Se a viagem de Bauru para o Rio de Janeiro começou turbulenta e com extravio de bagagem, a volta para o interior paulista vai ser ainda desgastante. Se os uniformes chegaram mais de 10 horas depois da delegação, o basquete do atual campeão da Liga das Américas sequer aterrissou no ginásio do Tijuca. Já o do Flamengo sobrou nesta quarta-feira. Com um jogo coletivo afiado, o tricampeão nacional só teve trabalho no primeiro quarto para dar as boas-vindas com vitória ao estreante Ronald Ramon. Se não chegou a ser brilhante nos quase 19 minutos em que esteve em quadra, o ala-armador dominicano contribuiu com oito pontos, três rebotes e duas assistências na vitória por 85 a 69 (57 a 30). No fim, os próprios jogadores puxaram o grito de “Isso aqui não é Vasco, isso aqui é Flamengo”.
– Acredito que foi nossa melhor atuação. O time conseguiu fazer tudo que a gente planejou, jogou coletivamente, teve uma defesa muito forte, mas já passou. Para esse momento do campeonato e para o adversário que o Flamengo jogou, estou satisfeito, mas não podemos nos contentar com isso. Estamos preparando e montando esse time com uma motivação muito maior do que ganhar o Bauru – disse o técnico do Flamengo José Neto.
O JOGO
O clássico teve um início eletrizante e cheio de alternativas. A começar pela formação do Flamengo. Com Marcelinho no lugar de Marquinhos – o ala teve febre domingo e segunda-feira e chegou a ser dúvida -, os donos da casa entraram em quadra meio sonolento. Já Alex Garcia não. Com uma cravada sensacional do camisa 10, Bauru pulou na frente e dominou os primeiros minutos. Mas a vantagem paulista durou pouco. Embalado pelo público que lotou o ginásio do Tijuca, o atual tricampeão reagiu e virou o marcador. Mas a partida continuava pegada e lá e cá, e o empate por 17 a 17 ao fim do primeiro período acabou sendo o resultado mais justo.
O Flamengo voltou com um quinteto modificado – Gegê, o estreante Ronald Ramon, Marquinhos, JP Batista e Rafael Mineiro -. E com a mudança, um começo avassalador. Em menos de cinco minutos, uma corrida de 16 a 0 e o jogo que era disputado ponto a ponto escapou. Demétrius trocou, pediu tempo, mas nada foi capaz de brecar o ímpeto e a pontaria rubro-negra. Independentemente de quem chutava, a bola caía. E foi nessa toada que a diferença chegou a 19 pontos com uma bola de três de Ramon, com pouco menos da metade do período por jogar. Bauru ainda esboçou uma reação com uma sequência de sete seguidos e diminuiu o prejuízo para 12, mas uma bola de três de Rafa Luz e outra de dois de Meyinsse selaram a vantagem de 17 antes do intervalo.
Mesmo sem a energia totalmente restabelecida – os 20 segundo finais do primeiro tempo foram jogados com parte dos refletores apagados -, o Flamengo voltou aceso e aumentou a diferença para 19 com dois lances livres de Olivinha. Enquanto isso, Alex seguia descalibrado no fundamento. Foram sete erros em nove arremessos tentados. Se o volume ofensivo rubro-negro era maior, a rotatividade também. Mesmo com as muitas mudanças feitas por Neto, o ritmo e a qualidade não caiam. Tampouco a diferença. O máximo que Bauru foi diminuir para 12. Mas Jason Robinson com uma bola de três e uma de dois seguidas tratou de aumentar para 17 novamente. Mineiro ainda fez mais dois, e o terceiro quarto terminou praticamente do mesmo jeito que começou.
Apesar da larga vantagem, o Flamengo entrou para jogar os 10 minutos finais com o mesmo apetite dos três quartos anteriores. A equipe paulista era valente e até lutava, mas com o passar do tempo era quase impossível não deixar a apatia tomar conta do elenco. Sem qualquer poder de reação, restou ao vice campeão nacional assistir mais uma vez o campeão passear em quadra.
PONTUAÇÕES
FLAMENGO: Marquinhos (13), Rafa Luz (11), Meyinsse (11), JP Batista (11), Robinson (10), Ronald Ramon (8), Gegê (8), Olivinha (6), Rafael Mineiro (4) e Marcelinho (3). Técnico: José Neto
BAURU: Hettsheimeir (18), Ricardo Fischer (16), Paulinho Boracini (10), Alex (6), Jefferson (5), Robert Day (4), Léo Meindl (4), Labbate (4) e Léo (2). Técnico: Demétrius Ferraciú.
Fonte: GE