Treinador assina por dois anos com o Rubro-Negro, visita o CT sai em defesa da dupla Guerrero e Cirino: “Não podem ter esquecido de jogar”
Ao confirmar Muricy Ramalho no fim da noite de segunda-feira, o presidente Eduardo Bandeira de Mello disse que o treinador havia se “encantado com o Flamengo”. Ao menos pelas palavras do técnico em sua apresentação, é possível ver Muricy bastante empolgado em treinar o clube mais popular do país.
– Agradeço ao Flamengo pelo convite. Fiquei muito honrado pela transparência e organização. Desafio muito grande, mas ganhar no Flamengo deve ser uma coisa muito legal. Estou à disposição e com certeza vou colaborar com a diretoria. E vamos melhorar a parte de estrutura.
O treinador estava apalavrado desde o mês passado com o Flamengo, mas só teve seu nome confirmado na segunda-feira após o fim da apuração dos votos na Gávea, quando Eduardo Bandeira de Mello foi reeleito presidente. Muricy Ramalho assinou por dois anos com o Rubro-Negro.
– Não sou um cara inseguro, ao contrário. Estou muito seguro. Na minha carreira escolhi muito bem os lugares que trabalhei. Acho que fiz uma escolha muito correta. Contrato de dois anos que se pode estender. Você pode ver meu contrato e termino todos. Sou um cara que conquista. Devo ficar os dois anos e até um pouco mais – prosseguiu o treinador.
Muricy chegou pela manhã ao Rio de Janeiro e, antes de ser apresentado, foi conhecer o Centro de Treinamento Ninho do Urubu, em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio. Ele viu de perto a situação do local e afirmou que é preciso muitas melhorias.
– Estive agora à tarde no CT, porque acho importante aproveitar esses dias. Claro que falta muita coisa, mas tem um projeto inicial para janeiro que vai já estar melhor. E daqui um ano uma coisa definitiva. Não tem como no futebol depender da sorte. Tem que ver os números, quem está na frente e porque está na frente. É muito claro. Esse é o caminho. E aqui no Flamengo isso vai acontecer. Tenho um pouco de experiência e acredito na ideia do Flamengo.
O comandante tem 60 anos e é tetracampeão brasileiro (três com o São Paulo e uma com o Fluminense) e campeão da Libertadores com o Santos. Deixou o São Paulo no início deste ano, devido a um problema de saúde e aproveitou o período para estudar, inclusive na Espanha.
Outros trechos da entrevista coletiva de Muricy:
Atacantes
Guerrero e Cirino não podem ter esquecido de jogar. Às vezes faz parte de melhorar em todos os sentidos. A gente precisa saber e conversar com os jogadores, ver os números. Analisar e aí tentar corrigir. São jogadores muito importantes e que com certeza vão estar com a gente ano que vem.
Reencontro com Sheik
Sobre o Sheik, fomos campeões no Fluminense. Ele foi morar no prédio que eu morava há algum tempo. Uma mala. Fazia um barulho. Um cara que com certeza gosto de trabalhar, vencedor, tem personalidade e não pipoca. Na hora de treinar, dá a vida. É um cara que estou super feliz de trabalhar. É só ver o currículo dele. É fundamental no Flamengo.
“Férias” de oito meses
Acho que a gente vai ficando mais experiente. Sempre aprendendo no futebol e na vida. Acho que precisava parar um pouco e estudar o futebol. Tem que esperar o dia a dia e os jogos acontecerem. Acho que foi muito válido. Estou melhor, com certeza. Vê jogos, conversar com as pessoas.Eu estou invicto, oito meses sem perder um jogo (risos). Mas estou feliz, recuperado. É muito bom não trabalhar tanto. Fiquei quase 22 anos sem um período desses. Tem contratações, conversas, reuniões. Graças a deus saí um pouco da bolha. Estou renovado, com força e vontade.
Sobre Kaká
O Kaká é fora de série. É diferente, grande jogador. Sempre positivo e que comanda dentro do campo
Profissionalização
Gestão profissional. Isso não tem mais volta no futebol. Lá é pura profissionalização de tudo, e dá para fazer aqui. Unificar tudo. Todas as categorias. Unificar ideais de futebol e trabalhar com os professores de futebol da fase. Explicar o que é o Flamengo. Filosofia do clube. O técnico tem que se adaptar ao clube. Encontrar o técnico para se adequar ao clube. É uma ideia que conversei com o presidente e diretoria. Esse é o caminho, conversar com o pessoal da base, sem impor nada.
Base no Brasil
Isso é uma outra coisa que a gente erra demais no Brasil: a base. Não dá pra acreditar que no mirim vai mandar treinador embora. Não tem correção e nem filosofia de nada. Temos que fazer jogadores. Quero tentar implantar, sem forçar, e achar um modelo. São obrigados a fazer jogadores. Lá na base tem que ensinar isso. A gente erra muito nesse sentido. Até na base a gente demite treinador.
Estilo de jogo
Em relação a maneira de jogar, você tem as diferenças. Hoje você tem o controle de jogo, a famosa posse de bola. E a intensidade. Futebol hoje faz a transição rápida. Lá para trás era diferente. A bola parada tem que estar treinando. Fazer sempre. Vi umas deficiências de bola parada nos jogos que vi. Devo implantar alguma coisa.
Aqui é trabalho
Não é cartilha. Mas com certeza é o básico de um grande time que quer conquistar alguma coisa. São trabalhadores, disciplinados, comprometimento com a camisa, trabalhar muito e dar resultado. Você é cobrado pelo resultado. Não tem outra saída. O treinador é um cobrador de objetivo. Isso que vai ser cobrado.
Zico
Em relação ao Zico, é o jogador mais completo que vi jogar e joguei várias vezes contra. Admiração pelo homem. Um cara que a gente admira porque a gente tem que ter exemplos, pois temos poucos no país. Participei na campanha dele na Fifa, apesar de ser melhor na CBF. A gente sai pra jantar, é sempre um grande prazer. É diferente.
Fonte: GE
Faço minhas palavras as de muricy ” reforços tem que ser nível A senão nem adianta trazer “