Centroavante do Flamengo teve o apoio dos pais, irmãos, padrinhos e de um primo na decisão da Copa São Paulo de Juniores contra o Corinthians, no Pacaembu
Marco Vizeu, ex-dono de uma concessionária de veículos, hoje é mais um pai que segue e vive o sonho do filho de ser jogador de futebol. Mudou-se para o Rio de Janeiro com a família há um ano, para dar suporte a Felipe, camisa 9 dos juniores do Flamengo. E viveu, no dia 25 de janeiro, duas emoções fortes e opostas. A tristeza de perder o pai, Arlindo do Carmo, às 5h da manhã, contrastou com a alegria de ver o primogênito ser campeão da Copa São Paulo de Juniores e eleito o melhor jogador da competição pela Federação Paulista.
Felipe, 18 anos, jogou sem saber que o avô havia falecido. Entrou em campo apenas preocupado em vencer a marcação dos zagueiros corintianos. Lutou, correu, ganhou, perdeu. Saiu sem fazer gols, mas com o tíulo. Efusivamente comemorado dentro de campo por ele e pelos colegas de time. Efusivamente comemorado fora de campo pelo pai no Tobogã do Pacaembu. A alegria proporcionada pela vitória aproxima jogadores de torcedores no fim.
– Queríamos deixá-lo concentrado para o jogo. Por isso, não contamos nada a ele, e vamos falar apenas depois da partida – disse Marco.
Trata-se de uma família de jogadores. Arlindo, falecido, foi, segundo ele, um dos melhores jogadores da cidade de Três Rios, terra natal da família. E era um dos principais incentivadores de Felipe. Ele mesmo tentou a sorte também, ambos como centroavante, mesma posição do camisa 9 do Rubro-Negro, que tem várias referências no ofício de fazer gols. Desde Guerrero, passando por Alecsandro, que o ensinou a cabecear, e Fred, o rival, pela característica. No exterior, Benzema, do Real Madrid, e Lewandowski, do Bayern de Munique, também são admirados por Felipe.
Junto com o pai, vieram também a mãe, Luciana, e os irmãos. Igor, 20 anos, é estudante de direito e tirou a camisa para torcer, gesto motivado também pelo forte calor que castigava o Pacaembu. Kayky, 11, fez justamente o contrário: agarrou-se na bandeira do Rubro Negro, time pelo qual a família torcia antes mesmo de Felipe Vizeu deixar o América-MG em 2013, rumo ao Ninho do Urubu. Ruan, o primo, juntava as mãos, pensava em tudo o que podia acontecer no jogo. Os padrinhos, do atacante, que também marcaram presença, torciam de maneira mais comedida.
Marco, atrás dos filhos, não era muito de fazer festa. Atento, observava os detalhes do jogo, fazia comentários sobre o time do Corinthians, criticava duramente a arbitragem.
– Acabei de saber que o gol do Paquetá foi legal. Estamos sendo roubados aqui, é tudo para o Corinthians, desde as faltinhas até esse tipo de lance – disse, em determinado momento do segundo tempo com o jogo já empatado.
Antes, nunca perdeu a fé. Mesmo com o Flamengo perdendo por 2 a 0 no intervalo, acreditava na reação, que passou de improvável a real menos de dez minutos depois do início do segundo tempo, com os gols de Trindade e Matheus Sávio.
O irmão, Igor, chegou a temer pelo pior.
– Eu não achava que ia empatar, para ser sincero, mas foi tudo tão rápido e agora estamos no jogo de novo – disse, durante a partida.
As emoções e expressões se alteravam de acordo com o que acontecia no jogo. Medo, apreensão, esperança de que Felipe Vizeu marcasse o terceiro gol no tempo normal. Até o fim. Acabou não acontecendo.
Nos pênaltis, os sentimentos novamente se alternaram. Alegria desmedida a cada gol do Flamengo ou defesa de Thiago. Apreensão a cada gol corintiano ou defesa de Filipe. Até o êxtase completo, após a cobrança de Patrick que selou o título rubro-negro. Ajoelhou-se, foi abraçado pelos amigos, e quando se recuperou, teve forças para falar do filho.
– Ele é um menino muito focado, lutou demais para estar aqui, e a gente viveu essa luta. Ainda é só o começo, há muita coisa pela frente – disse, ainda emocionado.
Fonte: GE
Esses meninos da base são guerreiros