Biocinética: conheça um dos métodos científicos utilizados pelo Flamengo

Um dos pontos positivos do Flamengo neste começo de pré-temporada está sendo o uso de métodos científicos para prevenir lesões e individualizar o treinamento de cada atleta. Apesar do futebol ser um esporte coletivo, tratar o Émerson com seus 37 anos da mesma forma do Jorge, 19 anos, não é o ideal.
Com o Dr. Tannure assumindo o lugar do Dr. Runco, o Flamengo mergulha fundo nas mais avançadas tecnologias à disposição no mercado mundial e, em parceria com a EXOS, começa uma pré-temporada, em termos físicos, fisiológicos e comportamentais de alto nível para o restante do ano.

Conversamos com o Dr. Gustavo Leporace, Diretor Técnico da Biocinética Fisioterapeuta, que realizou avaliação biocinética em 3D para correção de marcha e desequilíbrio muscular. Confira:

– Com surgiu essa parceria com o Flamengo?

O Dr Tannure nos procurou para conhecer o nosso serviço, pois ele atende diversos atletas em seu consultório que são acompanhados também aqui na Biocinética e se interessou com a possibilidade de reduzir o número de lesões nos jogadores do Flamengo durante a temporada. O Flamengo está revolucionando o futebol brasileiro esse ano, utilizando-se de diversas tecnologias nunca usadas anteriormente nacionalmente nos esportes de alte desempenho, porém rotineiramente utilizadas na Europa e em outros esportes, como na NBA e NFL.

– Foi realizada uma avaliação biocinética em 3D. Explique, por gentileza, como funciona essa avaliação e qual sua funcionalidade?

Trata-se de um mapeamento músculo-esquelético ideal para identificar alterações nos movimentos esportivos ou cotidianos, que estão relacionadas com maior risco de se lesionar durante a prática esportiva ou atividades do dia-a-dia. É realizada com equipamentos 3D de última geração para garantir uma precisão muito maior do que uma avaliação visual convencional. Estes testes avaliam e medem a funcionalidade do sistema músculo-esquelético, assim como um ecocardiograma avalia a funcionalidade do coração, o eletroencefalograma mede a funcionalidade cerebral etc …

Principais funcionalidades:

· Identificar principais fatores correlacionados às disfunções ortopédicas dolorosas como as tendinopatias, condropatias, artralgias, distúrbios fêmoro-patelares, cervicalgia, dorsalgia, lombalgia etc para identificar suas causas biomecânicas e  adequar o  tratamento clínico e de reabilitação.

· Avaliação funcional para o planejamento cirúrgico, de grande valia para analisar instabilidades articulares do joelho como LCA, LCP, canto póstero-lateral/medial, lesões em manguito dos rotadores e/ou acrômio-clavicular, capsulite adesiva, impacto fêmoro-acetabular (IFA), osteoartroses de quadril, joelho, tornozelo, ombro, cotovelo etc.

· Identificar potenciais riscos de lesão durante atividades físicas em nível profissional ou recreativo.

· Estabelecer o status funcional dos seniores e o seu risco de queda, descrevendo as principais disfunções relacionadas para permitir um tratamento objetivo.

– É comum dizer que futebol não é uma ciência exata e muito torcedor olha com desconfiança esses métodos científicos. Mas isso está mudando no meio do futebol e já virou realidade para os principais clubes do mundo?

Nada no corpo humano é uma ciência exata e o futebol está incluso nisso. A utilização de métodos comprovados cientificamente aumenta a chance de se obter sucesso em qualquer área, visto que a ciência é regida com a probabilidade de um evento acontecer e quando o método é comprovado com artigos científicos, é possível dizer que a probabilidade de dar certo é maior do que no “achômetro” ou na “experiência do treinador”. O grande problema que denigre a imagem de métodos científicos é que picaretas justificam o uso de diversas tecnologias falando que é comprovado cientificamente, porém não são. Tentam vender produtos e serviços com essa falácia e não mostram de onde veio a comprovação científica. Nosso trabalho aqui na Biocinética é pautado em diversas publicações científicas internacionais e de nosso próprio grupo de pesquisa, que já é atuante há mais de 10 anos, além e termos diversos cases de sucessos com atletas de nível Olímpico.

Antigamente, quando o futebol era baseado somente no talento individual, o Brasil possuía grande sucesso e conseguia ganhar diversos títulos, seja por clubes ou por seleção. No entanto, o futebol mudou e evoluiu, os clubes e seleções europeias estão investindo cada vez mais em soluções altamente tecnológicas para conseguir superar os déficits técnicos e aumentar seu desempenho, conseguindo com grande eficiência como é o caso da Alemanha nos últimos anos. Infelizmente o Brasil ficou para trás devido a posturas retrógradas dos dirigentes e comissões técnicas e o Flamengo deu um passo à frente para mudar isso o mais rápido possível.

– Após essa avaliação, qual o próximo passo? É montar um treinamento específico, aumentar uma recuperação muscular para aquele jogador que tem uma maior probabilidade de contusão? Como funciona a partir de agora?

Todos os resultados dos exames foram discutidos individualmente com a comissão técnica e médica para identificar quais atletas possuíam maior risco de se lesionar durante a temporada, prescrevendo, por conseguinte, treinamentos altamente individualizados e eficazes para alguma musculatura. O treinamento fica focado nas necessidades de cada atleta, sem fazer treinos desnecessários que só cansam os jogadores e não trazem benefícios em desempenho.

– Essa avaliação é contínua ou será apenas para este começo de temporada? 

Durante a temporada os jogadores continuarão sendo avaliados para identificação de possíveis déficits musculares surgidos pela fadiga no decorrer da temporada.

 – Em porcentagem. Com esse tipo de programa, quanto de melhoria vocês costumam ter após a execução desse tipo de avaliação?

As evidências científicas apontam que é possível reduzir o número de lesões em cerca de 30% a 50% durante a temporada caso os déficits identificados sejam resolvidos. A UEFA tem mapeados os principais critérios de sucesso dos grandes clubes europeus nas ligas nacionais e internacionais e os clubes que ganharam mais títulos nas últimas temporadas foram aqueles que tiveram os menores índices de lesões durante a temporada. Logo, se o Flamengo conseguir reduzir o número de jogadores lesionados, a chance de sucesso aumenta exponencialmente.

André Amaral
Fonte: Ninho da Nação
Coluna do Flamengo

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