Flamengo, mesmo quando os Esportes Olímpicos se tornaram autossustentáveis nos últimos tempos. Quer dizer que depois de 5 anos de luta, quando várias pessoas (incluindo 800 atletas olímpicos e futsal) participaram e sonharam com nossa casa dos esportes olímpicos na Gávea, nossa querida sede, cogita-se pegar os investimentos do patrocinador para uma “alocação mais eficiente” no clube? (imaginem aonde? certamente, naquela prioridade 1, 2, 3, 4, referida no começo do texto. Pobres esportes olímpicos).

Gostaria de alertar que todas essas discussões já estão chegando aos ouvidos do patrocinador e das autoridades públicas, com as quais estamos em contato diário para tentar agilizar os processos. Começamos a ser questionados hoje mesmo em uma reunião sobre a Arena sobre essas questões colocadas nesse texto. Em nome dos Esportes Olímpicos do Flamengo, peço encarecidamente pela união de todos em torno desse projeto. Esse projeto, até porque começou na gestão anterior, foi maturado o termo atual e deve, se São Judas Tadeu nos ajudar, ser completado no próximo triênio, não é branco, azul ou verde: A única cor, a rubro-negra, irá enfeitar a futura casa dos esportes olímpicos rubro-negros. Nesse momento, somos otimistas moderados em relação à conclusão do nosso sonho.

Respeito a todos, mas é, no mínimo, pouco inteligente que um legado patrimonial dessa magnitude e um futuro orgulho para todos os rubro-negros sejam colocados em risco, seja por conta da total falta de informação sobre o estágio do processo de aprovação, pelo questionamento quanto ao DNA multiesportivo do clube ou por motivações do processo eleitoral. Evidentemente, a aprovação final, após o projeto aprovado pelas autoridades públicas e as condições do contrato serem acertadas com o patrocinador, caberá ao Conselho Deliberativo do clube, que será chamado a bater o martelo no momento apropriado.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Saudações rubro-negras,

Alexandre Póvoa
Vice-Presidente de Esportes Olímpicos

Fonte: Ninho da Nação

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • acho engraçado esse lance de Deodoro ser longe... Longe pra quem ? Eu moro bem perto, pra mim seria perfeito.
    Aposto que pra maioria dos flamenguistas que cansaram de encher o Maracanã nos tempos áureos, a Gavéa que é longe, MUITO LONGE!

  • Mas apoio quase em totalidade o escrito no texto. Muito bem pensado.
    E sim, o ginásio deve mesmo ser na zona sul, mais real.
    Mas o estádio... acho que Deodoro com o BRT e o Trem é o lugar perfeito!

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