Em discussão… Os direitos de transmissão

Há alguns anos, principalmente após a dissolução do Clube dos 13, uma discussão domina o mundo da bola quando se fala nas transmissões dos campeonatos: a divisão do valor pago pelos direitos de transmissão e uma suposta concentração de recursos que levaria a umaespanholização de nosso futebol.

Este assunto foi abordado muitas e muitas vezes neste OCE, inclusive rebatendo essa supostaespanholização. A cada novo post, comentários e mais comentários dos leitores a respeito. Uma parte aprovando, outra, bem maior, reprovando a forma como os direitos de transmissão são divididos entre os clubes.

Ano após ano, um post atrás do outro, venho dizendo o mesmo: quem define quanto cada clube recebe ou deixa de receber não é a emissora (na verdade, uma rede de emissoras) e sim os próprios clubes. Mesmo em caso de contratos individuais, como ocorre hoje com o Campeonato Brasileiro. Porque, na verdade, como os próprios clubes enterraram a entidade que os unia e representava, o Clube dos 13, restou à emissora negociar individualmente. E aí, como dizia meu avô, quem pode mais, chora menos. Essa máxima, porém, não é exercitada plenamente, como os números negociados mostram.

Aqui há uma questão importante: por que podem mais?

Porque no Brasil a televisão sempre foi gratuita e sempre teve como base de faturamento a audiência. Ainda hoje é a audiência o ponto determinante para empresas anunciarem ou patrocinarem programas. Num sistema aberto, transmissão gratuita, a audiência é disputada arduamente. E quem paga todas as contas é o anunciante, é o patrocinador. Que quer audiência. Mas não só: quer diversidade, quer amplitude geográfica, quer sempre atingir mais pessoas no geral e mais pessoas dentro de seus targets. Outro ponto importante contra a suposta concentração, que muitas vezes é esquecido.

Também na distribuição do PPV, o que pesa é a audiência, que nesse caso é representada pela escolha clubística de cada assinante, levantada anualmente ou bienalmente por meio de duas pesquisas simultâneas, de dois diferentes institutos.

Apesar de tudo isso a discussão não diminuiu e tivemos até manifestações de presidentes de clubes cobrando igualdade ou menor diferença entre os valores pagos.

Temos, agora, uma nova e interessante competição em gestação, a Liga Sul-Minas-Rio, com o mesmo nome valendo para a competição e para a entidade criadora e gestora. Esse seria, sem a menor dúvida, o melhor momento para os clubes debaterem e resolverem como fazer a distribuição do famoso “dinheiro da tv” entre eles.

E a discussão foi feita. Valores e percentuais não foram informados, mas foi dito pelo próprio diretor executivo da entidade, Alexandre Kalil, que um dos clubes, o Flamengo, terá uma cota maior dos direitos de transmissão. Em suas palavras: “obviamente o Flamengo vai receber mais” – dando como motivo o maior peso do clube em termos de audiência.

Peter Siemsen, presidente do Fluminense, um dos clubes participantes e presente à mesma reunião, disse que seu clube lutará por cotas iguais para todos.

Ainda não temos muitas informações sobre os bastidores da nova liga, mas essa discussão e as declarações de seu executivo mostram que os próprios clubes, ao menos em parte, aceitam com naturalidade uma divisão diferenciada.

Cada um tem a sua visão a respeito, eu inclusive, mas a visão que conta, a que realmente conta ao fim e ao cabo, é a dos clubes. Novamente, sendo repetitivo, são eles que decidem quanto cada um deve ganhar. O primeiro ponto que deve ser considerado: os clubes estão unidos? Se estão, eles debatem o assunto entre eles e estabelecem, eles mesmos, quanto caberá a cada um.

Esse é o caso, por exemplo, da English Premiere League. Lá, 50% do montante dos direitos é distribuído de forma igual entre todos os clubes. Os outros 50% são distribuídos conforme o número de jogos/audiência e de acordo com o mérito esportivo, ou seja, a colocação de cada um no campeonato em curso (os direitos são distribuídos no final da temporada). Essa divisão é válida para as vendas domésticas da Premiere League. Já os recursos obtidos pela venda para o exterior, bilionários recursos, são divididos em partes iguais entre todos.

Novamente: decisão dos clubes. Não foi da Rainha. Não foi do Primeiro-Ministro. Não foi da FA – Football Association – que nada tem a ver com a liga. A decisão foi dos clubes.

Agora, se os clubes não se unem, se não chegam a um consenso, o que restará será a negociação individual.

Vamos aguardar pelo que vai ser decidido pelos 15 membros da nova liga.

Uma coisa, porém, já é certa desde já: qualquer que seja a decisão, nessa questão específica, ela criará, virtualmente, uma espécie de jurisprudência a respeito.

Fonte: Olhar Crônico Esportivo

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • vai entender, é sempre os tricoletes achando que são grande kkkk coitados, não enchem estádio nem no rio, imagina pelo Brasil....igualdade uma ôva!!!!!!!!!! quem dá mais retorno recebe mais, o Flamengo não é instituição de caridade, e não vai dar mole de colocar dinheiro no bolso de time pequeno.

  • O que acho engraçado, é que nenhum "grande" reclama de receber mais que os "pequenos!", nos estaduais, na copa do Brasil ..
    Só o que importa, é se o Flamengo ganha mais que o time do reclamante.
    Se for pra divisão igualitária, tem que ser em todos os campeonatos, não só no que lhe convém!
    Futebol, assim como o mundo, é capitalista, ganha mais, quem retribui mais pra emissora.
    O Flamengo é o que mais compra pacote no premiere, mesmo a grande maioria dos jogos passando na tv aberta.
    Se quer dividir, blz. Só aumentar os jogos do Flamengo no premiere e consequentemente o valor pago pro time!
    Mas reitero, se é pra ter divisão igualitária, tem que ser em todos os campeonatos, simples

  • Falou aí sobre o campeonato inglês ,olha lá qual o time de maior torcida e ilha o tamanho da torcida comprada aos outros clubes e vê se a diferença é igual a do Brasil,eu acho que se juntar toda a primeira divisão não dá a torcida do flamengo.

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