Primeira Liga comemora fim da ‘guerra’ contra a CBF

A autorização por parte da CBF para a realização da Primeira Liga em 2016 foi, na opinião dos clubes e federações envolvidos, uma boa solução. Nos clubes, a autorização da CBF também foi bem recebida. Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, definiu o momento atual como de paz, harmonia, e afirmou que quem ganha com isso é o futebol brasileiro.

– É uma decisão sensata. A rodada de ontem da Primeira Liga e a rodada de hoje é uma demonstração do sucesso da competição. E ficou tão evidente que a CBF não pode se colocar contra isso. O momento agora é de paz, de harmonia, já que nós conseguimos o objetivo alcançado mostrando que o torneio é bem organizado e que as datas não vão atrapalhar os outros campeonatos. E a CBF já está nos convocando para uma reunião para a gente definir tudo sobre a realização do torneio em 2017. Isso é uma vitória do futebol brasileiro.

Para Delfim Peixoto, vice-presidente da entidade e um dos defensores da Primeira Liga, um dos fatores que motivaram a decisão foi o sucesso da rodada de abertura.

– Repercutiu muito (a abertura). A imprensa apoiando, as redes sociais, os torcedores elogiando muito a abertura, vários torcedores também do Botafogo e do Vasco dizendo que suas diretorias deveriam entrar na Liga. Juntando tudo, houve uma pressão.

Delfim conta também como ficou sabendo da solução.

– Hoje pela manhã recebi uma ligação do Walter Feldman (secretário-geral da CBF), que é o único que tem um pouco de sensibilidade política por lá. E a parte agora é evidentemente política, porque aquela posição da CBF era política. Então me ligou, disse que precisávamos conversar, aparar as arestas, conseguir que não houvesse nenhuma animosidade entre as partes. Eu falei a ele que da nossa parte não queríamos confusão, queríamos a realização da competição e que iríamos até o final. Ele então falou em consenso, usou termos políticos para uma conciliação. Falei para ligar para o Gilvan, que é o presidente da Liga e que também tem uma sensibilidade política. No fim da tarde, recebi uma ligação de Minas dizendo que a CBF aprovaria a Liga, lógico que a gente respeitando as normas jurídicas, o que já estamos fazendo.

Outros presidentes de federações se mostraram felizes com o desfecho da situação, sempre em tom conciliador.

– Não tinha porque ocorrer o enfrentamento. As federações e a CBF existem para não atrapalhar o futebol. Pelo contrário. Estamos para ajudar. O que precisa prevalecer é o bom senso, e foi o que ocorreu. Será bom para todos. Ninguém sai perdedor – declarou Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).

O Fluminense se limitou a dizer através de assessoria que considera a medida “positiva”. Diretor-executivo do Flamengo e da Primeira Liga, Fred Luz também afirmou que é uma decisão acertada da CBF e que a ideia sempre foi trabalhar em harmonia.

– A CBF ao longo desse tempo todo nunca foi opositora radical à realização da Liga. Ficamos felizes com essa decisão. Nossa ideia sempre foi trabalhar em harmonia, é o melhor caminho, o que sempre buscamos. Por outro lado os clubes desejam sim ter calendário melhor no primeiro quadrimestre. Melhor esportivamente, melhor comercialmente, o que não necessariamente exclui os estaduais. Não tem esse conflito. A Copa do Nordeste é a inspiração para a Liga Sul-Minas-Rio, eles harmonizaram a competição com os estaduais. É uma decisão acertada da CBF, os clubes têm que participar e ser mais ouvidos.

Eduardo Carlezzo, diretor jurídico da Primeira Liga, festejou a vitória após meses de negociações:

– Os clubes tiveram hoje a maior vitória da história do futebol brasileiro. O futebol venceu!

O presidente do Internacional, Vitorio Piffero, também comemorou:

– A CBF pensou nos clubes. Isso é muito positivo. Nunca pedimos o conflito. Nem a CBF queria. Que bom que a coisa se resolveu, como estava previsto. São jogos preparatórios para o calendário do ano que vem.

A postura é semelhante à de Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio.

– Acho que imperou o bom senso, na verdade houve uma avaliação positiva de que não haveria por quê coibir a iniciativa de clubes.

O presidente da Federação do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, foi procurado pelo GloboEsporte.com, mas não se pronunciou sobre o tema. Mais tarde, soube-se que ele teve um mal súbito e está internado em uma clínica no Rio de Janeiro. Walter Feldman, secretário-geral da CBF, descreveu a conversa que teve com Rubinho anteriormente.

– O mais importante é que o Rio é uma região estratégica para o futebol brasileiro, a ampliação das tensões prejudica o futebol. A gente tem mania de procurar quem ganhou, quem perdeu. O futebol ia perder. Não estamos no momento de o futebol perder. Prejudicaria todo mundo, com consequências que a gente não tem ideia. O Rubinho foi muito importante. Foi muito bom, conversamos educadamente e com a compreensão de que temos de superar essa fase. Não pode uma disputa, um conflito, prejudicar o futebol carioca como um todo. Na hora que se entra numa guerra, não se sabe as consequências. Antes que isso acontecesse, houve muita sensatez.

Fonte: GE