“Time titular? Os 11 ideais? Esqueça! O mais importante na pré-temporada é o modelo de jogo”

A pré-temporada é fundamental para condicionar jogadores, montar o elenco e injetar os conceitos do técnico no grupo. Estratégia, lesão e crescimento dos reservas podem mudar o time-base. Alguns saem, outros chegam e a escalação vira uma busca por uma estabilidade que não existe, mas que é pensada, planejada e treinada sob uma ideia: o modelo de jogo.

De forma resumida, o modelo de jogo é um conjunto de regras e comportamentos que a equipe deve seguir. É um molde, um formato a ser cumprido no jogo. Como o time defende? Como o time ataca? Os laterais devem avançar ou ficar? O camisa 10 recua para buscar o jogo ou são os volantes que fazem essa função?

É claro que existe o talento, e todo jogador têm uma preferência, algo que faz em campo com uma taxa de erro menor. Mas muito do que o jogador faz, ou melhor, muito do que ele joga vem do treino. Quando a equipe possui um modelo de jogo sólido, o jogador tem comportamentos definidos dentro do coletivo. Resultado? Menos erros e mais vitórias.

Rodriguinho retornou ao Corinthians com muita desconfiança, mas em poucos jogos foi bem na ausência de Elias. Motivo? Um modelo de jogo sólido que definia muito bem os movimentos do jogador – ele recuava para buscar o jogo de Ralf na saída, avançava até pisar na área no ataque, retornava formando uma linha na defesa. Comportamento pensado e treinado dentro de uma ideia – e vale lembrar que modelo de jogo não tem NADA a ver com esquema tático, mas isso é assunto pra outro texto.

O modelo de jogo está acima do jogador – e determina, em muitas vezes, o sucesso e fracasso dele. Mas isso não significa que o modelo “inibe” a individualidade. É o contrário.

Messi, que acabou de ganhar sua 5º Bola de Ouro, obedece um modelo de jogo muito definido no Barcelona. Atuando como ponta direita, ele tem funções táticas rígidas – deve sair do lado e procurar o centro para servir ou para finalizar. Um movimento coordenado que facilita a já conhecida magia do 10 blaugrana – a bola colada no pé, a agilidade do pensamento e o drible curto. É talento, facilitado e potencializado pelo coletivo.

A pré-temporada é a época onde essa ideia é salientada, no dia-a-dia, nos treinos e no contato com os jogadores. Um grupo de 3 jogadores que treina desde janeiro sob os mesmos conceitos terá muito mais conteúdo assimilado em abril, comparando com um time que acabou de estreiar alguns jogadores. Viu como o tal dos “titulares” não significa nada?

Isso explica também o porquê dos últimos 5 campeões brasileiros terem técnicos há mais de 1 ano no cargo quando venceram – tempo de treino e convívio pra consolidar o modelo de jogo. O mantra da continuidade não é coisa de modinha.

Claro que é difícil segurar a ansiedade. E a busca pelo furo de reportagem só bota lenha na fogueira. Mas calma – de nada adianta imaginar os titulares e fazer campinhos com os 11 ideias do seu time. É hora de entender o modelo de jogo – ele vai ser muito importante ao longo do ano.

Fonte: Painel Tático / GE

 

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • Ótimo texto! Em tempos de jornalismo ruim, raso e muitas vezes mais interessado em criar polêmicas, artigos assim merecem o reconhecimento.

    • To contigo na opinião do texto e acrescentando algo: paciência é a chave para um bom trabalho!

      • Paciência que o Flamengo precisa desenvolver. E não só quem está no clube, nós torcedores também temos um papel fundamental nisso.

    • GRUPO DE WHATSAPP DO FLAMENGO PRA TROCA DE INFORMAÇOES E NOTÍCIAS!

      INTERESSADOS É SÓ ME ADD.
      19 98900-9077 Fabrício.

  • Ótimo texto. O momento é de criar e consolidar o modelo e padrão tático do tipo. Sabemos que temos um ou dois jogadores por chegar para assumir a posição de titular na zaga e primeiro volante. Lollo e Díaz? Se sim, será ótimo e elevarão ainda mais o nível técnico do time.
    Logo, paciência, já que no gol, laterais e do segundo volante em diante até o ataque, neste momento, o elenco já estaria fechado. Portanto, nada mais justo do que treinar e buscar a melhor formação e esquema. Se vai ser o Márcio Araújo e Wallace agora, não importa, o importante é ter o tal modelo definido com base no grupo atual. Isto definido, temos o coletivo formado e sincronizado, o encaixe de novas peças com maior capacidade técnica será mais facilitado e tornará naturalmente o time mais forte.
    Hoje saímos assim:
    Paulo Victor, Rodinei, Juan, Wallace e Jorge, Márcio Araújo, William Arão, Alan Patrick, Sheik, Éverton e Guerrero.
    Amanhã quem sabe com:
    Muralha ou PV, Rodinei, Juan, Lollo, Jorge, Díaz, William Arão, Alan Patrick, Mancuello, Ederson e Guerrero.

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